Capítulo 34: Caminhada.

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—Marcio Souza. —a mais velha dita seu nome saboreando cada palavra.

O irmão mais novo de William. Seu nome foi visto poucas vezes no caso, nada indicava que ele tinha algo a ver com o caso.

O nome de William apesar de conhecido, ficou apenas entre os agentes, pois não acharam adequado espalhar visto que o caso não foi totalmente resolvido e poderia fazer o restante se esconder. E isso é tudo que não precisamos.

—Chloe Duarte. —a mais velha semicerra os olhos ao ouvir o próprio nome.

Com o tempo em que ela esteve casada, um marido após o outro, provavelmente ouvir o sobrenome próprio deve ser algo estranho.

—A que devo sua presença aqui? —o homem abre um leve sorriso de soslaio.

—Vim falar com a senhora sobre a venda da Tech Forward.

—Deveria ter marcado um horário. —responde fria e rígida. —A reunião está encerrada.

Chloe se levanta pegando alguns papéis na mesa. Vejo a sua silhueta sair pela porta ao lado do homem de talvez uns 40 anos? Algo assim.

A Tech Forward foi uma empresa da família quando ainda viviam na Itália, sendo o legado dos pais de Afonso Ceccini. Era uma época diferente, pelo que Melina me contou, Afonso vivia entre viagens de negócio indo e voltando dos Estados Unidos, onde abriu a própria sede. Nem mesmo ela sabe o que aconteceu, mas eles fecharam, decidiram mudar para o Brasil todos juntos e abrir uma nova empresa com um novo nome.

Melina me encara como se estivesse com receio de falar algo errado. Como se nossa relação fosse tão sensível quanto uma vidraçaria, que com apenas um encostar do dedo ele pudesse fazê-la estraçalhar em mil pedacinhos.

—Vamos conversar lá fora. —quebro a tensão entre nós. Ela acena levemente com a cabeça.

Caminhamos para fora. Aparentemente Melina ama caminhar, ainda mais se for ao ar livre.

A brisa suave e gélida do mês de novembro, refresca nossos rostos. Ela não parece muito confortável. Com as mãos dentro dos bolsos do sobretudo, coração acelerado e olhos extremamente fixos à estrada da calçada. Que é realmente uma surpresa agora ela estar tão "vazia".

A loira está inerte nos próprios pensamentos e a vejo as vezes abrir os lábios para tentar dizer algo, mas sempre recua e permanece quieta.

—O que você quer dizer? — ela se dá um leve pulo de susto, devido minha voz, provavelmente não estava esperando que eu inicia-se o diálogo.

—Nada, é só... —deixa um longo suspiro escapar pelos lábios.

—Quem lê mente aqui é você e não eu. —brinco para tentar amenizar a situação.

Essas semanas inteiras na verdade foram bem estranhas, depois de tanto tempo sempre nos vendo, eu não fui até o laboratório dela, por ela simplesmente não deixar, dizendo que estava ocupada e que não poderia me dar atenção. Eu até falei que não me importava de ir só para fazer companhia, mas ela não concordou.

Ela não pode ter lembrado daquela noite no hotel né? Ela estava tão triste e bêbada que deve ter deletado aquelas palavras.

E se... e se ela não tiver esquecido e por isso essa semana está mais afastada? E se ela disse aquilo sem pensar, se arrependeu e agora tem medo de fazer algo?

Merda.

Será que pergunto? E se eu perguntar e só então ela se lembrar e piorar tudo?

São tantos "e se" que até minha cabeça se sente enojada.

Mrs. VênusOnde histórias criam vida. Descubra agora