03

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CAPÍTULO 03

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08 DE JANEIRO.

Em Chicago.

O alerta de e-mail chamou minha atenção, então me desvencilhei do ômega, que ainda ofegava após o orgasmo, e peguei o celular deixado na mesa de cabeceira.

— Nada de trabalho, doutor Lan, temos uma noite inteira para aproveitar, esse é o nosso tempinho de pausa.
Kang se espreguiçou, mostrando o peitoral definido, ele era um antigo colega da faculdade, que encontrei no final da tarde após o encerramento da conferência em Chicago.

— Você é médico, sabe que ter um tempinho não existe para nós —
respondi, abrindo o e-mail.

— Duvido que sua mensagem seja melhor do que isso aqui. — Ele sorriu com lascívia, abrindo as pernas para se tocar.

Caso desse atenção ao meu pau, em busca de um orgasmo, teria mais uma rodada, porém o acordo era simples: um drinque, talvez um jantar e sexo, somente.
Funcionava perfeitamente na faculdade, antes de eu conhecer Langjiao e nos casarmos, então retornei ao mesmo método nos últimos meses para tirar o atraso da falta de sexo entre o fim do casamento e o divórcio, para tentar, de alguma forma, extravasar o mal humor.
De acordo com meus amigos, eu andava cada dia pior, porém descobri recentemente que trepar com o famigerado, recém-divorciado, cirurgião Lan, abriu a temporada para os casamenteiros de plantão.

Deslizei a tela para desbloquear, ignorei o ícone de chamadas piscando e as mensagens no grupo de amigos de outro aplicativo, aquela seria a desculpa perfeita para encerrar a noite.

No entanto, ler o que meu pai tinha enviado, notando a seriedade do conteúdo, com sua resposta final sobre minha proposta, fez com que os momentos de relaxamento fossem esquecidos em um estralar de dedos.
 
Para: Wangji
Não estou de acordo com seu pedido.
Caso insista, tomarei providências em relação a suapermanecia como chefe da traumatologia no St. Helen, em Vail.
Aceitei quando se recusou a assumir a direção do hospital,passando a responsabilidade para seu irmão, mas desta vez não cederei aos seus caprichos, Wangji.
Estou inclinado a fazer drásticas mudanças e colocá-lo comodiretor no St. Helen em Chicago e não duvide, tenho meios deobrigá-lo.
Desista dessa ideia enquanto estou pedindo, não será um câncer estúpido que me impedirá de cumprir com os meus deveres como pai e responsável pela reputação da nossa família.
Seu pai,
Lan Qiren.

— Porra, sinto muito, Kang. O quarto está pago, fique ou volte para o seu — praguejei, pulando e descartando a camisinha usada antes de caminhar em direção ao banheiro.

—  Wangji? — ele reclamou, mas eu já estava com minha mente em outro lugar.
Aliás, esteve durante toda a noite, aquela situação estava cada vez mais insustentável e tudo por culpa de Langjiao e sua recusa em sair do meu hospital.

Entrei no banheiro, discando o número da casa dos meus pais, sabia que se tentasse o celular seria ignorado.

Marie, a antiga governanta, atendeu no segundo toque, mas a conversa não passou de um “Olá, querido, seus pais não estão acordados”.

Diante da clara recusa em me atender, agradeci e desliguei.

— Droga! — Esmurrei a bancada antes de entrar no chuveiro.
Sairia dali direto para o aeroporto, se conhecia bem meus pais, já deveriam estar armando alguma coisa para me manter ali em Chicago.

Tenho que voltar para o Colorado hoje!
Sentia-me culpado em partes, por impor um momento turbulento para eles, principalmente para o velho Qiren, há três anos ele se afastou brevemente da direção do hospital modelo, o St. Helen, em Chicago, para cuidar de um câncer no pulmão.
Felizmente ele ficou bem após o primeiro tratamento e voltou ao comando de tudo, o que me possibilitou recusar o cargo como diretor interino e indicar a vaga no Hospital Universitário para meu irmão, Huan
Porém, meses atrás, soube através do Dr. Sanches, seu médico particular, que novas células cancerígenas foram encontradas em seus exames, mas o velho é teimoso demais para dar o braço a torcer e quer continuar fazendo tudo do seu jeito, incluindo suas chantagens.

Dr.Gelo Onde histórias criam vida. Descubra agora