-Vou lá pegar o tema do nosso trabalho com ele já que essa é a nossa única alternativa. - Nicolas avisou saindo e voltando logo depois da sala dos professores. - Ficamos com a parte da estufa. - disse erguendo um papel em sua mão.
Peguei o papel conferindo o que precisaríamos fazer.
-Temos que construir uma mini replica de uma estufa? - fiquei indignada com o trabalho pedido pelo professor.
-Exato.
-Quando podemos começar? - perguntei, pois quanto antes eu terminasse esse trabalho seria ótimo.
-À tarde eu estou trabalhando das duas as oito. - informou. - E nos fins de semana tenho treino.
-Não dá para pelo menos você faltar aos treinos? - perguntei.
-Talvez, se não estivéssemos em um campeonato. - revirei os olhos, ele não queria facilitar.
-Onde você trabalha? - perguntei por pura curiosidade.
-Na confeitaria próximo ao shopping, na Cakes and Party. - na hora olhei confusa para ele. O mesmo trabalhava na confeitaria da minha mãe?!
-Que papo é esse?
-Han? - ele não entendeu nada.
-Acho que conheço a dona desse estabelecimento. Posso conversar com ela. - contei sem revelar o que eu realmente era dela.
-Não sei como você vai fazer isso, mas beleza. - duvidou da minha capacidade dando uma risada debochada.
[...]
-Mãe, você conhece um garoto chamado Nicolas Leyton por acaso? - comentei.
-Conheço sim, ele começou a trabalhar aqui recentemente.
Pensei em alguma maneira em tentar convence-la a deixar ele menos tempo no trabalho para fazer as pesquisa de biologia comigo.
-E que tal a senhorita diminuir a jornada de trabalho dele? - mamãe me lançou um olhar estranho.
-Ele mal começou a trabalhar aqui e você está querendo diminuir o tempo de trabalho dele?
-É que ele é minha dupla no trabalho de biologia. - revelei. - É um trabalho muito complexo que exige tempo, e só vai durar uma semana mesmo, depois ele pode repor. - sugeri a ideia.
-E ele está de acordo em relação a isso? - levantei os ombros.
-Não. - respondi com a voz esganiçada. - Mas são minhas notas que estão em jogo mãe, eu posso conversar com ele depois.
-Não será preciso, eu chamo ele aqui. - ela apertou em um botão em cima de sua mesa ligando o interfone. - Rogerio chame o Nicolas Leyton até a minha sala. - exigiu.
Aguardei a chegada do Nicolas na sala, assim que ele chegou parecia apreensivo, eu queria filmar a cara dele, provavelmente estava com medo de perder o emprego.
-Estou aqui senhora. - se ele soubesse o quanto a palavra senhora irritava a minha mãe iria retirar suas palavras.
-Sente-se. - ela apontou para a cadeira ao meu lado e Nicolas deu um olhar de interrogação. - Acho que vocês já conhecem então irei poupar apresentações e ir direto ao ponto. Soube que vocês estão fazendo um trabalho escolar juntos e como a Andréia me disse, é um trabalho bem complexo então Nicolas, irei diminuir o seu tempo de trabalho até as seis da tarde - fiquei contente com a decisão da minha mãe. - Mas depois você terá que recuperar esse tempo perdido.
-Sim senhora! - ele agradeceu contente.
-Agora pode se retirar. - pediu a ele e o mesmo fez.
-Obrigada mãe linda! - dei um abraço bem apertando nela.
-Só nesses momentos eu sou linda né?
-Nada disso, você é linda até porque puxou a mim. - dei uma piscadela. - Agora vou descer e aproveitar as infinitas escolhas de doces que tenho. - saltitei até a porta abrindo a mesma.
Me sentei a mesa aguardando que alguém fosse me atender, mas eu queria escolher essa pessoas então acabei dispensando o garçom para o Nicolas vir me atender.
-Quando começamos o trabalho? - perguntei.
-Andréia não podemos conversar agora, estou em horário de trabalho. - disse, até que achei certo da parte dele, mas mesmo assim eu não queria deixar a conversa para depois.
-Senta ai. - puxei sua camisa fazendo ele se sentar.
-Andréia quer me fazer perder o emprego? Já não basta você ter pedido para que a minha chefe desse menos tempo de trabalho para mim?!
-Não se preocupe, só quero saber isso.
-Podemos começar amanhã, na minha casa.
-Por que na sua?
-Porque sim. - cortou qualquer explicação. - Preciso voltar ao trabalho. - ajeitou seu avental.
-Me traga uma bomba de chocolate e um cappuccino. - pedi.
-Eu já disse que estou trabalhando.
-E eu estou te dando trabalho. - falei como se fosse obvio. - Agora vai lá antes que eu faça minha mãe mudar de ideia. - sem querer escapou meu pequeno segredinho.
-Agora entendo como você consegue as coisas tão fácil. - deu meia volta indo pegar o meu pedido.
[...]
Eu teria que tentar parecer uma garota culta e decente.
E nem um pouco problemática.
Isso tudo para poder impressionar os pais de Eduardo. Eu não me importava se eu não fosse ser a Andréia verdadeira, quanto menos eles me conhecessem melhor a minha reputação.
Eu odiava vestidos, mas tive que vestir um para parecer uma mocinha de família, Cláudia e Lia tinham escolhido para mim - na verdade Lia tinha me emprestado seu vestido já que os meus não estavam muito adequados para hoje. - Coloquei uma sapatilha branca que ficou perfeitamente bem no vestido verde água de Lia. Amarrei meu cabelo de lado fazendo uma trança lateral.
-O que fizeram com a Andréia? - Cláudia perguntou fingindo estar impressionada.
-Eu sei, estou ridícula! - abri os braços me vendo parecer uma criança de cinco anos de idade.
-Você está engraçada. - até meu irmão que tem cinco anos de idade está zuando da minha cara.
-Ela está fofa para falar a verdade.
-Vão ver se eu estou na esquina. - peguei a almofada da minha cama e atirei em cada um deles. Bruno se divertiu com a breve brincadeira.
-O que pretende fazer nesse jantar? - Cláudia perguntou pensando que eu iria aprontar dessa vez.
-Nada, por que eu faria algo? - cruzei os braços.
-Por que você sempre se mete em encrenca e se não tiver encrenca Andréia não passou por lá. - afirmou Lia.
-Vocês falam de mim como se eu fosse um marginal.
-E não é? - Bruno mal sabia o significado das palavras, mas não perdia uma para tirar com a minha cara.
-Cai fora daqui pirralho. - segurei ele pelo braço o colocando para fora do meu quarto. - Isso é uma reunião só para meninas. - ele me mostrou a língua antes de descer correndo atrás da mamãe.
-Eu não vou fazer nada, só quero me livrar disso. - me encostei na porta.
-E depois vai exigir o que dele? - Cláudia sempre parecia querer saber de tudo enquanto Lia sempre ficava na dela.
-Ainda não pensei nisso. - mordi a ponta da minha unha lascando o esmalte recém-pintado. - Vou indo, quanto mais cedo esse jantar começar mais rápido vai terminar. - era isso que eu pensava.
Desci as escadas acompanhada de Lia e Cláudia que se despediram de mim assim que o carro de Eduardo parou em frente a minha casa.
Adentrei o carro respirando fundo.
Essa seria uma noite muito, muito longa.
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Gata Indomável
Teen FictionCom uma impulsividade incontrolável e o jeito irônico de ser Andréia Ferreira é uma jovem de 17 anos que não aceita levar desaforos para casa. Em mais uma de suas confusões na escola, ela acaba sendo expulsa da mesma. Mas nem por isso as confusões t...