𝟒𝟒 º Aᴛᴏ

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A hoan tirou o telefone do bolso para usá-lo como guia até o interruptor de luz do quarto, mas mãos quentes e grandes cobriram seus olhos.

- Você confia em mim, docinho? - A voz suave e baixa de Jeykey soprou seus ouvidos.

Os batimentos cardíacos do vampiro vibravam contra as costas dela. Ou talvez fossem os próprios batimentos de Krystal.

- Se eu não confiasse, já teria te apunhalado com uma adaga.

O riso do vampiro soprou a bochecha dela.

- Então mantenha seus olhos fechados mesmo depois que eu tirar as mãos.

Krystal meneou a cabeça, assentindo. As mãos macias de Jeykey deixaram seus olhos, mas ela manteve as pálpebras fechadas, como ele pediu. Nenhum som, além de suas respirações, dos próprios batimentos cardíacos e do deslizar suave da seda que Jeykey amarrava em seus olhos, podia ser ouvido.

- O que você está aprontando, hein?

Beijos trilharam pelo seu rosto, indo do queixo até os lábios, onde a maciez dos lábios de Jeykey encontraram os dela com suavidade.

- Você verá em breve. - Jeykey sussurrou contra os seus lábios.

O coração de Krystal retumbou no peito. Seu estômago parecia cheio de mariposas batendo as asas e não de café feérico, quando o vampiro entrelaçou seus dedos e a puxou.

A voz baixa de Jeykey a guiava pelo cômodo com cuidado, pois ela não conseguia enxergar nada com os olhos vendados, mas seus instintos e audição apurada lhe diziam que ele a guiava em uma espécie de passagem secreta; pois ouviu quando um som oco e seco estalou no quarto silencioso e se arrastou para a direita. Eles entraram em um lugar que parecia um túnel, pelos ruídos, cheiros e calor que sentia emanar das paredes.

Krystal lembrou-se de Jimin comentando sobre um túnel de seixos, com tochas nas paredes, uma passagem secreta existente desde a Era dos Humanos, pela qual Amberlee o guiara até o quarto dela ao atravessarem uma passagem escondida na boate do Hotelbar Motion. Aquele túnel por onde Jeykey a guiava deveria ser parecido com descrito pelo hoan.

Pensava em perguntar, mas, como se lesse seus pensamentos, o vampiro comentou:

- Há muitos túneis sob Wedstone, abaixo das propriedades mais antigas, porque era como os vampiros e outras criaturas da noite se moviam na época em que os humanos dominavam o mundo. Escolhi dois prédios nesse quarteirão para construir meu negócio, justamente por ter muitas conexões com os lugares que pertencem ao meu pai. Então quando Jin veio trabalhar comigo, pedi a ele que incrementasse todos os túneis com a magia feérica. As tochas nunca se apagam, parecem falsas, mas foram criadas com magia.

- Estamos indo para um desses lugares do seu pai?

- Sim. O meu favorito. Ninguém, além de mim, vai até lá. Foi um presente que me deu quando minha mãe morreu. Era um dos lugares favoritos dela.

Krystal não podia enxergar, mas pôde sentir o sorriso de Jeykey ao confidenciar aquilo.

- Agora vamos descer uma escada, cuidado - o vampiro ergueu a mão dela e a segurou pela cintura. Ao passo em que se moveram para frente, a escada também se moveu.

Uma exclamação escapou dos lábios dela. A sensação era estranha, muito diferente de uma escada rolante, pois seu movimento era circular e suave, como um rodopiar lento com o vento guiando-os para baixo.

Jeykey riu de sua expressão e abraçou em silêncio. Sua respiração subia e descia lentamente. Krystal queria ver a expressão no rosto dele, descobrir o que se passava por sua cabeça enquanto sentia a escada levando-os diversos andares abaixo, mas mantinha a mente concentrada nos ruídos, tentando decifrar quantos andares desciam enquanto o tempo passava.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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