Capítulo 27: Meias-palavras.

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Ficamos alguns segundos em silêncio. Nenhuma de nós duas somos capazes de perfurar essa enorme bolha que foi criada cheia de tensão e meias palavras.

Dayane estava sim recebendo uma boa quantia de uma instituição criminosa durante grande parte da minha vida que estive unida a ela. É difícil não pensar o pior quando todas as peças se encaixam tão perfeitamente.

Ela e William se conheceram, ele de alguma forma poderia estar ligado tanto ao laboratório, quanto aos assassinatos. Tenho certeza que todas as mortes estão ligadas a aquelas merdas que rolavam entre quatro paredes sempre geladas, já eles precisavam manter tudo gelado para não perder as malditas substâncias.

Ah não de novo não. A enxurrada de informações, possibilidades e probabilidades percorrem minha mente ao lado de péssimas memórias e pensamentos piores ainda. Sinto o ar falta, é como se apesar de todo oxigênio existente, ele não fosse o suficiente para encher meu tórax. Na realidade é meu pulmão que não que consegue puxar o ar para si.

Minha cabeça lateja com a memória muscular me lembrando de quando eles tinham que tirar pequenos pedaços da minha pele, para prosseguir os experimentos. E em como eu passava horas e horas desacordada sendo cortada e remendada como uma simples boneca de pano.

—Alessa, ei, tudo bem? —uma voz se aproxima, mas mesmo assim é como se ela estive longe, muito longe de mim. O som abafado entra na minha cabeça pesada e dolorida.

Eu tento responder. Eu quero responder que estou bem. Mas não sou capaz de proferir qualquer palavra, é como se eu perdesse a habilidade do diálogo. Não consigo falar. Por que não consigo falar?!

—Eu estou aqui, está tudo bem, respira comigo. —diz enquanto minhas pernas lutam para segurar meu peso. Ela passa os braços por trás de mim, mas luto contra ela.

Preciso me acalmar. Preciso de ar. Preciso de espaço. Preciso sair daqui.

—Por favor, não foge, me deixa de ajudar. —insiste enquanto penso nas chances de tudo dar errado.

Por que dói tanto? Por que não posso simplesmente seguir a minha vida sem essas merdas de ataques de pânicos?!

Maldito seja quem fez isso comigo.

—Suas emoções são válidas, mas me deixe te ajudar, por favor... —tenta novamente me segurando mais forte enquanto foco minhas forças em tentar acalmar todas essas vozes internar que me devoram a cada segundo.

—Eu. Não. Consigo. Respirar.— respondo ofegante.

Ela me leva até o sofá e caminha se afastando novamente. Em alguns segundos ela chega com um aparelhinho.

—Solta todo ar dos pulmões, inspira isso pela boca e dispare o jato em seguida. —fala me entregando uma bombinha de ar.

Com as mãos trêmulas pego o aparelho e faço o pedido.

Sinto meu peito inflar com o objeto. Mas isso não cessa minha mente que trabalha contra mim.

—Estamos na minha casa embaixo do prédio da Ceccini Company— o que ela está fazendo?— Está de dia e cheio de seguranças lá em cima. Ninguém pode entrar aqui e te machucar. Você está segura.

Cerro os punhos numa tentativa de reduzir a dor no peito.

—Quer que eu saia?— questiona mansa e consigo notar a preocupação na voz dela.

Ela só quer me ajudar.

—Fica— digo tentando regular minha respiração

A sinto passar os braço ao redor de mim por baixo me abraçando de lado e me puxando para perto, enquanto repousa a cabeça em meu ombro.

Mrs. VênusOnde histórias criam vida. Descubra agora