XXVII

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Eu demoro, mas sempre volto 😅

Como sempre faço, saio diretamente da sala de aula e fico esperando por Felippo sentada em um banco que tem em frente a universidade

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Como sempre faço, saio diretamente da sala de aula e fico esperando por Felippo sentada em um banco que tem em frente a universidade.

- Esperando seu marido? - Gabriel aparece e senta ao meu lado. Não somos amigos, mas é com ele que eu tenho mais aproximação entre todos da turma.

- Sim. Na verdade, meu cunhado.

- Posso fazer uma pergunta?

- Claro.

- Eles são possessivos?

- Quê? Não.- Respondo, sem entender muito bem.

- É que ninguém sabe o que realmente acontece naquela família. Eles são sempre tão fechados e você e a única fonte que o "mundo" aqui fora pode ter. É como uma plebeia entrando na realeza. - Sorrio. Eu realmente sou uma mera plebeia nessa história toda.

- Eles não são possessivos. São até legais. — Sorrio, já que é verdade. Até o momento foram todos perfeitos comigo.

- Você é casada com um Moretti e define eles como "legais"?- Não estou entendendo aonde ele realmente quer chegar.

- O que você realmente quer, Gabriel?

- De verdade, posso ser sincero?

- Por favor.

- Quero saber o que realmente rola entre vocês. Eu já vi casamentos estranhos, mas o seu supera. Ninguém nunca viu vocês juntos e...

- Eu não preciso aparecer com o meu marido para que o casamento seja de verdade.

- Não estou dizendo que é de mentira, mas acho que casais saem juntos e vocês...

- Você é veterinário ou jornalista investigativo?

- Eu apenas quero ajudar. Se você está vivendo um relacionamento abusivo...

- Abusivo? Você perdeu o juízo?

- Melissa, eu sei que é difícil. Mas, as vezes você nem percebe em simples atitudes e...-

- Gabriel, por favor...- Justo quando vou pedir que o homem se cale e fique longe, vejo um dos carros dos Moretti, no qual o motorista da família vem me buscar quando Felippo não pode, passar a milhão bem na nossa frente. Reconheci o motorista, mas o motivo de ter feito isso não entendi.

- Quem é o louco?- Gabriel pergunta e fica olhando o carro até desaparecer de vista. - Essa gente tem problema.

- Escuta. Eu estou muito bem com meu marido e a família dele. Então se aproximou de mim para inventar que vivo em péssimas condições no meu casamento, peço que se afaste. - Ele me olha, parecendo arrependido com as insinuações, mas não dou mais espaço a ele que pede desculpas e se vai.

Fico esperando Felippo e estranho sua demora. Ele sempre chega na hora. As vezes até antes. Mas, quando percebo que realmente não vai aparecer, pego o metrô e logo estou em casa. Eu poderia muito bem ir e vir de metrô, mas ele insiste que não atrapalho em nada e sempre me dá carona ou manda um dos motoristas.

Quando chego em casa, todas as luzes estão apagadas e o silêncio reina no lugar. Penduro minha mochila onde sempre deixo perto da porta e saio pela casa, procurando por alguém. Já é noite, e como hoje foi aula integral, comi em um restaurante perto de lá. Então só quero tomar um banho e dormir.

Pego no colo, beijo e abraço e depois de colocar ração para o meu gatinho sigo para o quarto, certa de que não tem ninguém em casa. Mas, para a minha surpresa, encontro Domenico deitado. Dormindo.

Fico preocupada com o sumiço de Felippo, mas acho que se tivesse acontecido alguma coisa, Domenico já saberia. E como está dormindo, em paz, acredito que esteja tudo bem com essa família estranha. Também respondo algumas mensagens de Antonella, com o celular que ela quase me obrigou a comprar com o cartão que Felippo me deu. Ela disse que eu precisava me comunicar com o mundo e se eu não comprasse um, ela mesma faria isso. Então, como ninguém falou nada, acredito que todos estejam vivos.

Tomo um banho bem quentinho e depois de ajeitar a caminha do meu gato, deito na cama, dormindo em seguida. Bem que eu queria acordar Domenico, mas ele pode ter sentido alguma dor e capotou depois do remédio. Ele sempre dorme muito quando toma eles e prefiro deixar ele dormir em paz.

...

Acordo pela manhã e não vejo Domenico ao meu lado. Onde ele se meteu a essa hora?
Pego o celular e vejo que ainda não passa das nove. Como só terá aula no segundo turno, pretendia dormir um pouco mais, só que a preocupação com os Moretti me tira da cama logo cedo.

Levanto e escovo os dentes. Também não encontrando Domenico no banheiro. Saio do quarto e dou de cara com o homem com a maior cara de bravo. Que bicho mordeu ele? Tento me aproximar e ainda beijo seu rosto, mas o homem não esboça reação alguma e começo a me estressar com seu gelo.

- Bom dia!

- Buon.

- Tudo bem? Pergunto e ele balança a cabeça positivamente.
- O que aconteceu?

- Nada.- Responde apenas e eu desisto. Se ele está emburrado, então que não desconte em mim. Alimento meu gatinho e depois de fazer muito dengo nele, faço meu café. Domenico apenas me olha de soslaio, achando que não percebo quando disfarça com o jornal em suas mãos. Ele odeia jornal, então qual o motivo de ler um agora? Na verdade, nem sei de onde saiu esse, já que não entregam por aqui.

Com ele ainda na bancada da cozinha lendo o bendito jornal, levanto e vou até o quarto, onde tomo um banho e volto para a sala. Sento no sofá e ligo a tv em um jornal. Então mando mensagem para Antonella. Segundo ela, todos estão muito bem e nada de ruim aconteceu. Então qual o motivo desse homem estar de mal humor? E pior, está descontando em mim com o seu castigo do gelo. Ele nem fala.

Limpo a casa e troco a areia de Lino. Minha sogra de mentirinha sempre deixa tudo organizado, mas eu gosto de limpar o que eu sujo. Domenico sai da bancada e vai para o sofá, onde deita e finge que não existo. Nessa hora a irritação já se transformou em raiva e estou a ponto de jogar um copo em sua cabeça. Se todos estão bem, então o problema é comigo. Mas, o que eu fiz?

Parece infantil, mas decido fazer o mesmo que Domenico e fingir que ele não existe. Só que por mais que tente, penso a cada instante o motivo de sua distância. Ontem estávamos bem, não é?

Com um milhão de ideias na mente, saio de casa quando Antonella avisa que o irmão viajou e por isso o motorista da família vai me levar. Domenico fica emburrado no sofá e nem sei se me responde quando me despeço. Só fecho a porta e desço pelo elevador. Encontro o motorista me aguardando no térreo e com ele sigo até a faculdade, onde ele me deixa e garante que voltará ao fim da tarde.

Domenico - Minha salvação.Onde histórias criam vida. Descubra agora