Eu sou sua. Completamente sua.

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No decorrer do semestre, Carina se viu pressionada a terminar sua dissertação, com Miranda Bailey instigando-a a entregar os capítulos cada vez mais depressa. Assim seria mais fácil ressaltar os pontos fortes dela para Marion Bowles, a chefe do Departamento de Literatura e Línguas Românicas em Harvard, caso ela respondesse à sua carta de referência. Carina não conseguia se concentrar quando Maya estava por perto.

Com voz suave tentou explicar a ela que algo em seus olhos faiscantes, em seu furor sexual e na química entre elas a impedia de se manter focada no que devia fazer. Maya ficou muito lisonjeada. Então o casal chegou a um acordo: elas se telefonariam, trocariam torpedos e e-mails, mas, com exceção de um almoço ou jantar durante a semana, Carina ficaria em sua quitinete.

Na tarde de sexta, iria para o apartamento de Maya, passar o fim de semana com ela. Uma bela noite de quarta-feira em meados de janeiro, Carina telefonou para Maya depois de terminar as tarefas do dia.

– Tive um dia difícil – falou, parecendo cansada.

– O que houve?

– A professora Bailey quer que eu corte três quartos de um dos capítulos pois acha que estou apresentando uma versão romantizada de Dante.

– Ai.

– Ela detesta os românticos, então você pode imaginar como ficou incomodada. Reclamou sem parar. Ela faz com que eu me sinta burra.

– Você não é burra. – Maya deu uma risadinha ao telefone. – Às vezes a professora Bailey também faz com que eu me sinta burra.

– Duvido.

– Você deveria ter me visto na primeira vez que fui chamada à casa dela. Estava mais nervosa do que no dia em que defendi minha tese. Quase me esqueci de me vestir. – Carina riu.

– Imagino que uma professora Bishop sem roupas seria muito bem-vinda.

– Por sorte, não precisei descobrir.

– A professora Bailey me disse que "minha grande ética profissional compensa meus ocasionais lapsos de raciocínio".

– Vindo dela, isso é um grande elogio. Ela acha que a maioria das pessoas fracassam sem um motivo em especial. Pela maneira como ela descreve o mundo, a maioria das pessoas não passa de macacos que andam vestidos. De vez em quando. – Carina resmungou, virando-se de bruços.

– É pedir demais que ela diga que gosta da minha dissertação? Ou que estou fazendo um bom trabalho?

– Miranda nunca vai lhe dizer que gosta da sua dissertação. Ela acha que dar um retorno positivo é ser paternalista. A pretensiosa velha guarda de Oxford simplesmente não sabe agir de outra forma.

– Você não é assim, professora Bishop. – Maya se contorceu diante daquela simples mudança no tom da voz dela.

– Ah, sou sim, Srta. Deluca. A senhorita deve ter se esquecido.

– Você é um doce comigo agora.

– Espero que sim – sussurrou ela, a voz quase falhando. – Mas lembre-se de que você é minha amada, não minha aluna. – Ela sorriu com malícia.

– Exceto quando o assunto é amor. – Carina riu e Bishop se viu rindo com ela. – Eu me sinto sozinha à noite.

– Você não tem por que se sentir sozinha. É só pegar um táxi e vir para a minha casa que eu lhe faço companhia.

– Sim, professora. O que mais você pode fazer por mim?

– O que posso fazer por você? – Maya sorriu pensando em tudo que poderia fazer com Carina. – Posso ir até seu apartamento e lhe fazer uma massagem, posso lhe dar banho, posso beijar todo o seu corpo do jeitinho que você gosta. É só pedir, meu amor. – Carina deu uma risadinha antes de responder.

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