36-Desconfianças

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Minhas desconfianças sobre a suposta gravidez de Cláudia estava me matando.

Eu não iria descansar em paz até eu saber se as minhas desconfianças eram reais ou não. Eu esperava muito que fosse apenas paranoia da minha cabeça, mas tudo indica que não.

-Aconteceu alguma coisa? - Nicolas perguntou estranhando meu comportamento.

-Comigo não, mas com a Cláudia acho que sim.

-O que aconteceu com ela?

-Eu acho que a Cláudia está grávida. - contei sobre a minha principal desconfiança.

-O que?! - ele se assustou com a notícia. - O David sabe disso?!

-Não tenho certeza de que ela está grávida, eu apenas desconfio. - peguei meu material o guardando na mochila após o sinal bater. - E não quero que você conte a ninguém sobre isso, muito menos para o David, ainda não temos certeza de nada. - pedi.

-Tudo bem meu amor, não irei contar a ninguém. - prometeu a mim, mas parei de dar importância à frase ao ouvir a palavra "meu amor".

Abri um sorriso.

-Você me chamou de que? - eu queria poder ouvir mais uma vez aquela palavra saindo da boca de Nicolas.

-Meu amor! - repetiu as tais palavras, elas soavam como música. - Não gostou?

-Não, muito pelo contrário, eu gostei sim. - segurei na mão de Nicolas saindo da sala de aula.

-Acho que nós precisamos de apelido só nosso, essa de meu amor todo mundo usa. - comentou quando atravessávamos o corredor de mãos dadas.

-E que apelido você sugere?

-Pequena, talvez.

-Detesto quando me relembram que meu tamanho é desproporcional para a minha idade. - cruzei os braços fazendo cara de criança birrenta.

-Qual é, você é baixinha, precisa aceitar isso.- soou brincalhão recebendo um beliscão meu. -Sua louca, por que continua me batendo? - ele passava a mão no lugar em que eu o belisquei.

-Porque você continua sendo a mesma hiena retardada de sempre.

-Que apelido lindo esse que você me arrumou. - revirou os olhos e logo deu um sorriso para mim.

Aquele maldito sorriso que eu tanto amava.

-Pelo menos é um apelido inusitado. - respondi simplesmente.

-É estranho, mas tudo bem. - deixou de dar importância. - Quer que eu te acompanhe até sua casa?

-E o seu treino? - o questionei quando ele havia comentado sobre o mesmo quando estávamos fazendo o trabalho escolar juntos.

-Como você sabe que tenho treino hoje? - cruzou os braços desconfiado com a minha descoberta.

-Você comentou comigo quando fizemos o trabalho juntos senhor amnesia. - o relembrei.

-Ah sim! Então até amanhã. - se aproximou de mim agarrando minha cintura e juntando seus lábios aos meus.

Assim que finalizamos o beijo a figura de Samanta nos olhava desacreditada com o que havia visto.

Um misto de duvida e raiva era visto no semblante de Samanta, ela parecia que iria surtar a qualquer momento.

-O que está acontecendo? - as palavras saíram com dificuldade da boca de Samanta.

Eu acabará de me recordar que tínhamos esse empecilho em minha vida, agora mesmo que a filhote de satanás não irá me deixar em paz.

-Nada de mais. - Nicolas respondeu simplesmente. - Vamos para casa meu amor. - segurou em minha mão dando de costas para a Samanta.

A minha tentação de tentar olhar para trás era tão grande que eu não pude evitar de olhar para o estado que Samanta estaria.

A mesma estava enfurecida e parecia que iria me matar apenas com o olhar.

[...]

Eu não poderia esperar de maneira nenhuma, eu precisava saber da verdade ou não, antes que eu tivesse um treco de tanto esperar.

Fui a farmácia mais perto de casa comprar um teste de gravidez para a Cláudia. Ela precisava saber disso, muito mais que eu. Podem estar pensando que eu sou muito paranoica, mas é questão de precaução. E angustia também.

Assim que paguei o que eu tinha comprado na farmácia sai do estabelecimento. Um rosto familiar surgiu do outro lado da rua, hesitei em ir atrás, mas assim que vi que era Hugo quem estava do outro lado atravessei a rua para ir até ele.

-Você volta para casa e nem sequer me avisa né? - dei um leve tapa em Hugo que por pouco não da um bronca em mim.

-Andréia! - ele pareceu surpreso com a minha presença.

Hugo me deu um abraço repentino me fazendo se assustar.

-Fico feliz que você tenha voltado. - confessei após o fim do abraço.

-Também fico feliz em ter voltado. - por pouco não revirei os olhos. - Como você está?

-Bem. - fora as preocupações. Pensei. - E você?

-Melhor agora. - abriu um sorriso. -Está doente? - seu rosto ficou sério assim que viu a sacola da farmácia em minhas mãos.

-Ah não, é para minha mãe. - menti.

-Ah! - ele pareceu meio desconfiado. - Eu preciso ir, tenho que arrumar minhas malas.

-Voltou a quanto tempo? - perguntei curiosa.

-Hoje cedo. Mas prometo que amanhã nos veremos de novo.

-Tudo bem! - dei um sorriso recebendo outro abraço de Hugo.

-Tchau! - se despediu de mim.

Retomei o foco para o que eu iria fazer e fui até a casa da Cláudia. Bati na porta diversas vezes e só fui atendida quando estava prestes a ir embora.

-Até que enfim atendeu essa porta. - adentrei a casa de Cláudia mesmo sem ser convidada.

-Deixei você esperando mesmo. - disse debochada. - Isso é para você aprender a atender o celular quando eu te ligar.

Peguei meu aparelho celular vendo que Cláudia havia me ligado três vezes apenas nessa tarde.

-Me desculpe madame. Eu estava ocupada comprando isso para você. - ergui a sacola em minha mão mostrando a ela.

-Está maluca. Se minha mãe ver isso ela me mata. - agarrou a sacola vorazmente.

-Vai fazer ou não? - ignorei o fato.

-Não, até porque eu não estou gravida. - disse num sussurro.

-Então prove! - a encarei.

Cláudia olhou para a sacola dando um suspiro.

-Vamos para o meu quarto. - me chamou e subimos as escada.

Lia também estava no quarto vidrada no celular, ela nem havia visto a minha chegada.

-Desde quando a Lia ficou tão viciada no celular? - indaguei já que a mesma sempre reclamava quando nós não dávamos atenção a ela por conta do celular.

-Desde quando conheceu o Caíque, agora piorou já que os dois estão namorando. - torceu a boca.

-Oi Lia! - fiz questão de chamar seu nome em voz alta.

-Oi! - ela mal olhou na minha cara. Revirei os olhos segurando a vontade de arremessar o travesseiro nela.

-Não vamos perder tempo, faz logo o teste. - pedi apreensiva.

Gata IndomávelOnde histórias criam vida. Descubra agora