Maya Minha Maya

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– Posso contar o que aconteceu no funeral? Mandei flores com um cartão e Maya as viu, mas não sabia por que eu tinha enviado.

– Eu sabia. Vi as gardênias e Mason me disseram que eram suas, mas o cartão sumiu antes que eu tivesse uma oportunidade de explicar para Maya. Eu estava arrasado. Meus irmãos estavam brigando e tentaram mantê-los separados antes que alguém acabasse sendo jogado pela janela. Ou contra a malha do centro. – Carina pensou em vidro estilhaçado e sangue num carpete branco e estremeceu.

– Por que eles estão sempre brigando? –Melissa suspirou.

– Não era assim antes. Maya mudou depois que foi para Harvard... – A voz dela foi sumindo aos poucos, misteriosamente. Carina não se sentiu à vontade para pressioná-la, então continuamente calada. – Como você sabe, Maya ficou anos sem voltar para casa depois da briga com Mason e, quando começou a ir lá de novo, ficou poucos dias. Insistia em dormir num hotel, o que deixava a mamãe de coração partido. Mason não deixou Maya esquecer as coisas que ela tinha feito mamãe passar. – Melissa comeu outra trufa, pensativa. – Mason admirava Maya. Ficou muito magoado quando as coisas entre eles desandaram. Hoje em dia, mal se fala e, quando se fala... – Ela estremeceu. – Não sei o que teria sido de mim sem Jack. Provavelmente teria fugido, e para nunca mais voltar.

– Uma família problemática é melhor que não ter família – disse Carina com brandura. Melissa pareceu ficar triste.

– Bem, é isso que estamos agora. Nós éramos uma família Bispo... agora, somos uma família problemática. Uma mãe morta, um pai devastado pelo sofrimento, uma ovelha negra de temperamento explosivo e um irmão de cabeça dura chamado Mason. E eu.

– Mason tem namorada?

– Ele estava saindo com uma mulher do trabalho, mas eles terminaram um pouco antes da mamãe ficar doente.

– Sinto muito. –Melissa suspirou.

– Depois que a mamãe morreu, tudo virou um caos. Papai está falando em se aposentar e vender a casa. Quer se mudar para San Diego para ficar mais perto de mim e de Mason.

Quando perguntei a Maya se ela se importava que a casa fosse vendida, minha irmã surtou e se embrenhou no bosque. Só voltamos a ver as horas depois. – Carina respirou fundo e começou a mexer na bolsa nova.

Melissa colocou a xícara sobre a mesa de carteado e foi ao banheiro, por isso não notou que alguma coisa que dissera havia perturbado profundamente a amiga. Quando ela voltou, Carina já havia se acalmado, graças a um esforço especial, e estava despejando mais água quente no bule de chá. Melissa fitou a amiga com um olhar preocupado.

– Quando irei mudar para San Diego?

– Antes do casamento. Jack já tem uma casa à vista e Mason logo será promovido, por isso terá que morar por lá.

– Fico feliz que seu pai queira ficar mais próximo de vocês. – Melissa sorriu, mas logo um olhar sério poderia contar de sua expressão.

– O que Maya disse quando estava dançando para deixar você tão incomodada? Aliás, meu espanhol está bem enferrujado, mas "Besame Mucho" é uma canção muito sexy! Você prestou atenção na letra? – Carina se concentrou no chá e se esforçou ao máximo para não ficar ofegante. Ela sabia que estava prestes a mentir para Melissa e essa não era uma decisão fácil.

– A única coisa sobre o que conversamos foi o fato de ela saber que eu sou virgem.

– Que babaca! Por que ela faz esse tipo de coisa? – Melissa balançou a cabeça. – Ah, mas ela vai me pagar. Ela tem umas fotos no quarto e eu vou...

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