—Então o Augustes é a Aisha? —questiono.
—Pelo menos transfóbicos eles não são. —o detetive comenta me fazendo rir um pouco.
—Nesse quesito é melhor que algumas pessoas da empresa. —respondo indo até o carro da loira.
—Como assim? —a loira pergunta abrindo a porta.
—Ia falar com você, mas acabei esquecendo. Mas tem dois homens que fizeram alguns comentários a respeito da Dominique. Mas falamos sobre isso depois. —respondo entrando no carro. Melina faz sua pequena corridinha até o banco de motorista.
A chuva começa a cair com pequenas e fracas gotas, aumentando gradativamente no decorrer do tempo.
—Mannaggia! —reclama.
Estava com saudades desse sotaque acentuado.
—Essa é a primeira vez que te vejo xingar no trânsito. —comento enquanto ficamos presas no engarrafamento, enquanto o sinal está fechado e o limpa para brisa trabalha a todo vapor.
—Odeio dirigir debaixo de chuva. Na verdade, não sou a maior fã de chuva.
—Sério? Ela é tão incrível, amo ouvir o som das gotas chocarem nos objetos.
—Ela é bonita sim, mas quando se está dentro de casa protegida. Sair com chuva é horrível.
—Você deveria banhar na chuva para aproveitar de verdade. —respondo cruzando os braços. Ela migra rapidamente o olhar para mim arqueando a sobrancelha.
A maldita sobrancelha que me desconcerta e lá vai meu cérebro virar uma amoeba. Droga.
—E você já banhou na chuva? —questiona sincera.
—C-claro —respondo tentando manter a postura.
—Eu sempre soube que sua pose de durona é só pose mesmo. —responde rindo olhando para frente.
—E eu sempre soube que sua pose de garota doce e meiga era só pose mesmo.
—Eu nunca disse que sou doce e meiga.
—E eu nunca disse que sou durona. —ela me olha furtivo e ambas rimos com nossas falas.
—Acho que não deveríamos pressupor coisas uma sobre a outra. —ela diz com um sorriso nos lábios. —Eu adoraria te conhecer melhor a cada dia. —diz migrando o olhar para mim.
—É claro que adoraria. —respondo fingindo pose e recebo um leve empurrão.
O sinal abre e ouço ela acelerar, seguimos em silêncio e logo estamos na empresa. Sinto meu celular vibrar no bolso e encontro um email de um contato desconhecido.
"Primeiro endereço: Mansão Ceccini, andar -1.
Segundo endereço: Setor Jardim das rosas, rua 72, quadra 61, lote 02"
—O que foi? —a loira questiona tirando a pipoca da panela de pressão e despejando na vasilha.
—Recebi um email com dois endereços.
—Quem enviou? —aproxima de mim no portal, indo para a sala de estar.
—Não sei. Está endereçado como "paraexperimento001"—ela para de andar e me olha.
—Esse não é...
—Meu número como experimento? Experimento 001? Exatamente. —ironizo me sentando no sofá.
—O que vai fazer?
—Agora vou comer pipoca e assistir um filme com você, e depois verificar os endereços. —ela se senta ao meu lado com um olhar pidão. —E não você não vai comigo, não acredito que seja coisa boa.
—Mas é casa da minha família. —protesta.
—Por isso mesmo. Você vai ficar aqui segura e eu vou averiguar.
Ela insiste um pouco, mas sabe que no quesito segurança eu não sedo, mesmo quando ela arqueia as sobrancelhas e faz olhinhos de gato misturado com um biquinho charmoso. Confesso que é tudo bem tentador e eu cederia até se ela pedisse para que eu passe todos meus bens para o nome dela. Mas colocá-la em risco é maior que tudo isso e não posso aceitar.
Assim como dito, ao terminar o filme "Capitã Marvel" pela décima oitava vez, vou atrás dos endereços.
Felizmente Chloe não estava em casa, averiguo tudo, mas não encontro nada, nem minhas habilidades aprimoradas não encontram nada.
Vou até o segundo endereço, parece mais uma casa abandonada. Com uma estética sombria e velha. Ligo a luz com cuidado e olho ao redor, nada. Adentro mais com passos suaves ouvindo a madeira ranger debaixo dos meus pés. A iluminação pisca algumas vezes e vejo apenas poucos feixes de luz adentrarem a residência que mais parece ter saído de um filme de terror.
Móveis velhos e quebrados adornam o ambiente. Será que estou no lugar certo?
Dou um passo em falso quebrando a tábua fazendo minha perna escorregar para baixo.
Sinto meu corpo cair no chão, com nada além das minhas costas para amortecer a queda. Me levando passando a mão no cabelo para tirar o pó. Pelo menos estou com meu traje, se eu morrer aqui a Melina vai me encontrar.
Na verdade, não sei se isso é realmente bom.
Até ficaria pensando nisso, mas o que vejo me tira dos pensamentos. Quando foi que virou comum eu achar quadros marrons com casos solucionados? Eu não faço a menor ideia. Mas sei que aqui é literalmente uma receita de como prender cada membro dos Mandantes e por não ter uma ficha de Afonso, acredito que era aqui que ele ficava e mantinha informações suficientes para arruinar a vida de todos que participaram de alguma forma do projeto.
Pelo visto se ele fosse pego, iria fazer todos irem junto.
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Mrs. Vênus
Science FictionAlessa Amaral, CFO da empresa de tecnologia Ceccini Company aos 26 anos, terá que enfrentar as consequências pela exposição dos próprios dons, que vem acompanhado com a volta de um serial killer que manchou seu passado. Movida pela vingança, entre...