Capítulo 2: Papo de família.

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—ALESSA! GRAÇAS A HILL QUE VOCÊ ESTÁ BEM! —minha mãe grita do outro lado do telefone.

Quem é Hill? O Deus da religião dela, é bem peculiar e não entendo direito, então apenas respeito.

—Oi mãe. —respondo levando a mão a têmpora para começar a ouvir o sermão.

—Você sabe o risco que se meteu ao fazer isso?! Não pode sair voando por aí e machucando quem bem entender! E se tivessem te reconhecido?! O que aconteceria?! Eu iria ter que ver seu corpo sendo velado numa vala, ou o da sua irmã?! Por Hill, por favor, me diz que vai ficar quieta e não vai fazer mais isso ou eu sou capaz de aparecer no seu apartamento e te prender! — suas palavras saem de forma frenética, mas com a dicção boa o suficiente para me fazer ouvir cada palavrinha.

—Foi um caso específico, Elise estava em perigo! — protesto brava.

—Pois chamasse a polícia! Ou ao menos não deixar as pessoas a beira da morte! — responde no mesmo tom.

—Ela me pediu ajuda, e eu ajudei, ao contrário de você que fica atrás de uma mesa achando que tudo vai cair do céu e dar certo! Eu fui lá e fiz! E ela está bem e não me arrependo de nada! —elevo a voz. Não quero ofendê-la, mas as palavras saem no automático— Não vou pedir desculpa por fazer o certo e salvá-la! Você que tem que se desculpar por não saber fazer nem a merda do seu trabalho dentro da delegacia! —término de dizer ofegante e ouço apenas o silêncio.

—Não vou discutir isso de novo com você Alessa, você sabe muito bem o que fiz e o porquê. — diz tentando se controlar.

—O que não fez, na verdade. — resmungo agora mais baixo.

—Alessa, só...— suspira pesado do outro lado— Só não faz mais isso, ou...

—Ou o quê? — questiono a interrompendo.

—Só... vai dormir...

Ouço o toque do celular indicando que ela desligou a chamada.

—Vai se ferrar! —digo para o celular que pisca seu nome na tela.

Respiro fundo. Ainda não são nem sete da manhã e já briguei com a Dayane, com certeza depois a Elise vai me ligar pedindo desculpas ou o que quer que seja em nome dela.

Será um dia longo, e não faço a mínima ideia do que fazer sobre isso. E se me reconhecerem?!

A ideia tola e infantil de Elise de usar óculos funcionou até o momento. Assistimos muito Supergirl e ela sempre acreditou fielmente que um dia eu iria querer ser uma super-heroína como a loira de aço. Ela está bem enganada. Mas aceitei os óculos por me ajudar a descansar melhor as vistas, pois no início controlar minha visão infravermelha era difícil.

Escolho um vestido justo vermelho até o joelho de gola alta e vou para a empresa, para mais um dia de trabalho. E como previsto, ao entrar no meu escritório ouço alguém me ligar. Elise em específico.

—Maninha tenho novidades! — a voz contente de Elise me incomoda de imediato, já que esperava um tom mais baixo e sensível— Tenho uma amiga aí dentro da empresa que você trabalha que pode te ajudar com o traje!

—O quê? — questiono sem entender.

—Um traje! Para que você possa ser uma super-heroína sem se preocupar! Mas relaxa, não disse seu nome, ela vai enviar o traje para os correios, de lá eu mandei entregar no seu endereço! — sua voz animada me deixa confusa.

—Você fez o quê?!— aumento meu tom.

—Para você ser uma heroína. — a voz abaixa um pouco.

—Não, não, não, eu não vou fazer nada e não vou usar um traje! — protesto com tom acusatório.

Mrs. VênusOnde histórias criam vida. Descubra agora