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CAPÍTULO 21

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21 DE JUNHO.

Algumas semanas depois.

Ella estava tagarelando sobre seu plantão interminável e todos os boatos correndo pelo St. Helen, sobre uma auditoria que estava se arrastando mais do que o normal, deixando os funcionários nervosos e com medo.
Não queria falar sobre o hospital, ou sobre o doutor Lan, levei mais tempo do que esperava para deixar de pensar naquele alfa e em cada momento daquela noite.
No entanto, minha amiga tinha suas próprias ideias sobre histórias de amor e acreditava que, assim como a Cinderela, o médico que estava ainda mais aterrorizante do que antes, apareceria em nossa porta, segurando um sapatinho de cristal para me “salvar”.

Quanto a isso, a deixei despreocupada ao fazer questão de me certificar que nada ficasse para trás naquela noite, nem mesmo os vinte mil dólares, mostrando ao doutor que tudo não passou de um acordo.

— Ah, preciso contar, ontem finalmente chegou a paciente para a área de queimados, aonde a doutora Langjiao vai trabalhar a partir de agora.
Minha amiga suspirou com tristeza, atraindo minha atenção.
— Eu contei que a ex ficou no hospital? Eles nem se cumprimentam, mas ouvi falar que ela passará mais um ano lá.

— A paciente, como está? — se a pergunta soou estranha, Ella não demonstrou, mas contou que não viu a menininha. O pai não queria expor a criança, mas que estavam todos muito esperançosos para ajudá-la, mesmo sendo uma situação grave.

— Fico muito feliz ao ouvir boas notícias —
murmurei, sentindo meus olhos arderem com as lágrimas represadas.

— Então por que está novamente com essa carinha triste?

— Não estou triste. — Sorrio, parando o carro no sinal antes de contornarmos a próxima avenida em direção ao nosso bairro.

— Está, desde que teve seu encontro com o doutor Lan . Seus olhos vão direto para Yanli no banco de trás —, ou quando comenta como ele agiu com sua filha e vice-versa.

— Ella, nem tudo é como em seus livros de romance. — Dou uma risada, olhando pelo retrovisor e meu humor se evapora, mesmo quando ela continua me provocando.
Meus olhos estão no carro com vidros fumê grudado na minha traseira.

Qual seria a probabilidade do meu mundo, já bagunçado,desmoronar de vez com mais uma paranoia, achando que tem alguém me perseguido pelas duas últimas semanas?

Não espero uma resposta do universo, seria melhor não arriscar a minha sorte de centavos, por isso, piso no acelerador, assustando minha amiga.

— Você está em modo piloto de fuga ou está com dor de barriga, Wuxian? — Ella pergunta, olhando-me de lado e agarrando o cinto de segurança.

— Posso só estar vendo coisas, mas tenho certeza de que o carro de trás está nos seguindo desde que saímos do mercado e depois quando passamos na padaria.

Havíamos tirado o dia para abastecer a dispensa, pagar as contas no caixa rápido e receber o desconto na troca dos tíquetes de alimentação, mas já estava arrependido de ter feito isso no dia que Yanli não ficaria na creche.

— Não fala besteira que já me borro inteira, droga, não estou com meu taco aqui — ela resmunga, olhando por sobre o ombro, notando o Ford preto nos seguindo.

— Desculpa, ando meio cismado com tudo, acredito que seja falta de dormir — reclamo, passando no sinal um segundo antes de ele fechar.

— Para tirarmos a prova, entre na esquerda e vamos pelo caminho da igreja, qualquer coisa entramos no estacionamento do ringue de patinação.

Dr.Gelo Onde histórias criam vida. Descubra agora