Capítulo 1: Mulher de Preto.

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Existem vários casos em que experimentos dão errados e tem resultados catastróficos, e nem sempre depende se eles foram feitos por pessoas qualificadas ou não, é apenas um fato. Podendo ou não o erro ser culpa de quem está fazendo os experimentos. Pois bem, acidentes acontecem.

Mas esse não foi o meu caso.

Uma criança órfã sem antecedentes é a melhor alternativa para se realizar testes. Para fazer um experimento com apenas um objetivo. Melhoria humana. Esse era o nome estampado nas pastas amareladas.

Mas não é porque eu tenho "poderes" que quero bancar uma de heroína. Sinceramente, a humanidade vale tudo isso mesmo? Por mim somos todos seres desprezíveis e nem somos merecedores de pena. Se os próprios homens causam sua própria destruição, por que alguém deveria intervir?

O som do telefone na minha mesa ressoa em meu escritório me tirando dos meus devaneios.

—Senhorita Amaral, reunião em 10 minutos— minha secretária avisa do outro lado da linha.

—Ok— respondo e devolvo o telefone para o gancho.

Separo alguns papéis em minha mesa, poucos, apenas um resumo mais prático de se analisar, as informações maçantes, mas necessárias, estão todas no arquivo online.

Sou a CFO, ou seja, ocupo o cargo de direção financeira de uma das maiores empresas do país. A Ceccini Company. Estou a bastante tempo nessa empresa, mas eu conheço todos? Não. Apenas um pessoal suficiente para exercer meu papel aqui, como a minha secretária. E algo que pode parecer estranho, mas é a realidade, é que não conheço o dono ou dona daqui. Apesar do sobrenome estar estampado fora do prédio quem quer que seja não tem interesse em aparecer em noticiários, ou até mesmo em reuniões, então quem aparece neles em seu lugar é Dominique Sayer, uma mulher de meia-idade dos fios crespos preto, olhos e pele no mesmo tom. Ela é uma mulher séria e comprometida com seu trabalho aqui, não é de amizades ou meio sorrisos, ela é eficaz e só isso importa.

Adentro a sala de reuniões com o soar do meu salto de sete centímetros preto, vestida em meu blazer e calça social da mesma cor, e uma camisa social branca com todos os pequenos botões fechados até o pescoço, meus fios pretos está alisado, espalhados por minhas costas e atrás de minhas orelhas. Minha pele clara fica em contraste com meus olhos azuis intensos, escondidos atrás de um par de óculos, os quais analisa todos em suas cadeiras e foca apenas na penúltima cadeira, ficando próxima da central.

Me sento na cadeira de costume e espero a CEO dar início na reunião. Antes eu achava que eram tediosas, apenas balela de gente rica, mas estando aqui à frente nas finanças vejo que, ao menos para mim, é bem mais que isso. Aqui estão os verdadeiros poderosos, mandachuva de todas as tecnologias criadas. Os cientistas fazem seus trabalhos na busca, enquanto nós garantimos que eles possam fazer isso, seja no controle de verba ou autorizações para compra de materiais necessários.

Tudo acontece de forma tranquila, apesar de ouvir algumas piadinhas que os funcionários trocam uns com os outros, que apenas eu, e eles podem ouvir. Algumas são realmente divertidas, o que eu nunca confessaria em voz alta, e outras são níveis de ofensa sobre-humano.

O dia passa de presa após mais algumas reuniões com alguns setores e entre alguns documentos.

O toque da chamada no meu celular ressoa dentro do meu carro, mas deixo que toque, estou dirigindo e não estou com paciência de sofrer um acidente de trânsito porque fui descuidada... ou eu apenas não quero atender minha irmã.

Após um longo dia me aconchego em minha banheira, deixando que a água quente choque contra meu corpo gelado e entramos em um equilíbrio térmico, até que novamente uma chamada me retira do meu tempo de conforto.

Mrs. VênusOnde histórias criam vida. Descubra agora