Obrigada por se tornar minha esposa.

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– Há mais uma coisa que quero lhe mostrar – disse Maya após um longo tempo, desgrudando seus lábios dos dela.

Ela envolveu a mão de Carina com a sua e caminhou até a velha macieira à beira da clareira. Virou-se para encará-la, seu olhar repleto de emoção.

– Quando nos conhecemos, peguei uma maçã desta árvore.

– Eu me lembro.

– A maçã representava minha vida naquela época: libidinosa, egoísta, violenta, um ímã para o pecado. – Carina a observou se agachar, apoiando-se em um só joelho, e sacar uma maçã dourada do bolso do casaco. – Esta maçã representa o que eu me tornei: uma pessoa repleta de esperança. E de amor. – Carina fitou a maçã antes de buscar os olhos dela com os seus. – Alguma mulher já pediu você em casamento antes? – Ela balançou a cabeça, cobrindo a boca com a mão. – Então fico feliz em ser a primeira. – Maya abriu a maçã como uma caixa de surpresas e Carina viu um anel de diamante cintilante aninhado no veludo vermelho. – Quero ser sua primeira e única. Amo você, Carina. Ofereço-lhe meu coração e minha vida. Case comigo. Seja minha esposa, minha amiga, minha amante e minha guia. Seja minha abençoada Beatriz e minha adorada Carina. – A voz dela tremeu um pouco. – Diga que será minha. Para sempre.

– Sim – Conseguiu responder Carina, antes de ser dominada pelas lágrimas.

Maya tirou o anel de dentro da maçã e o colocou com cuidado no dedo dela, para então acariciar lhe a mão com os lábios.

– Faz muito tempo que escolhi este anel, na mesma época em que comprei as alianças de noivado. Mas posso devolvê-lo. Sei que talvez queira escolher sua própria aliança.

Carina examinou o diamante com corte cushion de dois quilates e meio em sua base de platina. O anel era à moda antiga, com diamantes menores cravejados em volta da pedra principal e pedras laterais que decoravam o aro.

Embora nunca tivesse sequer sonhado com um anel tão grande e rebuscado, ele era perfeito porque Maya o havia escolhido para ela.

– Eu escolho este – disse Carina olhando para o anel. Maya se levantou e ela se jogou nos seus braços. – Sempre quis você. Desde que a vi pela primeira vez naquela fotografia. – Disse em meio as suas lágrimas de alegria respingando sobre o ombro dela. – Quis você antes mesmo de conhecê-la.

– E eu quis você antes mesmo de saber seu nome, quando conhecia apenas sua bondade. E agora poderei ter minha Beatriz para sempre.

Alguns dias depois, Gabriela recebeu um e-mail de Carina anunciando o noivado. A mensagem lhe causou náuseas. Ler e reler as palavras não aliviou seu mal-estar. Nem um pouco. Mas ela as releu mesmo assim, se não para se autoflagelar, ao menos para que a nova condição de Carina ficasse gravada de forma indelével em sua mente.

Querida Gabriela,

Espero que esteja tudo bem com você. Sinto muito por ter demorado tanto a responder sua última mensagem.

O doutorado está acabando comigo e tenho a sensação de estar correndo atrás do atraso em relação a tudo. Mas estou adorando.

(Aliás, obrigada por ter me recomendado os livros de Ross King. Não tenho muito tempo para ler ultimamente, mas vou comprar aquele sobre o domo de Brunelleschi.)

Um dos motivos pelos quais não tive tempo de escrever é porque estou noiva. Maya me pediu em casamento e eu aceitei.

Queríamos nos casar logo, mas a basílica de Assis só estava disponível a partir de 24 de janeiro. Maya tem uma relação pessoal com os franciscanos e só por isso conseguimos reservar a basílica com tão pouca antecedência. Estou muito feliz.

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