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CAPÍTULO 27

Uma semana depois.

Entreguei o prontuário ao residente, que continuava me olhando como se houvesse algo estranho em meu rosto.

— Algum problema, Dr. Ruam?

— Não, Dr. Lan — ele negou, se voltando para o grupo que está de plantão. ..

— Terminem as visitas e podem se revezar para responder antes das provas finais.  Percebi que, novamente, estavam me encarando. — Que porra estão olhando?

— É que está sorrindo, isso é estranho — uma das residentes respondeu.

— Vocês estão realmente com todo esse tempo livre para ficar me analisando? — perguntei no tom que espantava até os curiosos.
— Enfermeira Gina? .

— Sim, Dr.Lan.

— Selecione alguns residentes para curativos, outros para triagem na Emergência e os mais observadores vão para o laboratório — ladrei a ordem com um grande sorriso.

Dispensei-os com um aceno, voltando minha atenção para as prescrições sobre o balcão.
— Quem não ficaria de bom humor fodendo todos os dias? — resmunguei em voz baixa.

Droga! Não poderia negar, nos últimos dias eu só queria correr para casa ao final de cada plantão, ouvir uma boa música, o choro de bebê e terminar minha noite com Wuxian.
Meus pensamentos foram interrompidos por um pigarrear às minhas costas e, antes de me virar, avisei:
— Não se atreva a falar que estou sorrindo.

— Não vi e nem ouvi nada, Dr.Lan  — Gina para ao meu lado com uma risada —, mas confesso que estou adorando esse seu lado mais leve, já que precisará de toda a paciência do mundo. …

Seguindo seu olhar em direção à minha sala, me recordo de ter recebido um e-mail falando daquela visita em especial.

A auditoria estava prestes a ser encerrada, finalmente tínhamos encontrado uma pista sobre o desvio da verba e tinha ordenado que fizessem a investigação sob sigilo, nem meus pais ou Huan estavam cientes.

— Graças a Deus isso está chegando ao fim — resmunguei, perdendo meu bom humor, que só piorou quando abri a porta da minha sala e dei de cara com a mulher que estava ali me esperando.
— Mãe!

Não fui caloroso ao encarar os olhos dourados iguais aos meus do outro lado da mesa.

Somente Lan Yifei, usando um terninho caro, com seus cabelos  enrolados em um coque clássico e maquiada como uma rainha, ousaria se sentar em minha cadeira como se fosse dela.

— Olá, Dr.Lan, como está?
O sorriso da minha mãe seria caloroso para quem não a conhecesse, mas eu não me lembrava daquela sensação como algo real.
— Essa cadeira é minha, levante-se — ordenei, passando para o outro lado da mesa.

— Continua com essa mania egoísta de nunca dividir nada? — Minha mãe sorri, erguendo-se para plantar um beijo em minha bochecha.

Entre tantas demandas e adaptações de Wuxian e de sua filha em minha vida, tinha me esquecido por completo que seria naquele final de semana o jantar dançante promovido por meus pais a cada dois anos em Vail.

— Está aqui para organizar seu jantar — deduzi, sentando-me.

— Entre outras coisas, preciso ver Langjiao e sua família, faz tempo que não nos vemos, e conhecer o ômega com quem está morando em nossa mansão.

— Espero que tenha reservado o hotel de sempre com antecedência, a cidade está lotada de turistas e não é nossa mansão.  Ergui meus olhos para encará-la.

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