LI

444 29 2
                                    

— Tudo bem, papa? — Jantar em família sem nenhuma piadinha de Dario ou Angelo e meu pai sem reclamar dos dez minutos que eu e Melissa chegamos atrasados é exatamente uma explicação de que algo está errado

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Tudo bem, papa? — Jantar em família sem nenhuma piadinha de Dario ou Angelo e meu pai sem reclamar dos dez minutos que eu e Melissa chegamos atrasados é exatamente uma explicação de que algo está errado.

— Sim.

— Dario? — Pergunto ao meu irmão e o conhecendo bem, sei que ele vai falar.

— Não me pergunte, Dom.

— Mas já perguntei. E quero saber. O que está acontecendo lá fora? —Ele ainda tenta fugir da pergunta, mas seu lado fofoqueiro fala mais alto.

— Carlo, enlouqueceu.

— Como é?

— Dario!— Meu pai reclama e seguro a mão de Melissa que a esse momento já parece estar nervosa.

— Vamos, papa. Por favor, fale.

— Hoje quando saí, ele estava aí fora completamente fora de si. Então pedi que os seguranças o levassem daqui e segui para a empresa. Ele está proibido de pisar em um raio de cem metros da Vino's, mas hoje depois dessas duas semanas cismou em voltar lá e quebrou todas as portas de vidro do térreo. As recepcionistas ficaram apavoradas e até a polícia foi chamada. Mas ele não vai ficar preso muito tempo. Daqui a pouco volta e temo que faça pior. Estou tentando achar provas de que ele implantou as câmeras para filmar vocês, e que desviou milhares da empresa com contratos falsos, mas você sabe como funciona esse tipo de investigação. É lenta. E até lá, até provar que ele fez isso e prendê-lo de vez, ele pode voltar aqui. Temo por todos, e principalmente Melissa que com certeza é o alvo dele. — Enquanto meu pai fala tento manter a calma, principalmente por Melissa que observa tudo com os olhos arregalados.

— Vai ficar tudo bem.— Tento mantê-la calma e olho para todos ao redor. Quando que teremos paz sem esse homem para perturbar um ou outro?

— Eu sei que o medo é bem maior que esse, mas ele já foi dispensado da empresa. Ainda não conseguimos provas para prendê-lo, mas uma simples votação solicitada pelo Bianchi resolveu essa questão. Ele foi tirado do cargo e não pode sequer pensar em chegar perto da empresa. Bianchi fez questão de mostrar os últimos relatórios e ninguém foi louco de discordar. Também por isso ele perdeu o controle e apareceu aqui e depois na empresa. Ele está fora de si pois está acuado e sem ninguém do lado dele.

— E o senhor acha que demora até ele ser preso?

— Não sei, Dom. É um caso complicado. Precisamos de provas, senão será um passo perdido.

— E a minha mãe? Como ela está? — Melissa me olha e pergunta em voz alta aquilo que ela já vinha querendo saber há algum tempo. Todos sabem o que aconteceu, mas acho que ninguém teve coragem de contar ainda. Então nos entreolhamos sem saber o que fazer. Até mesmo Antonella fica sem reação, já que foi ela mesma que descobriu. Então quando ninguém fala nada, é a vez da minha mãe e Felippo entrarem em cena.

— Filha, ainda não sabíamos como falar isso e até peço desculpas por não ter falado antes. — Olha para todos e respira fundo.

— Mama, já enrolamos demais.

— Calma, Felippo. — Ela olha meu irmão como se o mandasse calar a boca e quando ele faz na boca um sinal de zíper fechado ela volta a atenção para Melissa e tão calmamente começa a falar novamente.
— Há alguns dias Antonella me contou o caso do pai de uma colega da escola que havia fugido com a amante e abandonado a família. Logo me pus a ajudar e a dar todo o auxílio a família abandonada. Só que quanto mais eu ajudava, mais detalhes eu descobria e já há algum tempo sabemos que a tal amante é a sua mãe. Por isso Carlo está tão fora de si. Ele definitivamente perdeu tudo. E ela o abandonou principalmente depois que a falência foi de fato declarada. Ele não tem mais nada. Está totalmente falido e sem ninguém. Já ela, não sabemos onde está e ninguém tem notícia. Simplesmente sumiu com esse empresário e abandonou Carlo sem nada.

— Ele está sozinho. — Melissa fala como se pensasse alto e continua atônita. Sem reação. Ainda calculando todos os detalhes que minha mãe falou.

— Melissa? — Chamo e ela me olha parecendo entender as coisas.

— Ele sempre disse que eu terminaria sozinha. Sem ninguém ao meu lado. Sem ninguém por mim. Ele até usou esse casamento como desculpas. Pois era a única forma de algum dia, por um momento ter alguém ao meu lado. E agora é ele quem está sozinho. Sem ninguém. Sem nada.

— Melissa, eu estou...— Tento acalmar a mulher que a esse momento já derrama algumas lágrimas e parece mais aérea que nunca, mas sou interrompido

— Sua desgraçada. Maldita! A culpa é toda sua. — Escuto um grito e quando vejo é Carlo, praticamente correndo em direção a Melissa e completamente desorientado. Não tenho tempo de reação e quando vejo, minha mulher está caída se debatendo enquanto o maldito a enforca com as próprias mãos e com tanto ódio.

...

— E então, doutor? — Pergunto totalmente impaciente ao médico que enfim encontrei no corredor que invadi após mais de duas horas esperando uma resposta sobre o estado de saúde de Melissa que ficou inconsciente após o ataque do maldito Carlo.

— Devido ao estado dela tivemos que aplicar um sedativo para conseguirmos fazer os exames necessários e termos certeza de que ambos estão bem. — Minha cabeça ferve sem entender nada e olho totalmente aéreo para o médico.

— Que estado? E de quem mais o senhor está falando? Eu quero saber da minha mulher. Melissa Moretti. Foda-se o Carlo. Não quero notícias dele. — Dessa vez é o médico que me olha sem entender e peço desculpas pelos xingamentos.
— Me desculpe. Estou há muito tempo esperando alguma informação dela e ninguém sequer apareceu para ao menos confirmar que ainda estavam fazendo exames. Ela chegou aqui inconsciente e isso me deixou assustado.

— Acho que você não entendeu.— Com as sobrancelhas enrugadas ele me olha e sorri parecendo surpreso e eu fico ainda mais. Esse homem não está em si.

— Eu realmente não entendi. Estamos falando sobre a mesma Melissa, não é? Moretti, a minha mulher.

— Eu acho melhor o senhor sentar.— Ainda com um sorriso no rosto ele aponta a cadeira ao meu lado e insiste que eu sente quando nego com a cabeça.

— Diga de uma vez, por favor. Ela acordou? Está bem, não é? Quando podemos ir para casa? Eu acho que ela também não gosta muito de hospitais. Ela não gosta de lugares fechados. Provavelmente não está se sentindo bem naquele quarto sem sequer uma janela.

— Senhor Moretti, por favor. Vamos manter a calma. Sua esposa está muito bem e em seguida o senhor poderá vê-la. Mas preciso que se acalme. Creio de com esse nervosismo não vá assimilar muito bem a notícia que tenho que dar ao casal.

"A notícia que tenho que dar ao casal". Mais uma vez as palavras dele ecoam na minha cabeça. Esse homem está me escondendo algo e Melissa não está bem. Tenho certeza. Minha mulher não está bem e o maldito ainda sorri achando graça em meu desespero. Respiro fundo e coloco a melhor cara de quem não está nem aí.

— Eu estou bem. Acho que se o problema era o meu nervosismo, então podemos ir. Eu quero ver a minha mulher. Preciso ver a Melissa.

— Então vamos. — Ele levanta da cadeira onde estava e abre a porta do quarto ao lado me incentivando a entrar. Se eu soubesse que era assim tão fácil já teria entrado.

Domenico - Minha salvação.Onde histórias criam vida. Descubra agora