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CAPÍTULO 08

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O plantão seria tumultuado, tínhamos novas turmas de residentes chegando e duas cirurgias importantes sendo transmitidas em tempo real para outros dois hospitais universitários, um na California e o outro em Nova York.
A primeira seria a minha, meu paciente era um jogador de hóquei, com uma carreira em ascensão, mas por ter fraturado a tíbia em dois lugares corria o risco de jamais voltar a jogar, por isso fui o médico escolhido para aquela cirurgia.

— Aspire — pedi, removendo a parte do osso trincado aonde faria a substituição —, vamos passar a haste agora, muita atenção quando manusear os pinos para não forçar a estrutura óssea.
Dar aula enquanto prosseguia com a cirurgia era algo normal, mesmo que na galeria tivéssemos outros convidados naquele dia, além dos residentes comuns. Graças a ideia maluca de comprarmos os equipamentos que estavam em consignação com hospital.

— Doutor Lan, sua técnica é realmente inovadora, poderia nos explicar algo mais? — a pergunta veio de um dos cirurgiões que assistia tudo junto com seus alunos, através da conexão com vídeo.

— Claro que sim, espero que estejam anotando tudo, não vou repetir.
Apesar das risadas, os meus residentes sabiam que era verdade.

Com paciência, fui explicando meu novo método de cirurgia e o quanto tinha conseguido reduzir os riscos da perda de movimentos, em especial naqueles casos delicados.

Após parafusar a haste e conferir todos os ligamentos, os dois residentes que estavam operando comigo fariam os pontos e cuidariam da finalização, junto à equipe do setor.

— Façam suturas pequenas e o mais lineares possível — orientei-os e agradeci a presença de todos antes de encerrar a transmissão. — Os convidados da galeria podem acompanhar a enfermeira chefe, os verei em breve na reunião do conselho.

Odiava lidar com a parte burocrática, mas a ideia era mostrar a eficiência dos médicos que davam respaldo ao nome do St. Helen, não gostava daquele tipo de ostentação, mas no momento estaria aceitando tudo em prol do meu hospital.
Segui pelo corredor largo, que me levaria até o vestiário separado dos residentes, tirei a roupa estéril, a descartando nos tambores respectivos, e aproveitei para tomar um banho rápido.
Foram duas horas de cirurgia, ainda faria a ronda com os residentes e passaria mais três horas na emergência antes da segunda cirurgia importante do dia, que seria feita com o doutor Benedity, para a retirada rara de um tumor cerebral.
De banho tomado, vesti uma calça social, a camisa branca de mangas compridas e uma gravata azul-marinho combinando e, por cima, joguei meu jaleco branco. .

Há anos que fazia o mesmo processo todos os dias e, ainda assim, me sentia orgulhoso em ver meu nome sob o brasão do St. Helen.
Como em todos os setores, a traumatologia tinha o almoxarifado, a sala de descanso ao lado da enfermaria, dois consultórios divididos entre os residentes e médicos plantonistas e a minha sala na parte de trás.
O corredor era dividido entre uma sala de exames, os quartos com pacientes internados e três suítes especiais para VIPs, e era para lá que eu estava me encaminhando quando um dos meus residentes me interceptou.

— Doutor Lan, aqui estão os resultados do paciente no leito vinte e dois.  Ele me entregou o prontuário e o laudo dos últimos exames.

— Ótimo! Podemos fazer a cirurgia amanhã como programado, tome as providências.
Entreguei a ele o prontuário no mesmo instante que algo chamou minha atenção.

Uma enfermeira baixinha, que não era do meu setor, saiu do elevador empurrando um carrinho de bebê e, ao seu lado, um rapaz saiu, vestido com um casaco longo, ele caminhava aos tropeções, segurando o braço contra o peito.

Dr.Gelo Onde histórias criam vida. Descubra agora