—Como você pôde fazer isso comigo? —questiono com os olhos marejados.
—Eu já disse que não foi eu Alessa...—a loira tenta se aproximar e encostar em mim, mas eu recuo.
—Mentirosa! Desde o primeiro dia que pisei o pé na droga desse laboratório você vem mentindo para mim e me manipulando! —deixo as palavras saírem de forma frenética e com ódio.
—Não, eu...—uma lágrima escorre sob a bochecha.
—Cala a boca! —dou um passo para frente. —Você sabia de tudo! E me enganou. Eu confiei em você Melina. Eu confiei em você contra todos meus instintos. Confiei em quem eu sabia que mentiria para mim... —digo baixando o tom.
Sinto seu corpo se aproximar de mim. Ela leva as mãos para os meus bíceps apertando levemente, olhando em meus olhos e balançando levemente a cabeça.
—Sinto muito... —ela diz.
—Você sente muito? —lágrimas escorrem sob meu rosto, e a sinto pressionar mais meus braços. —Você quem mandou matar minha esposa! —elevo o tom. —Você quem mandou matar Sara Hildorf, Júlia Campos, Gabriel Gray, Lucy Bishop, Rodolfo Sanchez, e quis também acabar com a vida de Fernanda Culler! Você é um monstro! —ela me solta se afastando. —E tudo isso para quê? —dou um passo para frente. —Esconder de todos que você é uma psicopata igual a droga do seu pai? —meus olhos marejam a ponto de lágrimas escorrerem.
Recuo para trás ao analisar minhas palavras. Mas eu tive que fazer isso.
Melina baixa o olhar limpando as lágrimas com as costas da própria mão.
—Sai daqui... —ela esbraveja se direcionando até a mesa própria com passos longos e duros.
Contenho meus instintos de abraça-la e dizer que sinto muito por isso ter tomado esse caminho.
—Eu sei... —confessa num sussurro quase proibido, tentando se distrair com algumas amostras na mesa.
Me aproximo das costas da mais nova. Com o rosto próximo aos fios soltos formando algumas ondas.
—Sinto muito que isso terminou assim...
Dou meia volta no local indo até o elevador.
Volto para a delegacia à procura do detetive. Sou encaminhada para uma sala privada vazia. Fico ali com a cabeça encostada na parede pensando em tudo na escuridão do ambiente. Raciocinando as informações da última hora.
Deixo meu corpo descansar na parede gelada, enquanto minha mente tenta pensar numa resposta melhor para isso. Não é possível que tenha que ser assim.
A porta se abre lentamente, e a silhueta aperta no interruptor ligando uma luz fraca. A porta se fecha, e instantaneamente nos aproximamos e a sinto passar os braços pela minha cintura enquanto pousa o rosto em meu ombro. Deixo que as lágrimas escorrem sob meu traje, enquanto minha cabeça recosta de lado em sua cabeça.
—Eu não queria te magoar. Me desculpe...—digo em tom de súplica e arrependimento.
—Eu sei. —ela me puxa para mais perto suspirando pesado. —Você tinha que dizer aquilo. Tinha que ser convincente. E fico feliz que tenha entendido que deveria continuar.
—Com certeza se eu fosse humana aqueles apertos deixariam marcas. —deixo um riso fraco escapar dos lábios. —Tudo bem? —questiono puxando o rosto da mais nova entre minhas mãos.
—Sim... será que ela ouviu? —vejo medo nos olhos cor mel, agora noto que é misturado com amêndoas. Ela procura no meu rosto algum indicativo que deu tudo certo.

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Mrs. Vênus
Ciencia FicciónAlessa Amaral, CFO da empresa de tecnologia Ceccini Company aos 26 anos, terá que enfrentar as consequências pela exposição dos próprios dons, que vem acompanhado com a volta de um serial killer que manchou seu passado. Movida pela vingança, entre...