CAPÍTULO 24
Meus ouvidos captavam a voz rouca e meus olhos acompanhavam os gestos das mãos grandes, despenteando os cabelos grossos.
Aqueles olhos dourados estavam fixos em meu rosto e escureciam à medida que ele falava, mas eu não conseguia assimilar nada, minha mente parou de processar qualquer coisa no momento que o “nos casando” saiu dos seus lábios.Nos últimos dias, me esforcei para esquecer sua boca, seu cheiro, o timbre rouco da sua voz e o toque das suas mãos, mas a primeira pergunta que fez ao me ver naquela noite foi: aonde está Yanli?
Chao nunca tinha perguntado primeiro sobre a filha, ou demonstrado algum tipo de interesse ao chegar em casa, raramente a pegava no colo, exceto se fosse para ser fotografado ou na presença da nossa família.
E era a segunda vez que aquele homem estendia seus braços para minha menininha com carinho.Aquilo deveria ser um sonho, na verdade, um pesadelo, graças às fanfics que minha amiga criava em sua mente sobre eu e o médico, vivendo uma nova versão de Cinderela.
— Casamento ? — a palavra salta dos meus lábios como se fosse um xingamento.
— Parece piada, eu sei — Ele se afasta —, mas a verdade é que eu preciso cortar o mal pela raiz e só você pode me ajudar. Será uma troca mútua e acredito que um ano seria um tempo razoável, o que acha?
— Não compreendi o que disse — precisei interrompê-lo para tentar alcançar seu raciocínio, mesmo que a minha vontade fosse de gritar, colocá-lo para fora e fingir que o doutor Lan nunca bateu em minha porta.
— Podemos sair para jantar e conversamos melhor? — Seus olhos foram direto para cozinha, aonde só temos uma geladeira velha, fechada com auxílio de uma borracha, um fogão, a mesa e os armários recém-pintados de branco.
— Parece que ainda não comeu nada.Pelo tom murmurado e o franzir das sobrancelhas, tenho a sensação de que o médico está questionando se existe alguma comida naquela casa.
— Não estou com fome e não entendo aonde quer chegar com essa história.
Descruzei meus braços, dando um passo para trás.
— Na verdade, doutor Lan, gostaria de não ter nenhum contato com o senhor.
— Por qual motivo? — Ele parece realmente estarrecido com meu pedido. — Nos damos bem na cama, é um fato, sua filha estará segura e você terá acesso a uma soma inimaginável para viver em qualquer lugar do mundo.
— Me casando? — Gargalho tão alto que assusto a nós três. — Se existe algo que nunca mais farei em minha vida é casar e, para ser bem sincero, não me importo com os seus problemas, tenho os meus e mal dou conta, imagina ainda ter que ajudá-lo a cuidar dos seus?
— Como disse da primeira vez, todos têm um preço, ouça a minha proposta primeiro e tente recusá-la em seguida.
Aquele tom arrogante me fez revirar os olhos e senti uma vontade insana de pegar aquele taco de beisebol e acertar aquela cabeça dura então continuava a falar.
— Minha vida está de ponta cabeça, após ser traído e virar manchete de jornal, acha mesmo que eu gostaria de arriscar ser o corno pela segunda vez?
Suas mãos se elevam, como se fosse arrancar os próprios cabelos.
— Quando a notícia se espalhou, meus pais, somente pelas aparências, decidiram que eu deveria continuar casado e fingir que não era corno, mas agora estão à caça de um substituto para o cargo …— Sinto muito — o interrompi fingindo sarcasmo, pois eu entendia perfeitamente aquela merda em particular, porém, já estava apontando a porta da rua —, mas não sou a pessoa certa para ajudá-lo.
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Dr.Gelo
Fanfiction- Estou disposto a pagar para ser meu esposo pelo próximo ano. - Pretende me pedir em casamento? - Na verdade, será uma parceria, um contrato com uma cláusula: sem camas separadas. Junto a isso, prometo proteger você e a criança. O al...