Maya enfiou a cabeça dentro do quarto.
– Tem certeza? – Ela notou os cabelos molhados de Carina, então seus olhos desceram pelas dobras do roupão roxo até os pés dela, descalços, subindo de volta para pousar na pele nua do seu pescoço.
– Estou decente. Pode entrar. – Maya se aproximou dela, seu olhar carregado e voraz.
– Você é decente, mas eu não. – Carina sorriu para ela com gratidão e ela retribuiu o sorriso, sua voracidade ligeiramente controlada. Bishop se recostou no tampo da cômoda e enfiou as mãos nos bolsos. – Sinto muito.
– Eu também.
– Fiz uma tempestade num copo d'água.
– Eu também.
– Vamos fazer as pazes.
– Por favor – disse Carina, sorrindo.
– Até que foi fácil. – Maya deu uma risadinha e pegou a toalha das mãos dela, jogando-a de lado. Puxou-a e a abraçou forte. – Gostou do roupão? – Ela correu os dedos pela seda com relutância.
– É lindo.
– Vou mandar devolver o resto.
– Não. Gostei de tudo. E mais ainda por você ter escolhido. Obrigada.
Os beijos de Maya podiam ser leves e carinhosos, como os que uma menina daria em seu primeiro amor. Mas não naquele instante. Dessa vez, ela pressionou sua boca contra a dela até Carina abrir os lábios e lhe deu um beijo longo e ardente antes de recuar. Então acariciou o rosto dela com as costas da mão.
– Eu teria escolhido uma calça jeans, mas Andy, minha personal shopper, me convenceu de que é muito difícil comprar jeans para outra pessoa. Se quiser vestir algo mais informal, posso levá-la para escolher alguma coisa.
– Não preciso de mais uma calça jeans.
– Quero que saiba que escolhi tudo, menos as roupas íntimas. Isso ficou por conta de Andy. – Ela notou a surpresa no rosto de Carina e se apressou em explicar: – Não queria constrangê-la.
– Tarde demais – balbuciou, um tanto decepcionada com aquela revelação.
– Carina, preciso lhe explicar uma coisa.
Os olhos dela ficaram sérios e Carina sentiu uma espécie de arrepio percorrer sua pele. Ela trocou seu peso de um pé para outro algumas vezes, parecendo procurar as palavras certas.
– Meu pai era casado e tinha uma família quando se envolveu com minha mãe. Ele a seduziu, a usou como se ela fosse uma prostituta e depois a abandonou. É doloroso para mim vê-la pensar que estou tratando você da mesma forma. É claro que, considerando meus antecedentes, não deveria me surpreender com sua reação, mas...
– Maya, eu não penso nada disso. É só que não gosto de me sentir como se precisasse ter alguém cuidando de mim. – Bishop a olhou com atenção.
– Quero cuidar de você, mas não porque você precisa. É claro que você sabe cuidar de si mesma. Tem feito isso muito bem desde criança. Mas não precisa mais estar sozinha. Agora tem a mim. Quero mimá-la e fazer gestos extravagantes porque me importo com você. – Ela se remexeu, desconfortável. – Não posso dizer tudo o que sinto. A única coisa que posso fazer é demonstrar com atitudes. Então, quando você não deixa... – Ela encolheu os ombros com uma expressão angustiada no rosto.
– Nunca tinha pensado dessa maneira – disse baixinho.
– Sempre que faço algo por você, estou tentando demonstrar o que não posso expressar com palavras. – Ela deslizou os polegares pelas curvas das maçãs do rosto de Carina. – Não tire isso de mim. Por favor.
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HEAL
Fanfic- Você implorou para que eu a encontrasse, que a procurasse no Inferno. Foi exatamente onde achei você. E, por mim, pode ficar para sempre onde está. - Do que você está falando? - Nada. Para mim chega, professora Bishop. - Por que escreveu aquele b...