XVI

984 62 1
                                    

Eu quaaaase esqueci 😅. Mas sexta é dia de que? Domenico e Melissa.

Tá! Pensando com mais calma, eu não sei se foi tão boa ideia assim

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Tá! Pensando com mais calma, eu não sei se foi tão boa ideia assim. Durante todo o tempo que convivi com Domenico o homem sequer deu um sorrio que mostrasse os dentes. Nada mais que um simples curvar de lábios ou uma risadinha aqui e ali. E agora fico pensando se ainda dá tempo de voltar atrás.

- Você tem certeza, filha? - Minha sogra pergunta mais uma vez quando apareço na sala e Salvatore e os filhos e observam aguardando uma resposta. Eles realmente ainda esperam tque eu vá desistir. Só não sei se é tão boa ideia continuar.

- Eu tenho. Estou... Estamos prontos. - Mostro Lino, em meu colo, e paro em frente a porta aguardando que Felippo venha comigo.

Quando descobriram que eu aceitei a proposta, perguntaram um a um se eu tinha certeza. Até parece que Domenico é um carrasco e eu estou descendo de tobogã para um inferno particular.

- Vamos logo. Ou eles ainda vão te fazer desistir. - Felippo se aproxima e sorri pegando minha mala. Lina me abraça e pede paciência, já Antonella...

- Tem certeza que você precisa ir? Eu mal ganhei um sobrinho e já vou perder.- A garota se aproxima e me abraça em seguida e tenta me impedir de levar meu gatinho comigo. Em tão pouco tempo se apegou tanto a Lino e a mim e eu só tenho a lamentar por tudo isso. No fim eu não queria ter que ir. Os Moretti me fizeram sentir em casa pela primeira vez e deixá-los assim não é tão libertador quanto achei que seria um dia.

Me despeço de todos e vou até o carro com Felippo. Ele faz piadas tentando aliviar o clima e leva minhas malas, a mesma que levei na lua de mel. A diferença, é que agora acompanhada de outra, com o restante das coisas que Lina comprou para mim já que minha mãe sequer mandou algum de meus pertences enquanto estive fora. Parece que eles realmente estavam apenas aguardando um momento para se livrar de mim.

- Tem certeza que Domenico vai ficar bem com esse gato no mesmo ambiente que ele?- Felippo pergunta, dando fim ao silêncio que preenchia o carro.

- Ele não teve problemas no hotel e o apartamento é bem mais espaçoso. Acho que não vai ter problemas.- Ele concorda e sorri, balançando a cabeça em negativa.- O que foi?

- Nada. É que eu lembrei de onde vem esse ódio por gatos, do meu irmão.

- Você lembra? A Lina me contou por alto.

- Se lembro? - O som da sua gargalhada toma conta do carro.- Ele era louco por gatos. Queria um, mas a mama tinha alergia e sempre desconversava. Acontece que um dia, eu meio sequestrei o gato do vizinho e dei a Dom dizendo que era um presente. O bichinho estava tão assustado que quando Dom pegou ele no colo, tentou fugir. Só que Domenico ficou tão afoito que achou que ele queria brincar e apertou o gato nos braços. A única alternativa que ele achou foi arranhar meu irmão que odeia os bichos desde então.

- Então a culpa é sua? Sua mãe não me contou essa parte.

- Ela não sabe. Na verdade, só o Dom. E eu que contei vários anos depois.

- Você acha que ele tem coragem de arremessar o Lino pela janela?

- É o que? - Ele sorri, achando graça. - Claro que não. Meu irmão tem trauma, mas não é maluco. Até comprou várias coisas para o bicho. Deve estar tentando esquecer dessa memória. Ele não vai matar seu gato. Não se preocupe. Só acho que é melhor manter ele longe.- Vamos conversando sobre Lino o restante do caminho e imaginando formas de manter Domenico "seguro" das traquinagens do meu gatinho. Não sei dos dois quem vai se sair pior com essa convivência.

- Eu vou deixar isso aqui no quarto e já volto. Domenico deve estar dormindo.- Felippo entra em um dos quartos do apartamento quando finalmente entramos na "minha nova casa". O local está bem arrumado e o primeiro a revistar o local é Lino, que quando eu solto no chão sai vistoriando tudo pela casa. Fazer o que? Ele é curioso!

Me aproximo do sofá e quando estou prestes a sentar, Domenico sai do outro quarto. Com a perna e o braço envolto em uma tipóia e provavelmente com o gesso por baixo, enquanto se apoia em uma muleta com a mão livre.

- Olá.- Digo, o encarando. Mas ele apenas me olha, dos pés a cabeça, lentamente e em completo silêncio. Sem dizer nada.

- Aí está você. Eu disse que era para ficar na cama. Já imaginou se tivesse caído e se machucado ainda mais? Custa deixar um pouco de ser teimoso? - Felippo aparece, irritado por Domenico estar perambulando pela casa e tira a sua atenção de mim.

- Eu estou bem. Não posso ficar o dia todo deitado. Já basta o tempo que fiquei no hospital.

- Mas se não tomar cuidado, vai terminar voltando para lá. E eu não vou ficar com você dessa vez.

- Eu estou com fome, Felippo.- Domenico muda de assunto e Felippo revira os olhos, percebendo o que ele fez e o ajuda a caminhar até o sofá, onde se senta.

- Eu vou até a padaria. Não sei se ainda tem alguma coisa por lá. Mas vou procurar. Vê se fica aí dessa vez. Melissa vai ficar com você, então se comporte. - Felippo diz, enquanto caminha até a porta e antes mesmo que eu possa contestar, sai do apartamento me deixando sozinha com Domenico. Que lástima!

- Você está melhor?- Pergunto, tentando acabar com o silêncio. Mas parece que o homem está mais empenhado no contrário.

- Sim.- Diz, apenas, e foca sua atenção em um ponto imaginário no chão, voltando ao mesmo silêncio de antes.- Você vacinou ele?- Pergunta, quando vejo Lino se aproximar.

- Sim. Antonella me ajudou com isso. Encontrou uma clínica perto da sua casa e eu fui com ela.

- Você já encontrou um nome para ele?

- Lino.- Digo, e ele me olha com as sobrancelhas enrugadas. Todos têm essa mesma reação.- Não é pela sua mãe. É que ele parece o Patolino e eu não consegui pensar em algo melhor.

- Hum.- Concorda, quando entende o real significado do nome e volta sua atenção para o gato que deita no meio da sala, se lambendo. Então o homem se mexe no sofá, pegando um controle e liga a tv em seguida, passando canal por canal em busca de algo que ocupe um pouco do silêncio que toma conta do ambiente.

Domenico - Minha salvação.Onde histórias criam vida. Descubra agora