12-Encontro e desencontro

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Natan Leyton

Eu mal sabia com que cara eu chegaria para conversar com o Eduardo depois da festa de ontem. Não tive a intenção de querer beijar a garota dele, eu nem sei onde eu estava com a cabeça ontem. Ah, mas não posso negar que a Andréia é muito gata e que não tenha valido a pena o beijo.

Escondi meu rosto atrás do livro assim que notei a presença de Eduardo na sala de aula. Acho que isso não adiantaria muito já que ele se senta bem do meu lado.

-E ai? - o cumprimentei assim que ele largou sua mochila sobre a mesa. Nada me respondeu. - Tudo bem? - perguntei tentando falar de alguma forma com ele. - Olha Eduardo, se você está bravo comigo por causa de ontem, saiba que eu não tive nada haver. - levantei as mãos em sinal de rendição.

-Claro, beijar a garota que seu amigo está afim é bem considerável. - respondeu em tom sarcástico. - Se você não soubesse disso eu até entenderia, mas não, você sabia, eu te falei. Pensava que fossemos amigos.

-E somos. - retruquei. - Mas isso não é motivo para você ficar bravo. - mais uma vez ficou calado. - Quer saber por que nos beijamos? - rapidamente pensei na solução para o meu problema.

-Não.

-A Andréia estava apenas querendo te fazer ciúmes. - comecei a contar. - Ela é daquelas garotas que amam bancar a difícil, mas ela está caidinha na sua. - dei uma piscadela torcendo para que o Eduardo acreditasse nessa história.

-Acha mesmo? - perguntou interessado.

-Tenho certeza, vai que é sua! - o incentivei. - E se você acha que temos alguma coisa já vou logo explicando que somos apenas amigos, nada além disso.

-Valeu cara! Fico tranquilo em saber disso. - ele abriu um sorriso bobo enquanto eu queria rir da sua cara.

Só espero que eu não esteja fazendo mais cagada ao invés de limpa-la.

Andréia

Levar o Simon para passear virava quase uma missão impossível. Ele se aproveitava da vantagem de ser enorme e sair me arrastando pela rua para onde bem entendesse. Mas hoje eu tinha necessidade de levar ele para passear, Simon já estava agitado bagunçando a casa inteira com ajuda de Bruno deixando minha mãe louca.

-Acho bom você não aprontar se não quiser ficar trancado em casa. - avisei para Simon assim que saímos de casa.

A praça já havia se tornado um lugar bem visitado por mim, era um lugar calmo que me permitia refletir um pouco. Acho que lá virou o meu lugar preferido depois do meu quarto.

Não demorou muito para que Simon desobedecesse minhas ordens se soltando da guia e correndo sem rumo pelo parque. Meu sedentarismo não ajudou muito na minha perseguição ao pastor alemão. Simon era muito ágil quanto a mim não conseguia desviar muito das pessoas quase esbarrando nelas.

O desespero bateu a tona quando eu não soube por onde Simon foi naquela imensa praça. Eu não poderia perder o Simon, além de o meu pai querer me matar por gostar muito dele eu não suportaria a ideia de não tê-lo por perto.

-Oi moça, você viu um cachorro grande da raça pastor alemão passar por aqui? - abordei a primeira pessoa que encontrei naquela praça.

-Não. - me respondeu saindo de perto de mim logo em seguida.

Passei a mão pelos meus cabelos pensando que o pior poderia ter acontecido com ele. O Simon poderia ter caído acidentalmente no lago e morrido afogado, ou pode ter ido para na rua sendo atropelado por um carro. Só de pensar nisso me dá calafrios.

Resolvi sair procurando ele e abordando mais pessoas para obter informações, mas o máximo que eu conseguia era um "não o vi".

Sentei-me no banco da praça enterrando meus cabelos em minhas mãos já começando a chorar pela besteirada que eu fiz. Eu perdi o Simon, o perdi de bobeira.

Ouvi alguns latidos e levantei minha cabeça na esperança de ver o meu bebê. Encontrei com o mesmo latindo ferozmente para outros cachorros enquanto era segurado por...

Nicolas?

Levantei-me e corri até onde eles estavam tentando controlar a ferinha.

-Simon chega! - falei autoritária, era o único jeito dele me obedecer.

Simon se sentou no chão me olhando, eu estava furiosa por ele ter quase me matado do coração.

-Você quase me mata do coração seu pestinha. - me abaixei fazendo carinho nele, não tinha como eu brigar com o Simon, ainda mais com ele fazendo uma carinha de cachorro pidão.

-Ele é seu? - Nicolas perguntou.

-É sim. - me levantei pegando a guia da mão de Nicolas.

-Deveria saber controlar seu cachorro, ele quase mordeu o Igor e quase foi para cima dos outros cachorros. - me alertou.

-Eu sei como cuidar dele tá? - respondi ríspida. - Muito obrigada! - agradeci virando as costas.

-Deveria também saber controlar a fera que tem dentro de você. - disse antes que eu fosse embora, mas antes me virei para falar com ele.

-Ainda está se doendo pela sua irmã? - arqueei uma das sobrancelhas.

-Não, já passou.

-Parece que não. Mas fazer o que? Pessoas estupidas se portam de tal maneira. - abri um sorriso irônico.

-Não irei perder meu tempo discutindo com você - ele colocou as mãos no bolso e se aproximou de mim. - Até por que não vale a pena. Passar bem! - levantou a aba de seu boné como um cumprimento formal e foi embora.

Dei meia volta querendo ignorar de ter visto esse estrupício mais uma vez no meu dia. Super desnecessário eu ter que vê-lo aqui sendo que na escola já começo o dia tendo que atura-lo.

Resolvi voltar para casa, não estava mais tão afim de ficar naquele parque. Mas parecia que o destino sempre conspira contra mim colocando Eduardo em meu caminho.

Tentei me esconder dele, mas o mesmo me viu antes disso correndo em minha direção.

-Oi Andréia, novidade te ver aqui. - me cumprimentou.

-Era só o que me faltava! - falei para mim mesma, mas Eduardo pareceu ter escutado.

-Está indo para algum lugar?

-Para a minha casa.

-Posso te acompanhar, claro se você quiser. - ele deu um sorriso, estranhei seu comportamento.

-Acho melhor não. - esperei com que ele fosse insistir mais uma vez, mas não obtive reação nenhuma.

-Tudo bem então, fica para uma próxima. Tchau! - se despediu dando meia volta e indo embora.

-Eduardo! - chamei pelo seu nome o fazendo virar. - Acho que vou querer uma companhia. - rapidamente mudei de ideia fazendo Eduardo sorrir.

O caminho para a minha casa foi calmo e tranquilo, inclusive fiquei desconfiada com o diferente comportamento de Eduardo, cheguei a pensar que OVINIS o raptaram e colocaram outra pessoa no lugar dele.

-Chegamos a minha humilde residência. - apresentei minha casa parando em frente a ela.

-Foi bom conversar com você, e me desculpe por eu ter sido inconveniente esses últimos dias. - se desculpou.

Agarrei o colarinho da camiseta de Eduardo o prensando na parede.

-Onde está o Eduardo, e o que você fez com ele? - perguntei assustando o coitado.

-Calma, sou eu mesmo! - levantou as mãos em sinal de rendição.

-Hum! - soltei ele com um olhar desconfiado.

-Andréia quem é o seu amiguinho novo? - mamãe surgiu na porta de casa com sacolas em mãos. Me assustei com a sua presença.

-Ele é o Eduardo. - apresentei. - E ela é minha mãe, a Daniela.

-Prazer! - Eduardo esticou sua mão apertando a de minha mãe.

-Quer ajuda? - peguei as sacolas das mãos de minha mãe.

-Por que não convida seu amigo para entrar? - sugeriu.

-Acho melhor...

-Pode entrar Eduardo. - mamãe me cortou convidando Eduardo.

Não sei porquê eu ainda acho que isso vai dar uma confusão.

Gata IndomávelOnde histórias criam vida. Descubra agora