—Você deveria estar dormindo. —é tudo que diz.
Rapidamente escondo as coisas das minhas mãos. Usando a super velocidade para jogar de fininho para o canto.
Sinto minha pele gelar ao ver a mulher ali em pé.
—E você também. —finjo casualidade me levantando.
—O que estava fazendo? —questiona dando um passo para frente semicerrando os olhos.
Pensa rápido!
—Estava com insônia, então procurei algo para comer. Mas já estava voltando para o meu quarto. —uso meu melhor tom de convencimento.
Vejo a feição da mais velha relaxar e um sorriso curto surgir.
—Uma vez ladra na madrugada. Sempre ladra na madrugada. —comenta rindo indo até a geladeira.
Saio da sala a deixando só. No corredor a vigio para que rapidamente eu possa arrumar tudo em que mexi. Menos devolver a foto. Ela eu vou manter comigo.
A noite é longa e cheia de pesadelos.
Malditos pesadelos.
E o cenário é sempre o mesmo. Eu em uma cela sentada e recostada na parede áspera e gelada, observando a garota na cela da frente. Elizabeth Cardoso. Uma garotinha que assim como eu estava nos laboratórios de testes. Ela era mais velha que eu. Três anos apenas. Mas para o bem ou para o mal, os experimento não funcionaram nela. Às vezes penso que isso foi uma dádiva, pois ela não precisou viver com essa substância correndo em suas veias e ser constantemente lembrada disso e cobrada de ser sempre superior a todos e ser uma espécie de "anjo da guarda". Por outro lado, eu sinto falta dela, ela foi a única outra criança que eu via naquele lugar, pode ser maldade, egoísmo ou qualquer adjetivo ruim, mas eu gostava de não me sentir só.
—Achei uma coisa. —comento entrando no laboratório tão conhecido por mim.
Assim como sempre, Melina está focada em alguma coisa naquela mesa gigante.
Ao ouvir minha voz, seu corpo se direciona para mim. A cada passo que dou em sua direção, ela desce mais o olhar pelo meu corpo. Provavelmente estranhando minha escolha de roupas. Mas isso não me faz corar menos e me sentir menos envergonhada.
Cadê minha autoconfiança que sempre existiu nesse momento?!
Estou usando uma calça jeans preta, regata branca e uma jaqueta preta. Não é meu estilo usual, e muito menos o que me deixa mais elegante, mas é o necessário para o que penso em fazer hoje.
Me recosto na mesa, em uma tentativa falha de demonstrar sutileza e indiferença, pois apesar de me sentir envergonhada, me recuso a demonstrar isso.
Mesmo falhando miseravelmente sempre.
—O quê? —questiona alternando o olhar entre meus olhos fixos aos dela.
Pego a foto que coloquei no meu bolso, sob a mesa, sendo acompanhada pelo olhar curioso da loira. Em alguns segundos ela pega a imagem e aproxima para analisá-la melhor.
—Essa é a sua mãe e o William. —responde enquanto observa a foto.
—Exatamente.
—Eles parecem próximos. Eram amigos?
—Não sei, mas provavelmente, sim, baseado nessa foto.
—Onde está a outra parte?
—Não sei, só achei esse pedaço em um álbum de fotos velho na mala dela.
O olhar suave da mulher migra para mim em dúvida.
—Devo ter esquecido de citar que a parasita resolveu ficar na minha casa até achar um lugar.
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Mrs. Vênus
Science FictionAlessa Amaral, CFO da empresa de tecnologia Ceccini Company aos 26 anos, terá que enfrentar as consequências pela exposição dos próprios dons, que vem acompanhado com a volta de um serial killer que manchou seu passado. Movida pela vingança, entre...