II

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- Como é?

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- Como é?

- Isso mesmo. Queremos que além da retratação pública, prove que não fez nada disso ou então desista do cargo. É uma denúncia muito grave e não podemos correr o risco.- Um dos sócios ordena, enquanto meu pai e irmãos tentam manter a calma. Eu não tenho nada além da minha palavra para provar que não fiz isso e eles sabem disso.

- Bianchi, a reportagem saiu às...

- Com todo o respeito, Moretti. Não me importa quando saiu. Me importa a forma como vão desassociar a empresa disso. Sei que são os sócios majoritários e têm o poder de derrubar qualquer decisão que tomarmos. Mas caso nossa solicitação não seja atendida, levaremos todos os compradores em potencial. De toda forma, vocês perdem.

- Essa é a decisão final? - Meu pai pergunta e todos na sala concordam.

- Aguardamos respostas.- O homem que falava se levanta e sai acompanhado dos demais. Então ficamos sós na sala.

- O que faremos, papa?- Pergunto, mas antes que ele possa responder escutamos uma batida tímida na porta.

- Entre.- Meu pai ordena.

- Com licença. Gostaria de falar com vocês, mas não seria visto com bons olhos pelos outros sócios. Mas garanto que tenho a melhor solução.- Carlo Feitosa, um dos maiores compradores em potencial e que há muito tem pretensão em se tornar sócio, entra na sala, devagar. Como se ainda estivesse conhecendo o terreno.

- E o que quer com isso? - Indago, sem rodeios.

- Apenas o reconhecimento de vocês e o apoio, caso queira me candidatar a sócio. Isso será o suficiente.

- Pelo menos esse é sincero quanto ao que quer.- Angelo fala e logo se levanta, começando a caminhar pela sala.

- Qual a solução?

- Um casamento.

- Um o que? Ficou maluco?

- Há anos todos esperam somente essa notícia. Precisamos de algo maior para jogar água por cima. Se você realmente não fez nada disso...

- Eu não fiz!

- Se realmente não fez, então vai conseguir tempo para desmentir de forma mais apropriada.

- E com quem me casaria? Não tenho noiva, nunca apresentei ninguém e desconfiariam de um casamento da noite para o dia, dessa forma.

- Vocês são bem burros quando querem, em? - Dario zomba e meu pai o repreende com um olhar. Mas não é o suficiente pará-lo.- O homem já tem tudo planejado. Não me surpreende em nada que já tenha encontrado até a noiva.

- Na verdade, não foi planejado, jovem rapaz. Mas isso não quer dizer que não possa dar certo.- Tenta se defender.

- Vá direto ao ponto, Feitosa. Quem é a mulher e o que além do nosso apoio, você ganha com isso? - Paciência não é o forte do meu pai e o homem sorri quando escuta sua fala.

- Minha filha. Uma moça doce e tranquila de boa família, seria a solução perfeita.

- Você realmente enlouqueceu. Esse casamento não vai acontecer. Eu nem conheço ela, nunca a vi. - Me exalto e o homem recua, mas não muito satisfeito.

- Tudo bem. Mas caso mudem de ideia, a proposta ainda está de pé. Agora vou te dar um tempo, os repórteres estão lá fora aguardando para a coletiva.

- Malditos! - Grito, exasperado. E jogo alguns papéis da mesa.

- Calma, Domenico.

- Calma? Eles vão acabar com a minha vida de uma forma ou de outra. Não posso ficar calmo. A mama estava certa, eles me querem sem valor e vão conseguir.

- NÃO. Não vão! - Meu pai se levanta espalmando a mesa. - Você vai descer e negar tudo. Felippo e Angelo vão até a delegacia, verificar se a denuncia realmente foi registrada e tentar descobrir o que puderem. Dario vai descer com você e eu vou até o jornal descobrir quem soltou essa notícia. Todos calmos. Lembre-se que você é o futuro presidente desse lugar.- Ele vai falando e todos começam a se mexer. Por fim, somente Dario continua comigo.

- Vamos, Dom. - Me puxa consigo para fora da sala e logo estamos no elevador, descendo até o térreo que é onde os repórteres estão aguardando.

Caminho pelo local e quando me veem começam a falar juntos, sem pausa e sem me deixar entender nada do que perguntam. Me sento da cadeira, de frente para eles e somente quando Dario fala é que eles se calam.

- Um de cada vez, por favor. - Escuto Dario e observo Carlo ao fundo. O homem sabe o que faz e está tão tranquilo quanto poderia estar. Pela sua calma, não me surpreenderia que fosse ele o responsável por inventar a notícia. Mas como ela haveria chegado a polícia e como teria seguido como uma denúncia caso fosse só uma mentira? Eu estava na corda bamba e tinha quase certeza que hora ou outra tombaria para o lado daquele homem.

- Senhor Moretti, o que tem a dizer sobre as informações que saíram hoje nos jornais sobre o crime sexual que apontam o senhor como culpado? - A primeira repórter pergunta e tiro minha atenção de Feitosa, quando respondo a pergunta.

- São notícias falsificadas. Eu não fiz e nunca faria algo remotamente parecido. Sou um homem honrado e com uma reputação a zelar, e se alguma denuncia prosseguir, esta é totalmente sem fundamento.

- Além da mais nova, um agressor sexual, o senhor é apontado diariamente como um libertino, pois nunca assumiu um relacionamento com ninguém. Alguma dessas informações procede? - Libertino? Sabia que não gostavam muito de mim como opção para assumir o comando da empresa, por prezarem por um homem casado e focado na família como o meu pai. Mas não sabia que mais essa fama me perseguia.

- Essa é a sua chance. - Me assunto ao ver Feitosa ao meu lado. O homem se aproximou sem que eu nem percebesse e cochicha me deixando ainda mais sem noção do que fazer.

- Nenhuma das informações procede. Não cometi nenhum crime e além disso... estou noivo. Algo que vocês não sabiam, mas estou tornando público neste momento.- Dario, que me observava, ao lado dos repórteres me olha com os olhos arregalados e por um segundo todos ficam em silêncio, surpresos com a notícia.

- Quem é noiva... Quando se conheceram... Há quanto tempo estão juntos... Por que só agora tornou essa informação pública... Quando será o casamento...- Eles começam as perguntas sem fim outra vez e como Carlo havia alertado, as perguntas sobre a notícia de mais cedo parecem desaparecer.

- Senhores, calma. Um de cada vez, por favor. Precisamos de uma pausa. Em cinco minutos quando se acalmarem, voltamos.- Dario tenta acalmar os repórteres, mas em vão. Um reboliço se forma e apenas escuto sua voz desesperada.- Corre daqui, Dom. Rápido!

Pego o elevador e desço até a garagem, com Feitosa em meu encalço. Maldita hora que esse homem apareceu.

- O que faz aqui? Vai me seguir? — Pergunto quando o homem entra no carro junto comigo.

- Tenho que acompanhar você para garantir seu bem estar. Ficarei ao seu lado, caso precise.

- Vou me casar com a sua filha, e não com você. Não preciso da sua companhia.

- Então o casamento realmente vai acontecer?- Indaga com um sorrisinho.

- Não. Sim. Eu ainda não sei. Saia do meu carro, por favor.

- Mas eu...

- SAIA! - O homem pela primeira vez muda o semblante altivo e parece assustado. Então sai do carro e saio em disparada dali.

Que merda que eu fui fazer?

Domenico - Minha salvação.Onde histórias criam vida. Descubra agora