Capítulo 8: Pijama de patinhos.

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Não sei por quanto tempo fiquei desacordada, mas acordo em um colchão confortável, bem confortável, até mais que o meu, eu diria.

—Mas que...— balbucio algumas palavras enquanto me sento sob a cama.

É um quarto médio, uma cama de kig size na qual estou, uma cômoda branca do lado esquerdo e uma estante no lado oposto, com alguns livros espalhados nas prateleiras. Não vejo porta-retratos espalhados, ou acessórios particulares como celular, chave, anéis, relógios...

Olho para baixo e estou usando um... pijama de patinhos? Ok, eu devo ter batido a cabeça, muito, muito forte...

Me levando e noto que as calças com desenhos ficam alguns centímetros mais curto, mas mesmo assim me sinto confortável. Me aproximo de uma porta que me revela um closet pequeno com algumas peças de roupas, e mais adiante há uma porta, que acredito que leva para o banheiro.

Na parede da cômoda tem outra porta, vou até ela e abro-a com cuidado.

Um corredor.

Caminho com passos lentos e delicados. Uso minha visão infravermelha e noto que há alguém na onde acredito ser uma cozinha, que é para onde estou indo.

Abro a porta com delicadeza e vejo um ambiente em tons mais escuros, oposto ao quarto que é em tons pastéis. Há uma pequena longa mesa oval posta com fartura de alimentos, e quatro cadeiras ao redor. Mais para frente há um balcão, e atrás dele prateleiras enormes que ficam no superior, algumas bancadas faz o formato "U" com um fogão e lava louças no meio, e mais alguns móveis de cozinha. Ao passar a visão para o lado esquerdo noto a presença de alguém. A da loira.

Me aproximo com cuidado até a mulher. Está de fones ouvindo alguma música que nunca ouvi na vida, enquanto prepara alguma coisa no fogão.

—Melina? — chamo-a, o que faz com que ela se assuste, mesmo sem precisar da super audição, é notório que seus batimentos se aceleraram.

—Estava tentando me matar?! — ofega entre as palavras levando a mão ao peito— Há quanto tempo você está aí?

—Poucos segundos. — digo com um risinho sarcástico.

—Estou fazendo nosso café da manhã! — responde animada, e assim se forma mais um daqueles enormes sorrisos em seu rosto. —E eu sei que você tem que comer bastante, então deixei uma vasta opção de comidas. — ela volta a prestar atenção na frigideira em sua mão— Fiz alguns ovos, e estou fazendo panquecas agora, mas também tem pão de forma, torrada, presunto, peito de peru, muçarela e alguns frutas na fruteira ao lado da geladeira. — a mulher volta a olhar para mim— É o suficiente? Se precisar posso pedir para entregar mais comida.

—Vai dar para o café da manhã— dou de ombros e caminho até a mesa posta. — Você fez tudo isso sozinha? — tem muita coisa na mesa, deve ter dado trabalho.

—Tive bastante tempo, e eu gosto de cozinhar quando preciso pensar...

—Achei que pensasse bastante naquele laboratório.

—São pensamentos diferentes, lá eu penso em química, física e biologia. Aqui eu posso pensar em coisas mais pessoais— ela vira a panqueca sob o prato no lado. Na pilha de panquecas.

Será que ela entendeu que eu como 12 mil calorias por refeição? Porque eu não nego comida.

—Aqui— diz colocando próximo a mim. Pego uma torrada e passo requeijão em cima e dou uma mordida.

Pelo visto minha manhã cheia de açúcares foi por água abaixo.

Noto que enquanto eu como, ela apenas fica sentada me observando.

—Por que estou aqui? — sou direta, ela encolhe um pouco com a pergunta, mas não recua.

—Bem... — começa a brincar com os dedos — Ontem depois... daquilo... você ficou bem fraca e desmaiou...

—Eu não comi direito...— digo mais para mim, do que para ela.

—E eu te fiz lutar um bom tempo, provavelmente isso te enfraqueceu, então eu te trouxe para cá, e troquei seu traje, me desculpa se invadi seu espaço, só queria que você tivesse um boa noite de sono e...

—Tudo bem. — a interrompo para que ela se acalme entre as palavras que saem de forma frenética. — Pijama de patinhos é? — dou um sorriso de canto sarcástica, e a vejo ruborizar um pouco.

—Eu pensei em te dar soro, mas pelo visto sua pele é realmente impenetrável. Então apenas te deixei descansar um pouco. E eu acordei hoje cedo e pensei em preparar algumas coisinhas para você se recuperar...

—Tem bastante coisa aqui— dou um sorriso de soslaio. — É bem mais que "algumas coisinhas"— faço aspas com as mãos para simbolizar.

—É... bem...— fica um pouco nervosa.

—Tudo bem. — a acalmo. — Acho que isso é bom, eu podia jurar que você morava naquele laboratório— digo em tom brincalhão, mas noto que ela desvia o olhar.

—Eu não moro no... laboratório, — enfatiza bem o "no"— Mas ele fica na terceira porta.

Largo a torrada no prato e a encarro abismada.

—Espera, você mora no porão?!

—Gosto do meu trabalho, e para mim serve mais como um hobby— responde se levantando e indo até o bebedouro.

—Mas você sai daqui né?

—Claro, vou fazer compras, e às vezes saio apenas para tomar um ar e essas coisas, mas gosto muito desse meu cantinho— diz pegando um copo d'água.

—Uau... bem, ok, então— pisco freneticamente tentando assimilar. —Mas... como você me trouxe?

—Bom... eu gostaria de me gabar dizendo que fiz tudo sozinha, mas tive uma ajudinha...— inclina a cabeça dizendo com uma voz bem mansa. É um pouco fofo até.

Ela olha em direção à porta, e em alguns segundos a vejo sendo aberta.

—Olá senhorita Amaral— o robô aparece dizendo.

—Se eu não o tivesse socado ontem, com certeza estaria com medo agora— digo fazendo um sanduíche com maionese, presunto, peito de peru e muçarela.

—Ela me ajudou a te trazer, e tive que esperar chegar à noite para não chamar muita atenção..., mas bem, deu certo!

—A senhorita Melina te colocou em pé e fingiu para o segurança que você estava bêbada a carregando até o elevador enquanto eu passei escondido— Queen responde se aproximando.

—Sua dedo duro! — a loira protesta batendo o pé. — Hum, ok, então, eu vou para o laboratório trabalhar em alguns protótipos, e você pode ficar aqui, ou sei lá, bem, ficar conversando com a Queen ou vocês duas podem ir para lá, ou...—diz caminhando até a porta aberta.

—Respira Melina— interrompo a explicação frenética.

—Hum, ok, então, e... Ah... caso esteja com dúvida, eu dormi no quarto de hóspedes, então, tudo bem... tchaau— prolonga a última palavra e some atrás da parede.

—Pelo visto ficamos nós duas— digo olhando a robô.— Estou ficando louca falando com uma caixa de metal— resmungo saindo do cômodo.

—Sou um robô, não uma caixa de metal! — rebate de longe.

Após achar meu traje, o visto para voltar para o meu apartamento. Hoje é domingo, significa que não terei que trabalhar, assim como significa que estou sem nada para fazer. Normalmente eu iria passar horas e horas fazendo compras pela internet, ou apenas faria uma corrida para fingir que meus músculos não são apenas devido à genética. Mas hoje acredito que posso fazer outra coisa.

Descobrir o porquê daquele grupo ter atacado minha irmã e sua amiga, e, aliás de quem eles estavam atrás? E será que o bebê está bem?

Não sei, mas terei que ir atrás dela para descobrir...

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Mrs. VênusOnde histórias criam vida. Descubra agora