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CAPÍTULO 16

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Passava da meia noite quando o carro atravessou os jardins, bem abaixo de onde eu estava, com meu pau a meio mastro há mais tempo do que gostaria, esperando por aquele ômega.

Vê-lo se esforçando para proteger a criança da ventania não diminuiu a minha atração. Caso fosse um homem pensando racionalmente, teria me sentido culpado por arrastá-lo até aqui com a filha tão tarde da noite.

— Senhor Lan, os quartos foram preparados como pediu, mas estou com uma dúvida — Greta se aproximou da sacada, sua voz era baixa e eu podia imaginava por qual motivo.

Além de mim e dela, ninguém podia entrar no berçário, montar tudo aquilo foi uma tolice induzida pelo luto.

Diante do meu silêncio, ela continuou:
— O berçário, tem certeza de que devo instalar a criança ali?

Greta presenciou cada dia que me tranquei naquele cômodo, cuidando para que ficasse o mais perfeito possível.
A campainha ecoou pela mansão e me virei, encarando a velha senhora, que ainda estava vestida com seu uniforme e com seus cabelos grisalhos presos em um coque firme, apesar da aparência elegante e dos traços austeros, seus olhos tinham um brilho de lágrimas.

Estava na hora de alguém usar aquele quarto e, após Wuxian e sua filha partirem, tudo seria enviado para doação, certamente não conseguiria me livrar daquela escuridão em minha alma e não havia mais motivos para manter aquele lugar intacto.

— Receba-os conforme pedi. — A mulher balançou a cabeça em concordância antes de se afastar.
Tudo aquilo que me foi tirado jamais voltaria. .

Por instinto, aplumei os ombros, sentindo a pele das costas como se estivesse sob a agulha do tatuador novamente, gravando minhas memórias.
Por ser médico e altamente racional, sabia que todas as sensações e emoções que eu estava sentindo naquele instante eram frutos da minha mente doente e, após confrontar meu pai sobre a perda do meu filho, algo em mim quebrou novamente.
Instantes depois, ouvi Greta conduzindo Wuxian escada acima, se apresentando e dando boas-vindas, algo que tinha murmurado no momento que o vi descer do carro.

Poderia esperar ali, mas estava muito inquieto e, por isso, fui ao seu encontro e precisei me segurar do outro lado do corredor, observando-o andar pelo quarto aonde sua filha dormiria.

Wuxian não fazia ideia de como estava sexy naquela roupa mais informal, muito diferente da fantasia ousada que estava usando na festa.

Seu l cabelo caia em  sobre as costas e isso ressaltava sua beleza natural.

Coloquei as mãos nos bolsos da calça, empurrando meu pau que chegou a doer ao vê-lo se inclinar sobre o berço para colocar a menina.

— Senhora Donald, tem certeza de que posso deixar minha filha aqui? — Wuxian perguntou em tom desconfiado.

— Me chame de Greta, querido, e fique à vontade, aqui tem tudo o que possa precisar. — A governanta sorriu.

— Trouxe as coisas de Yanli — Wuxian sorriu, mostrando uma bolsa grande de bebê, junto com uma menor, sobre a poltrona de canto perto da enorme janela.
O quarto era arejado e dava de frente para o outro lado da casa, pensei em todos os detalhes para que a luz do sol invadisse aquele cômodo primeiro e não fosse tão frio quanto meu quarto do lado oposto.
Greta continuou a mostrar cada detalhe que pudesse ser importante, o closet, banheiro equipado e o receptor da babá-eletrônica com câmera, que entregou para Wuxian.

— Eu não sabia que o doutor Lan tinha filhos, será que a ex-esposa não vai ficar chateada se usarmos o quarto? Wuxian surpreendeu a mim e a Greta com seu comentário.

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