Bem Vinda ao Paraíso.

185 18 3
                                    


2017

Carina parou sua bicicleta em frente à grande casa branca dos Bishop e andou até a varanda. Ela nunca batia à porta quando os visitava, então subiu aos saltos a escada e abriu a porta de tela. A cena que encontrou a deixou em choque. A mesa de centro de vidro da sala de estar estava destruída, o carpete respingado de sangue. Havia cadeiras e almofadas espalhadas por toda parte. Melissa e Jack estavam enroscados no sofá, no meio da sala. Melissa soluçava. Carina ficou parada, boquiaberta de pavor.

– O que aconteceu?

– Maya – respondeu Jack.

– Maya? Ela está ferida?

– Ela está bem! – disse Melissa, rindo de forma quase histérica. – Está em casa há menos de 24 horas e já brigou com papai, fez mamãe chorar duas vezes e mandou Mason para o hospital. – Jack continuava afagando as costas da namorada para consolá-la, com o rosto sério. Carina arquejou de espanto.

– Por quê?

– Sei lá! Ninguém nunca sabe o que acontece com Maya. Ela começou a discutir com papai, então mamãe se meteu no meio dos dois e ela a empurrou. Mason disse que, se ela voltasse a encostar um dedo nela, a mataria. Então Maya lhe deu um soco e quebrou o nariz dele.

Carina baixou os olhos para os cacos de vidro manchados de sangue no carpete. Havia um monte de biscoitos esmigalhados em meio ao vidro, junto com os pedaços do que pareciam ter sido duas xícaras de café.

– E isto aqui? – perguntou ela, apontando para aquela bagunça.

– Maya empurrou Mason e ele caiu em cima da mesa de centro. Mason e papai estão no hospital, mamãe está trancada no quarto e eu vou passar a noite na casa de Jack. – Melissa começou a arrastar o namorado em direção à porta. Carina ficou onde estava, incapaz de se mover.

– Talvez seja melhor eu tentar falar com a sua mãe.

– Não posso ficar nem mais um minuto nesta casa. Minha família acabou de ser destruída. – Com essas palavras, Melissa fugiu com Jack.

Carina pretendia subir as escadas para falar com Katherine, mas ouviu um barulho vindo da cozinha, então seguiu para os fundos da casa, na ponta dos pés. A porta estava aberta e ela pôde ver alguém sentado na varanda, levando uma garrafa de cerveja aos lábios. Os cabelos louros brilharam sob a luz do sol poente. Carina a reconheceu das fotografias de Melissa. Antes que tivesse tempo de pensar melhor, seus pés atravessaram a porta e ela se sentou numa espreguiçadeira, a certa distância dela, os joelhos recolhidos debaixo do queixo. Carina abraçou as próprias pernas e olhou para ela. Maya a ignorou. Carina analisou sua silhueta, na esperança de gravar aquela visão em sua memória. Ela era muito mais bonita pessoalmente. Observou seus olhos azuis e injetados, impressionantes debaixo das sobrancelhas castanhas. Seu olhar pousou sobre os lábios finos e rosados dela, levou seu olhar até suas mãos reparando com relutância, em direção aos ferimentos. Maya tinha cortes e sangue na mão direita e um hematoma na face esquerda. O punho de Mason tinha deixado sua marca, mas, surpreendentemente, Maya continuava consciente.

– Você está um pouco atrasada para o show das seis. Acabou há meia hora. – A voz dela era suave e quase tão agradável quanto seus traços. Carina pensou por um instante como seria ouvir aquela voz dizer seu nome. Ela estremeceu. – Tem um cobertor bem aqui – disse Maya sem olhar para Carina, afagando um grande cobertor de lã xadrez amontoado perto dela.

HEALOnde histórias criam vida. Descubra agora