Quero sentir o seu gosto.

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Bem cedo na manhã de Natal, Maya estava sentada na cama de calcinha e óculos, indecisa quanto a se deveria ou não acordar Carina. Poderia ter voltado à sala de estar da suíte, onde apenas uma hora antes havia bancado o Papai Noel. Mas preferia estar perto dela, mesmo no escuro.

A conversa que tivera com Lane no dia anterior a atormentava. O pai adotivo lhe perguntara sobre Margot e ela lhe contara o máximo que tivera coragem, frisando que Margot era passado e que seu futuro era com Carina. Lane, que era um homem compassivo, convenceu a filha a condicionar o acesso de Margot a seu fundo fiduciário a um acompanhamento profissional, indicando que ela claramente precisava de ajuda.

Assim que Maya concordou, Lane mudou de assunto com tranquilidade, passando a falar de Carina e perguntando se Maya estava apaixonada por ela. Bishop respondeu que sim sem hesitar e então Lane começou a falar de responsabilidade.

– Estou me responsabilizando por ela.

– Ela ainda é estudante. E se descobrirem? – A expressão de Maya endureceu.

– Isso não vai acontecer. – Lane sorriu. – Já provei que sou mais do que capaz de arcar com minhas responsabilidades – disse com voz fria.

Seu pai recostou-se na cadeira, fazendo um triângulo com as mãos, pensativo.

– Carina se parece com Katherine em vários sentidos... especialmente no que diz respeito à tendência a se sacrificar por aqueles que ama.

– Não vou permitir que ela sacrifique seus sonhos por minha causa. Pode ficar tranquilo quanto a isso.

Lane lançou um breve olhar para a foto de Katherine que ele sempre mantinha em cima da mesa, uma mulher sorridente com olhos bondosos.

– Como Carina reagiu à visita de Margot?

– Ainda não conversei com ela sobre isso.

– Se você abandonar Carina, vai ter sérios problemas com seus irmãos e comigo. – As sobrancelhas de Maya se uniram como duas nuvens carregadas.

– Eu jamais a abandonaria. Não conseguiria viver sem Carina.

– Então por que não diz isso a ela?

– Porque só estamos juntas há duas semanas.

Lane arqueou as sobrancelhas, surpreso, mas decidiu não interrogar a filha sobre a ambiguidade semântica da expressão "estar juntas".

– Você sabe o que penso a respeito disso. Deveria se casar com ela. No momento, parece que está com Carina sob falsos pretextos. Suas atitudes indicam que ela não passa de uma transa, quando na verdade suas intenções são sérias.

Maya ficou indignada ao ver o relacionamento delas caracterizado daquela forma.

– Carina não é minha amante.

– Mas você se recusa a assumir um compromisso com ela.

– Eu estou comprometida com ela. Não há mais ninguém.

– Mas aí Margot aparece atrás de você e faz uma cena na frente de Carina e da sua família.

– Não tenho controle sobre isso – rebateu Maya, irritada.

– Não mesmo? – Lane apertou os lábios. – Não posso acreditar que uma mulher tão inteligente quanto Margot apareceria aqui sem alguma esperança de que as investidas dela pudessem surtir efeito. – Maya fez uma careta, mas não se deu o trabalho de discutir. – Por que não se compromete com Carina? Aposto que ela está ansiosa para saber o que o futuro lhe reserva. Em parte, o sacramento do matrimônio existe para proteger as mulheres da exploração sexual. Se você a priva dessa proteção, então ela não passa de uma amante, independentemente de como você a chame. E já viu o que aconteceu, o que está acontecendo, com Margot.

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