Natan Leyton
Eu mal sabia com que cara eu chegaria para conversar com o Eduardo depois da festa de ontem. Não tive a intenção de querer beijar a garota dele, eu nem sei onde eu estava com a cabeça ontem. Ah, mas não posso negar que a Andréia é muito gata e que não tenha valido a pena o beijo.
Escondi meu rosto atrás do livro assim que notei a presença de Eduardo na sala de aula. Acho que isso não adiantaria muito já que ele se senta bem do meu lado.
-E ai? - o cumprimentei assim que ele largou sua mochila sobre a mesa. Nada me respondeu. - Tudo bem? - perguntei tentando falar de alguma forma com ele. - Olha Eduardo, se você está bravo comigo por causa de ontem, saiba que eu não tive nada haver. - levantei as mãos em sinal de rendição.
-Claro, beijar a garota que seu amigo está afim é bem considerável. - respondeu em tom sarcástico. - Se você não soubesse disso eu até entenderia, mas não, você sabia, eu te falei. Pensava que fossemos amigos.
-E somos. - retruquei. - Mas isso não é motivo para você ficar bravo. - mais uma vez ficou calado. - Quer saber por que nos beijamos? - rapidamente pensei na solução para o meu problema.
-Não.
-A Andréia estava apenas querendo te fazer ciúmes. - comecei a contar. - Ela é daquelas garotas que amam bancar a difícil, mas ela está caidinha na sua. - dei uma piscadela torcendo para que o Eduardo acreditasse nessa história.
-Acha mesmo? - perguntou interessado.
-Tenho certeza, vai que é sua! - o incentivei. - E se você acha que temos alguma coisa já vou logo explicando que somos apenas amigos, nada além disso.
-Valeu cara! Fico tranquilo em saber disso. - ele abriu um sorriso bobo enquanto eu queria rir da sua cara.
Só espero que eu não esteja fazendo mais cagada ao invés de limpa-la.
Andréia
Levar o Simon para passear virava quase uma missão impossível. Ele se aproveitava da vantagem de ser enorme e sair me arrastando pela rua para onde bem entendesse. Mas hoje eu tinha necessidade de levar ele para passear, Simon já estava agitado bagunçando a casa inteira com ajuda de Bruno deixando minha mãe louca.
-Acho bom você não aprontar se não quiser ficar trancado em casa. - avisei para Simon assim que saímos de casa.
A praça já havia se tornado um lugar bem visitado por mim, era um lugar calmo que me permitia refletir um pouco. Acho que lá virou o meu lugar preferido depois do meu quarto.
Não demorou muito para que Simon desobedecesse minhas ordens se soltando da guia e correndo sem rumo pelo parque. Meu sedentarismo não ajudou muito na minha perseguição ao pastor alemão. Simon era muito ágil quanto a mim não conseguia desviar muito das pessoas quase esbarrando nelas.
O desespero bateu a tona quando eu não soube por onde Simon foi naquela imensa praça. Eu não poderia perder o Simon, além de o meu pai querer me matar por gostar muito dele eu não suportaria a ideia de não tê-lo por perto.
-Oi moça, você viu um cachorro grande da raça pastor alemão passar por aqui? - abordei a primeira pessoa que encontrei naquela praça.
-Não. - me respondeu saindo de perto de mim logo em seguida.
Passei a mão pelos meus cabelos pensando que o pior poderia ter acontecido com ele. O Simon poderia ter caído acidentalmente no lago e morrido afogado, ou pode ter ido para na rua sendo atropelado por um carro. Só de pensar nisso me dá calafrios.
Resolvi sair procurando ele e abordando mais pessoas para obter informações, mas o máximo que eu conseguia era um "não o vi".
Sentei-me no banco da praça enterrando meus cabelos em minhas mãos já começando a chorar pela besteirada que eu fiz. Eu perdi o Simon, o perdi de bobeira.
Ouvi alguns latidos e levantei minha cabeça na esperança de ver o meu bebê. Encontrei com o mesmo latindo ferozmente para outros cachorros enquanto era segurado por...
Nicolas?
Levantei-me e corri até onde eles estavam tentando controlar a ferinha.
-Simon chega! - falei autoritária, era o único jeito dele me obedecer.
Simon se sentou no chão me olhando, eu estava furiosa por ele ter quase me matado do coração.
-Você quase me mata do coração seu pestinha. - me abaixei fazendo carinho nele, não tinha como eu brigar com o Simon, ainda mais com ele fazendo uma carinha de cachorro pidão.
-Ele é seu? - Nicolas perguntou.
-É sim. - me levantei pegando a guia da mão de Nicolas.
-Deveria saber controlar seu cachorro, ele quase mordeu o Igor e quase foi para cima dos outros cachorros. - me alertou.
-Eu sei como cuidar dele tá? - respondi ríspida. - Muito obrigada! - agradeci virando as costas.
-Deveria também saber controlar a fera que tem dentro de você. - disse antes que eu fosse embora, mas antes me virei para falar com ele.
-Ainda está se doendo pela sua irmã? - arqueei uma das sobrancelhas.
-Não, já passou.
-Parece que não. Mas fazer o que? Pessoas estupidas se portam de tal maneira. - abri um sorriso irônico.
-Não irei perder meu tempo discutindo com você - ele colocou as mãos no bolso e se aproximou de mim. - Até por que não vale a pena. Passar bem! - levantou a aba de seu boné como um cumprimento formal e foi embora.
Dei meia volta querendo ignorar de ter visto esse estrupício mais uma vez no meu dia. Super desnecessário eu ter que vê-lo aqui sendo que na escola já começo o dia tendo que atura-lo.
Resolvi voltar para casa, não estava mais tão afim de ficar naquele parque. Mas parecia que o destino sempre conspira contra mim colocando Eduardo em meu caminho.
Tentei me esconder dele, mas o mesmo me viu antes disso correndo em minha direção.
-Oi Andréia, novidade te ver aqui. - me cumprimentou.
-Era só o que me faltava! - falei para mim mesma, mas Eduardo pareceu ter escutado.
-Está indo para algum lugar?
-Para a minha casa.
-Posso te acompanhar, claro se você quiser. - ele deu um sorriso, estranhei seu comportamento.
-Acho melhor não. - esperei com que ele fosse insistir mais uma vez, mas não obtive reação nenhuma.
-Tudo bem então, fica para uma próxima. Tchau! - se despediu dando meia volta e indo embora.
-Eduardo! - chamei pelo seu nome o fazendo virar. - Acho que vou querer uma companhia. - rapidamente mudei de ideia fazendo Eduardo sorrir.
O caminho para a minha casa foi calmo e tranquilo, inclusive fiquei desconfiada com o diferente comportamento de Eduardo, cheguei a pensar que OVINIS o raptaram e colocaram outra pessoa no lugar dele.
-Chegamos a minha humilde residência. - apresentei minha casa parando em frente a ela.
-Foi bom conversar com você, e me desculpe por eu ter sido inconveniente esses últimos dias. - se desculpou.
Agarrei o colarinho da camiseta de Eduardo o prensando na parede.
-Onde está o Eduardo, e o que você fez com ele? - perguntei assustando o coitado.
-Calma, sou eu mesmo! - levantou as mãos em sinal de rendição.
-Hum! - soltei ele com um olhar desconfiado.
-Andréia quem é o seu amiguinho novo? - mamãe surgiu na porta de casa com sacolas em mãos. Me assustei com a sua presença.
-Ele é o Eduardo. - apresentei. - E ela é minha mãe, a Daniela.
-Prazer! - Eduardo esticou sua mão apertando a de minha mãe.
-Quer ajuda? - peguei as sacolas das mãos de minha mãe.
-Por que não convida seu amigo para entrar? - sugeriu.
-Acho melhor...
-Pode entrar Eduardo. - mamãe me cortou convidando Eduardo.
Não sei porquê eu ainda acho que isso vai dar uma confusão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Gata Indomável
Teen FictionCom uma impulsividade incontrolável e o jeito irônico de ser Andréia Ferreira é uma jovem de 17 anos que não aceita levar desaforos para casa. Em mais uma de suas confusões na escola, ela acaba sendo expulsa da mesma. Mas nem por isso as confusões t...