VI

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Capítulo em dobro...

Olho pela janela o belo jardim que rodeia a casa

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Olho pela janela o belo jardim que rodeia a casa. Ao menos nisso meu pai tem um bom gosto.

Como pode um pai vender a própria filha pensando somente em bens materiais? Ele acredita que um dia será o presidente da Vino's Moretti e por isso é naturalmente disposto a fazer o que for preciso.

Embora nunca tenha sido um pai presente em minha vida e tenha praticamente me exortado de casa quando descobriu meu relacionamento com Arthur, sempre achei que as coisas poderiam mudar em algum momento. Mas toda as esperanças foram por água abaixo quando descobri sobre o casamento. Achei que a indiferença e os seis meses no convento eram só uma forma de me castigar para que eu me arrependesse do que fiz. Mas vejo que dessa vez ele conseguiu superar minhas expectativas e além de me tirar a liberdade e me manter feito uma prisioneira nessa casa, ele também negocia minha vida como um imóvel do qual pode se desfazer quando bem entender.

- O que tanto pensa, Melissa? Seu pai já saiu há muito tempo. Por que ainda não desceu para tomar café?

- Você sabia?

- De que?

- Não se faça de sonsa.

- Vai me tratar assim? - Tenta mudar a cara de surpresa, mas já aprendi a ler as feições da minha mãe. Ela é a pessoa que melhor vi mentir. Agora percebo que sempre mentiu para mim.

- Só me responda.

- Sabia.

- E continuou sua vida como se nada importasse?

- Vai ser melhor para você...-Se aproxima, tentando contato, mas eu recuo.

- Não me importo com o que pensa ser melhor para mim. Isso é algo que somente eu posso escolher.

- Como quando escolheu se deitar com aquele vagabundo?

- Eu não tenho culpa se ele era um imbecil. Assim como não tenho de estar cercada por eles.- O estalo no ambiente e a ardência no meu rosto evidenciam o tapa que minha mãe acabara de me dar, e não sei o que me assusta mais, se sua agressividade, que ocorreu em poucas vezes e em sua maioria com palavras, ou o fato de estar contra mim ao invés de me defender.

- Seu pai tem razão. Você é uma ingrata.

- E pelo quê exatamente eu deveria agradecer? Por tirarem tudo de mim e manterem aqui feito uma prisioneira para usarem como moeda de troca?

- Não tiramos nada. Você se deixou perder quando foi para a cama com aquele infeliz. Deveria agradecer por não termos te deixando a mercê da vida depois de todo o desgosto que nos causou.

- Pois eu preferia que tivessem me expulsado de casa ao invés de ser tratada dessa forma. Se me odeiam tanto, era só terem me mandado embora. - Algumas lágrimas começam a cair e a dor de sua rejeição se faz maior do que até mesmo o tapa de antes.

- E você irá. Apenas se case com esse Moretti, e te deixamos livres para fazer o que quiser.

- E se eu não me casar?

- Então, além de te expulsar daqui, seu pai vai fazer questão de saia até sem a roupa do corpo e nunca vai conseguir nada além das migalhas que encontrar na rua. Dessa vez ele realmente vai tirar tudo de você.

- E você vai deixar ele fazer isso com sua própria filha?

- Minha filha está morta! Você tem apenas a aparência dela, e me enoja olhar para você. Mas não se preocupe, o casamento será bom para todos. O Moretti é conhecido por ter a mão leve com a mulher. Quem sabe você tem sorte e o seu futuro marido tenha puxado a ele. Mas, agora que já sabe de tudo, apenas entenda que não tem escolha. - Ela sai, batendo a porta atrás de si, e me deixo cair no chão, chorando o quanto posso e tentando encontrar uma saída que me deixe distante dos meus pais e que não envolva um casamento, mas sei que estou sem opções.

...

Exatamente dois dias depois de descobrir as reais intenções da minha mãe, lá estava eu provando pela última vez o vestido com o qual me casaria. Um ano vivendo como a esposa perfeita para limpar a imagem de um homem que eu vi pessoalmente uma única vez na vida, talvez seja melhor do que saber do que meu pai é realmente capaz.

- E então, filha. Tem certeza que é esse? Você nem quis ver as outras opções...- Lina fala com um meio sorriso, ainda chateada por eu ter escolhido a primeira opção que me mostraram quando entramos na loja. Ela parece feliz com o casamento e até o momento foi extremamente legal, assim como a filha, Antonella. Eu achei que seriam dondocas que vivem pelo dinheiro, gastando por aí e sem se importar com os outros. Mas até o momento, se mostraram boas pessoas, dispostas a me ajudar e sem segundas intenções.

- Eu estou te achando triste. Isso é por não ter sua mãe aqui? Eu realmente ficaria muito triste se fosse me casar e minha mãe não estivesse comigo.- Antonella diz, alheia a tudo. Ela é a única que não sabe sobre o casamento de fachada e Lina pediu discrição quanto a isso. Além de que não tem nem ideia de que na verdade fui eu quem pedi que minha mãe inventasse uma desculpa e não nos acompanhasse dessa vez. Depois de tudo, prefiro não tê-los ao meu lado e assim não preciso fingir para os Moretti.

- É Antonella. Seria realmente muito triste não ter sua mãe com você. Mas desejo que isso nunca aconteça. - Ela sorri e eu me viro de costas para o espelho, saindo do provador.

- Amanhã você estará ainda mais linda.

- E o Dom vai ficar de queixo caído quando te ver com esse vestido, parecendo uma verdadeira princesa. - Antonella fala encantada, como se imaginasse a cena e eu apenas rezo para que o ano passe o mais rápido possível.

Domenico - Minha salvação.Onde histórias criam vida. Descubra agora