Capítulo 16: Aroma.

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—Preciso da sua ajuda. —diz a mulher de meia idade, fios loiros e olhos azuis.

—O que aconteceu? — questiono à Chloe.

Nesse último mês ela se aproximou mais de Melina, logo, se aproximou mais de mim. E sim ela sabe das minhas habilidades. Não foi proposital, mas aconteceu de que um dia sem querer, enquanto eu e Melina estávamos na piscina, pode ser que talvez eu tenha usando minha super velocidade para me locomover até a loirinha, e então a mais velha deixou a xícara cair revelando sua presença atrás de mim. Mancada eu sei, estávamos na casa dela.

A mulher trêmula à minha frente me entrega um bilhete.

"Você levou meu brinquedinho, então nada mais justo que eu pegar o seu também." E a marca por mim conhecida. Mão vermelho sangue segurando um revólver.

—Onde achou isto? — questiono fitando o sangue do papel.

—No quarto da Melina.

Uma brisa fria beija meu corpo que aquece mais e mais a cada segundo. Sinto irritação e ódio. E com isso aquela faísca que senti no local de tortura de Fernanda.

Como isso pode ser real? A poucos minutos eu estava ao lado dela. Apenas levei o mais novo para o hospital e vim para meu apartamento. Como?

Eu não devia tê-la deixado só.

Sinto a comida querer voltar em minha garganta. A tulipa da correntinha gélida entra em equilíbrio térmico pelo contato com meu corpo fervescente. Em poucos segundos, enxurrada de memórias são jogadas para mim.

Quando encontrei o corpo de Maya todo roxo pelas pancadas, e cheia de cortes pela tortura. O local em que ela foi mantida era envolto de chumbo, portanto não consegui ouvi-la. É como se soubessem sobre meus poderes e quisessem me evitar.

Ela estava tão frágil. O cabelo castanho que ela sempre mantinha na altura do ombro estava um pouco mais longo. Eu não via mais seus olhos castanhos intensos. Suas mãos que eram tão quentes como uma chama alta, já não queimavam em quem a encostava. Eu não podia mais sentir seu toque. Não podia mais sentir seu aroma forte que era uma mistura de fragrância chipre floral com um buquê multifacetado com os aromas inebriantes de frutas, conhaque e madeira. O conhaque totalmente viciante, fazendo dele uma deliciosa mistura. Perfume Lady Million Empire Edp Paco Rabanne. Essa era a marca dela. A marca de Maya. Esse era o seu aroma apaixonante.

—Aroma...— sussurro. Olho para a mulher à minha frente e fico quieta.

O chumbo evita minha super visão e faz meus tímpanos latejarem. Mas não afetam meu olfato.

—O que têm? — pergunta franzindo a testa.

—Posso tentar procurá-la pelo cheiro.

A mulher arregala os olhos e logo um enorme sorriso se forma em seus lábios.

Dou impulso para cima para começar a procurá-la.

Ela tem o cheiro de baunilha. E usa perfume de jasmin. Acredito que isso a faz ter um odor próprio.

Sobrevoando Goiânia uso todas minhas forças e sentidos para procurar pelo seu aroma.

É difícil e dolorido passar tanto tempo procurando um perfume. Mas vou encontrá-la. Não vou deixa-la ter o mesmo destino que minha amada e falecida esposa.

Ao não encontrar nada na cidade, me afasto para locais mais desérticos. Preciso achá-la.

Paro no ar e suspiro. Um suspiro profundo e longo. Trago as lembranças de Melina para mim, e fecho os olhos.

Mrs. VênusOnde histórias criam vida. Descubra agora