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CAPÍTULO 28

Tinha recusado um convite dos caras para uma bebida depois do trabalho, preferindo voltar para casa, era final de tarde e estava quente, talvez Wuxian quisesse passear com Yanli pelos jardins. O pensamento me fez parar no momento que atravessei o hall de entrada.

— Estou ficando louco — balbucio, aspirando o aroma adocicado de biscoitos recém-saídos do forno, ao mesmo tempo que observo os vários arranjos de flores frescas espalhados pela casa.
— Desde quando tenho uma floricultura em casa?

Segui até o escritório, deixando minha pasta em cima da mesa, desfiz o nó da gravata e abri os primeiros botões da minha camisa, dobrando as mangas até os cotovelos, a correspondência estava disposta ali de forma organizada.
Tudo parecia em ordem como sempre, no entanto, o mordedor de silicone, em formato de coração, não fazia parte da minha decoração.

— Então foi Wuxian quem arrumou a minha mesa — comento, passando a mão sobre as cartas postas em ordem alfabética.

Dois toques na porta chamaram minha atenção e dei permissão para que entrassem.

— Doutor Lan, que bom vê-lo em casa cedo, como foi o seu dia?
— Greta abriu a porta, encarando-me com um olhar curioso.

— O dia foi como sempre, e por aqui, está tudo em ordem?
Imagino que ela tenha recebido alguma ligação por parte da minha mãe, mas prefiro não comentar sobre o que houve no hospital.

— Tudo às mil maravilhas, o jovem Wuxian é maravilhoso e nossa princesinha, um amor.

Queria perguntar o que mais Wuxian vinha arrumando em minha casa, mas preferi descobrir por mim mesmo.

Nunca senti desejo de voltar para aquele lugar e deveria ser por isso que estava notando tantos detalhes, queria apreciar aquele momento em segredo.

Greta pediu licença para continuar a cuidar de algo na cozinha e eu aproveitei para ir ao encontro de Wuxian. A conversa que tive com minha mãe tinha apenas colocado mais peso em minha decisão e estava mais do que na hora de torná-la real. .

Estava chegando às escadas quando Félix saltou sobre o corrimão, escorregando até bater no degrau acarpetado.
Meow…
— O que foi, sua bola de pelo irritante? — O gato roçou contra minhas pernas e me senti impelido a erguê-lo em meus braços, para coçar seu pescoço e entre suas orelhas.

— Estou fazendo isso só para não enfiar essas garras em minhas pernas, ouviu?
Meow…

O preguiçoso arranhou meu braço, mas sem machucar, o que era outra novidade. Talvez por termos um bebê em casa, o velhaco começou a se comportar de repente.

— Passou o dia cuidando de nossos inquilinos? — Afundei os dedos em seu pelo, massageando as articulações das patas como o safado gostava e ele ronronou.

Cheguei ao topo das escadas, seguindo em direção ao berçário e ouvindo os gritinhos agudos da menina, junto das risadas de Wuxian.

— Hey, que bagunça é essa…? Uou! —  segurei para não soltar um palavrão com a porrada olfativa que levei no nariz.
Félix pulou do meu colo, voltando para o corredor, e eu queria fazer o mesmo.

— Oi. — Wuxian estava curvado sobre o berço, tentando uma manobra estranha para trocar a filha.

— Deus do céu, que cheiro é esse? — perguntei, levantando a mão até o nariz, arrancando uma gargalhada de Wuxian.

—Só um cocozinho.  — Ele gargalhou.

— Como uma princesa, que só mama , produz algo assim? — lamento incrédulo, me aproximando do berço.

Dr.Gelo Onde histórias criam vida. Descubra agora