38-Medos

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Eu nunca havia conversado com ela.

Na verdade Cláudia e eu só conversávamos quando era para alfinetar uma a outra ou para discutir, fora isso nunca tivemos um dialogo decente.

Mas nesse momento ela parecia tão vulnerável e com muito medo. Cláudia nunca se mostrou ser assim, em nenhum momento que estive presente ela foi assim, nem quando foi humilhada em publico por um garoto, nem quando Igor a traiu com sua melhor amiga e muito menos quando Samanta e eu aprontamos com ela de uma forma bem pesada.

Eu não estava com pena dela, eu queria poder ajuda-la, não por dó, mas porque era algo que eu precisava fazer.

-Preciso ir para a aula. – ela enxugou as lágrimas e se levantou ajeitando sua roupa. – Cuide bem do banheiro loira. – eu sabia que em nenhum momento Cláudia perderia a oportunidade de me zoar.

-Pode deixar. – e pela primeira vez não me senti ofendida. – Cláudia. – a chamei antes que ela passasse pela porta. – Se precisar de mim, é só pedir. – falei com sinceridade.

-Obrigada! – ela deu um leve sorriso e foi embora.

Eu queria saber mais do que estava acontecendo com a Cláudia, mas acho que seria abuso demais sendo que nem somos amigas. Olhei a hora em meu celular vendo que já era a última aula. Me levantei do chão e ajeitei meu cabelo e roupa para poder volta a sala de aula.

David Bragança

Todos os dias eu ficava esperando Cláudia sair de sua sala antes que eu pudesse ir para casa. Perguntei-me o que ela havia feito comigo para eu parecer um adolescente bobo e apaixonado. Eu queria falar com ela, eu queria me aproximar dela, eu queria poder pedir desculpas pela besteira que eu fiz em terminar nosso namoro. Tudo porque eu queria fazer tudo da forma correta. Eu não queria estar envolvido com uma das ex de meu melhor amigo.

Às vezes tentar ser o cara perfeito nem sempre dá certo, na verdade nunca dá certo.

Eu precisava dar um basta em minhas duvidas e indecisões, eu precisava enfim optar em querer ser feliz ou não.

-Preciso falar com você. – agarrei o braço de Igor quando ele saia da sala de aula acompanhado de sua namorada.

-Precisa ser agora? – perguntou e eu assenti. – Sofia me encontra na saída?

-Tudo bem. – a mesma respondeu saindo em seguida.

-O que você queria falar?

-Você ainda gosta da Cláudia? – Igor estranhou minha pergunta, segundos depois ele a respondeu.

-Não, se eu ainda gostasse dela eu não estaria com a Sofia. – respondeu simplesmente. – Mas por que essa pergunta? – nada respondi. – Está afim da Cláudia? – ele indagou um tanto sério.

-Sim, eu gosto dela, pra valer. – expus o que eu sentia para ele entender realmente o que eu queria.

Igor sorriu.

-Cara você está com medo de que eu não concorde com a ideia? – ele questionou e mais uma vez fiquei calado. – Você precisa parar de uma vez de tentar ser o "certinho". Sabe o que você precisa fazer? Vai atrás dela antes que seja tarde demais, a faça feliz da maneira que eu nunca consegui. – me aconselhou.

Dei um suspiro de alivio.

-Valeu Igor! – agradeci mesmo sem saber o porquê.

-Boa sorte para você! – ele disse por fim e foi embora.

Andréia

O fim da tarde já se aproximava e eu ainda precisava estudar para as provas que iriam começar na semana que vem. Peguei meus livros e me sentei na escrivaninha tentando me concentrar na lição.

Ouvi algumas batidas vindo da porta da varanda, fiquei assustada achando que era algum bandido, mas assim que abri a cortina estava Nicolas com um sorriso bobo no rosto. Destranquei a janela o deixando entrar.

-O que está fazendo aqui? Se meu pai te pegar ele vai te matar! – fechei a porta do quarto para evitar que vissem Nicolas lá.

-Não gostou da surpresa? – se sentou na minha cama.

-É uma surpresa bem arriscada. – olhei desconfiada. – Não sabia que as hienas sabia escalar paredes. – me aproximei dele me sentando em seu colo.

-E eu não sabia que a anãzinha gostava de estudar. – ele apontou para a minha escrivaninha cheia de livros.

-A anãzinha não gosta, mas fazer o que se tem prova semana que vem.

-Nem me lembre dessas provas. – bufou entediado. – Até quando vou ter que esperar pelo meu beijo? – colocou as mãos em minha cintura.

Juntei meus lábios aos seus dando um beijo suave.

-Pronto, já ganhou! - dei um sorriso. –Por que veio aqui? – eu ainda estava curiosa para saber o motivo dele ter aparecido em meu quarto, ainda mais pulando a janela.

-Eu queria te convidar para a festa da minha irmã.

-Não seria ela que teria que me convidar?

-Ela não sabe da festa, é surpresa.

-Ela nem vai com a minha cara, quem dirá gostar da minha presença lá! – levantei os ombros.

-A casa nem é dela para começo de conversa. – deu de ombros. – Poderíamos aproveitar para eu te apresentar a minha família.

-E quando vai ser?

-Semana que vem.

-Então eu vou. – dei outro beijo nele.

Batidas frenéticas soaram em meu quarto fazendo com que relutantemente Nicolas e eu separássemos o beijo.

-Se esconde. – sai do colo de Nicolas o empurrando para a varanda.

Assim que eu estive segura de que não dava para ver Nicolas, fui atender a porta temendo que fosse meu pai.

-Sofia?

-Olá! – ela me cumprimentou adentrando meu quarto.

-O que você está fazendo aqui? – tentei perguntar sem parecer ser rude.

-Eu estava indo para casa quando me lembrei que deixei meu livro com você. Já acabou de ler né? – me relembrou.

-Acabei sim. – fui até a estante de livros e peguei o livro. – Obrigada! – entreguei o livro em suas mãos.

-Sua mãe estava te chamando para jantar. – avisou antes de sair. –Disse que precisa conversar com você.

-Eu já estou descendo.

-Tudo bem! – encostei a porta quando Sofia foi embora.

-Ela já foi? – Nicolas perguntou saindo da varanda.

-Já sim – respondi, mas ainda sim estava intrigada sobre o que minha mãe iria conversar comigo.

-Está tudo bem? – perguntou ao ver que eu não saia do meu transe.

-Está sim. Mas agora eu vou jantar, mais tarde a gente conversa tá? – pedi, mesmo parecendo um pouco grossa, mas que não era a minha intenção.

-Então eu á vou indo – Nicolas deu um beijo em minha testa. –Se cuida! –desejou antes de sair pela varanda.

Após Nicolas ter partido, sai do meu quarto direto para a cozinha encontrando assim minha mãe e meu pai conversando, porém encerraram a conversa no exato segundo em que me viram.

-Andréia precisamos conversar –aquela simples frase me deixou completamente desconfortável e preocupada. 

Gata IndomávelOnde histórias criam vida. Descubra agora