XXXIX

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Olha eu aqui...

  Depois do longo drama que fiz com a família, resolvi me juntar ao meu pai e irmãos e tentar ter uma conversa civilizada ao menos com Heitor que estava sentado à mesa

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Depois do longo drama que fiz com a família, resolvi me juntar ao meu pai e irmãos e tentar ter uma conversa civilizada ao menos com Heitor que estava sentado à mesa. Melissa estava curtindo a massagem no Spa e eu não ia ficar sozinho o tempo todo com o gato. Meu pai tinha razão.

Com o gato a tira colo na bendita cama que parece ser mais confortável que a minha, desci até o restaurante do hotel e de longe já pude ver todos reunidos.

— Bom dia, outra vez. — Me sento ao lado de Angelo que logo tira o gato de mim.

— Ainda bem que trouxe meu sobrinho. Ele está tão gordinho, olha. — Levanta o bicho, mostrando sua barriga.

— Estávamos indo tão bem. Vão perder a atenção por causa de um gato?— Meu pai reclama. — E você, Dom? Mudou de ideia?

— Acho que Melissa vai demorar. Por isso vim.

— Tirando Salvatore, acho que nos últimos tempos nunca tinha visto casal mais apegado que vocês. Não se largam. — Heitor comenta com um sorriso.

— Ela é minha esposa. O que queria?

— Não sei. Que dessem mais espaço um ao outro.

— Temos espaço suficiente. Juntos.

— Se você diz. — Dá de ombros e volta a atenção ao meu pai. — Como vínhamos falando, nenhuma área da ilha será desmatada para o plantio. Vamos continuar usando o espaço que temos. E derrubar a barraca, está fora de cogitação, já que pretendo deixá-la à disposição para os casais que quiserem um pouco mais de privacidade aqui no hotel.

— Vocês tem uma barraca? — Pergunto, curioso.

— Sim. Quase isso. É bem menor que os quartos do hotel, mas dispõe de todo o conforto que disponibilizamos aqui. Foi reformada há pouco e fica bem perto da área que usamos para o plantio.

— E eu posso me hospedar por lá enquanto estamos aqui? — Pergunto como quem não quer nada e o homem sorri.

— Não me leve a mal, Moretti. Mas desde que chegaram nessa ilha, você falou comigo três vezes e em todas elas para pedir algo. Não acha que está na hora de eu te pedir alguma coisa.

— Depende, o que quer de mim?

— Que negocie comigo.

— Já estamos. Não só eu, mas todos os Moretti. Você tem 4 à disposição.

— Eu já ouvi falar muito sobre todos vocês. As qualidades de persuasão que cada um usa durante os negócios. E você foi o que mais me impressionou. Quero falar diretamente com você e tenho assuntos no continente que podem te interessar. Por mim, pode ficar quanto tempo quiser na barraca.

— Adoraria, mas estou fora da empresa por tempo indeterminado.

— Eu sei. Seu pai usou dessa desculpa antes que chegasse aqui. Mas não custa nada só conversamos. Se não gostar das minhas propostas ou não tiver interesse nos investimentos para a sua empresa, eu vou entender.

— Tudo isso por uma noite totalmente a sós com a cunhadinha. Pense bem. — Dario me tira a atenção do homem. E penso em tudo isso somente para ter Melissa comigo bem longe de tudo e todos, aceito.

— Tudo bem. Quando voltarmos ao continente, me procure e vemos o que mais pode acontecer entre nossas empresas. Por ora, preciso das chaves e que algum dos seus funcionários nos leve até lá às 17. — Ele se levanta e como se para não me dar a chance de fugir, aperta minha mão selando um acordo verbal. Em seguida, com a outra mão, tira as chaves do bolso e me entrega.

— A hora que quiser ir, basta pedir a alguém da recepção. Vou deixar avisado.

— Me dê o gato, Dario. — Peço e a contra gosto ele estende em minha direção a cama com o gato que dorme como se o mundo ao redor não existisse. Aproveito e pego o cardápio que estava disposto na mesa, antes de sair.

— Dom— Meu pai chama e segura meu braço quando passo ao lado dele. Então olha bem nos meus olhos e sorri.
— Tenha um bom passeio, bambino. — Ele sabe! Nesse exato momento percebeu tudo.
Apenas aperto o gato para não deixar o felino cair e sigo de volta para o quarto, esperando por Melissa. Me deito na cama e ligo a Tv nem prestando atenção no filme que passa. Então pego o cardápio e começo a ler. Mas até parece que foi minha mãe que fez ele. Todos os pratos possuem frutos do mar. Peixe principalmente. Bom para Melissa que ama o que minha mãe faz e ruim para mim que não aguento mais comer isso.

Escuto algumas batidas na porta e em seguida mando entrar, dando de cara com Felippo que aparece sorridente.

— Essa felicidade toda só por me ver? — Pergunto.

— Você é muito besta, não? — Sorrio com a sua reação. — Apenas um bombonzinho que eu encontrei quando vinha para cá.

— Você nunca vai levar as mulheres a sério, não é?

— Ainda me lembro muito bem do que eu ganhei na última vez que levei. — Se recorda, já mudando a expressão.

— Nem todas são como ela. — Alerto.

— Melissa não. Vai desistir dela para que o seu irmãozinho possa ser feliz outra vez?

— Nem pense nessa possibilidade.

— Quando finalmente vão assumir o que estão tendo?

— Assumir o que?

— Pretende ficar escondendo ela?

— Não estou escondendo.

— Então deixe a família saber.

— E se ela não quiser?

— Então você pelo menos tentou. Pensou na opção e compartilhou com ela o que pretendia fazer.

— E se não der certo?

— Então vocês tentaram. Mas não perca tempo imaginando esse "se".

— Você vem aqui e me dá ótimos conselhos. Mas sequer segue algum deles.

— Faça o que o falo, mas não o que eu faço. — Sorri enquanto se aproxima da cama e toma o cardápio das minhas mãos. — Agora vá se preparar para a sua garota. Mama e o Papa vão sair juntos para conhecer o plantio de uvas. Você tem o almoço livre com ela sem ninguém para te perturbar.

— Eles vão passear? — Faço uma careta já imaginando no que o passeio vai se resumir.

— É. Eu sei. Coitadas das uvas. — Gargalhamos juntos. Sabemos o que fazem e que fazem. Mas isso não quer dizer que tenhamos que gostar dá ideia. É tenebroso!

— E vocês? Aonde vão?

— Testar os vinhos.

— Não estão pensando em levar a Nella. Não é?

— Sim. Ela também vai com a gente. Mas damos guaraná agitado e dizemos que é chopp. Não se preocupe com a pirralha.

— Não deem álcool à bambolina. Por favor. Seria ótimo ter um dia em completa paz. Mas já estou prevendo que algo ruim vai acontecer hoje.

— Só se for para o resto do mundo, não é? Você vai estar no bem bom. – Diz, sorrindo e eu mostro meu dedo do meio para ele.

— Você não perde a oportunidade, Felippo. — Falo um pouco mais alto quando ele sai e fecha a porta, ainda sorrindo com suas palhaçadas.

Domenico - Minha salvação.Onde histórias criam vida. Descubra agora