A Descida para o Inferno é Fácil.

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Ela estava tão concentrada em Maya que não notou um homem parado no corredor. Esbarrou nele e foi jogada para trás, caindo perigosamente em direção ao chão. Por sorte, ele conseguiu segurá-la.

– Obrigada – murmurou ela, erguendo os olhos para o rosto de Bobby, o segurança, que parecia achar graça da situação.

– De nada – disse ele, soltando-a imediatamente.

– Estava procurando o banheiro. – Ele apontou com seu celular.

– Fica para o outro lado. – Então, voltando ao texto que estava escrevendo antes da trombada, ele praguejou: – Droga.

– Quebrei alguma coisa? – Bobby balançou a cabeça.

– Não, só estou tendo... problemas com um torpedo. – Carina abriu um sorriso simpático.
– Sinto muito.

– Eu também. – Ele a avaliou com o olhar. – Estou impressionado. Bishop nunca costuma chegar com mulheres.

– Por que não? – Bobby deu uma risada sarcástica.

– Está falando sério? Olhe à sua volta. Quantos casais você acha que chegaram juntos aqui?

– Ah... – exclamou ela. – Ela vem muito aqui? – Bobby a estudou com cautela, perguntando-se quanto deveria revelar.

– Acho que você deveria perguntar isso a ela. – Carina pareceu enojada. Quando Bobby viu sua expressão, tentou tranquilizá-la. – Ei, ela veio com você hoje. Isso quer dizer alguma coisa, não? – Ela olhou para as mãos e brincou com as próprias unhas.

– Hum... ela não está exatamente comigo. Na verdade, sou só uma amiga da irmã dela. – Ela parecia triste, com aqueles olhos castanhos enormes e o lábio trêmulo. Bobby tentou pensar em algo para distraí-la.

– Carina, você por acaso não falaria italiano, falaria? – Ela sorriu.

– Pode me chamar de Cari. E, sim, falo. Estudo italiano na universidade. – O rosto de Bobby se iluminou.

– Pode me ajudar a escrever um torpedo para a minha namorada? Ela é italiana. Queria impressioná-la.

– O italiano de Maya é melhor do que o meu. É melhor pedir a ela.

– Está brincando? Eu quero a Sra. Bishop bem longe da minha garota. Já vi como as mulheres reagem a ela. Só faltam se atirar para cima dela. – Carina voltou a se sentir enojada, mas afastou sua repulsa.

– Claro, posso traduzir o que você quiser.

Bobby lhe entregou o celular e ela começou a digitar as palavras em italiano. Riu baixinho ao ouvir algumas das frases mais íntimas, mas, no geral, ficou impressionada com Bobby, que, apesar da aparência durona e rude, se importava o suficiente com a namorada para lhe dizer o quanto a amava e garantir a ela que estava mantendo distância das mulheres do Lobby. Já estava acabando de digitar quando alguém surgiu atrás deles e pigarreou. Carina se virou e deparou com um conhecido par de olhos âmbar zangados.

– Sra. Bishop – falou o segurança.

– Bobby – rosnou Maya.

Carina não teve certeza se ouvira bem. Parecia que Maya tinha produzido um rosnado grave no peito, como um animal, mas isso era impossível. Carina pressionou a tecla "Enviar" no celular e o entregou de volta a Bobby.

– Prontinho. Mensagem enviada.

– Obrigado, Cari. Vou mandar uma bebida para você. – Bobby meneou a cabeça para Maya e desapareceu numa curva do corredor. Carina começou a andar em direção ao banheiro.

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