16-Trabalho trabalhoso

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-Vou lá pegar o tema do nosso trabalho com ele já que essa é a nossa única alternativa. - Nicolas avisou saindo e voltando logo depois da sala dos professores. - Ficamos com a parte da estufa. - disse erguendo um papel em sua mão.

Peguei o papel conferindo o que precisaríamos fazer.

-Temos que construir uma mini replica de uma estufa? - fiquei indignada com o trabalho pedido pelo professor.

-Exato.

-Quando podemos começar? - perguntei, pois quanto antes eu terminasse esse trabalho seria ótimo.

-À tarde eu estou trabalhando das duas as oito. - informou. - E nos fins de semana tenho treino.

-Não dá para pelo menos você faltar aos treinos? - perguntei.

-Talvez, se não estivéssemos em um campeonato. - revirei os olhos, ele não queria facilitar.

-Onde você trabalha? - perguntei por pura curiosidade.

-Na confeitaria próximo ao shopping, na Cakes and Party. - na hora olhei confusa para ele. O mesmo trabalhava na confeitaria da minha mãe?!

-Que papo é esse?

-Han? - ele não entendeu nada.

-Acho que conheço a dona desse estabelecimento. Posso conversar com ela. - contei sem revelar o que eu realmente era dela.

-Não sei como você vai fazer isso, mas beleza. - duvidou da minha capacidade dando uma risada debochada.

[...]

-Mãe, você conhece um garoto chamado Nicolas Leyton por acaso? - comentei.

-Conheço sim, ele começou a trabalhar aqui recentemente.

Pensei em alguma maneira em tentar convence-la a deixar ele menos tempo no trabalho para fazer as pesquisa de biologia comigo.

-E que tal a senhorita diminuir a jornada de trabalho dele? - mamãe me lançou um olhar estranho.

-Ele mal começou a trabalhar aqui e você está querendo diminuir o tempo de trabalho dele?

-É que ele é minha dupla no trabalho de biologia. - revelei. - É um trabalho muito complexo que exige tempo, e só vai durar uma semana mesmo, depois ele pode repor. - sugeri a ideia.

-E ele está de acordo em relação a isso? - levantei os ombros.

-Não. - respondi com a voz esganiçada. - Mas são minhas notas que estão em jogo mãe, eu posso conversar com ele depois.

-Não será preciso, eu chamo ele aqui. - ela apertou em um botão em cima de sua mesa ligando o interfone. - Rogerio chame o Nicolas Leyton até a minha sala. - exigiu.

Aguardei a chegada do Nicolas na sala, assim que ele chegou parecia apreensivo, eu queria filmar a cara dele, provavelmente estava com medo de perder o emprego.

-Estou aqui senhora. - se ele soubesse o quanto a palavra senhora irritava a minha mãe iria retirar suas palavras.

-Sente-se. - ela apontou para a cadeira ao meu lado e Nicolas deu um olhar de interrogação. - Acho que vocês já conhecem então irei poupar apresentações e ir direto ao ponto. Soube que vocês estão fazendo um trabalho escolar juntos e como a Andréia me disse, é um trabalho bem complexo então Nicolas, irei diminuir o seu tempo de trabalho até as seis da tarde - fiquei contente com a decisão da minha mãe. - Mas depois você terá que recuperar esse tempo perdido.

-Sim senhora! - ele agradeceu contente.

-Agora pode se retirar. - pediu a ele e o mesmo fez.

-Obrigada mãe linda! - dei um abraço bem apertando nela.

-Só nesses momentos eu sou linda né?

-Nada disso, você é linda até porque puxou a mim. - dei uma piscadela. - Agora vou descer e aproveitar as infinitas escolhas de doces que tenho. - saltitei até a porta abrindo a mesma.

Me sentei a mesa aguardando que alguém fosse me atender, mas eu queria escolher essa pessoas então acabei dispensando o garçom para o Nicolas vir me atender.

-Quando começamos o trabalho? - perguntei.

-Andréia não podemos conversar agora, estou em horário de trabalho. - disse, até que achei certo da parte dele, mas mesmo assim eu não queria deixar a conversa para depois.

-Senta ai. - puxei sua camisa fazendo ele se sentar.

-Andréia quer me fazer perder o emprego? Já não basta você ter pedido para que a minha chefe desse menos tempo de trabalho para mim?!

-Não se preocupe, só quero saber isso.

-Podemos começar amanhã, na minha casa.

-Por que na sua?

-Porque sim. - cortou qualquer explicação. - Preciso voltar ao trabalho. - ajeitou seu avental.

-Me traga uma bomba de chocolate e um cappuccino. - pedi.

-Eu já disse que estou trabalhando.

-E eu estou te dando trabalho. - falei como se fosse obvio. - Agora vai lá antes que eu faça minha mãe mudar de ideia. - sem querer escapou meu pequeno segredinho.

-Agora entendo como você consegue as coisas tão fácil. - deu meia volta indo pegar o meu pedido.

[...]

Eu teria que tentar parecer uma garota culta e decente.

E nem um pouco problemática.

Isso tudo para poder impressionar os pais de Eduardo. Eu não me importava se eu não fosse ser a Andréia verdadeira, quanto menos eles me conhecessem melhor a minha reputação.

Eu odiava vestidos, mas tive que vestir um para parecer uma mocinha de família, Cláudia e Lia tinham escolhido para mim - na verdade Lia tinha me emprestado seu vestido já que os meus não estavam muito adequados para hoje. - Coloquei uma sapatilha branca que ficou perfeitamente bem no vestido verde água de Lia. Amarrei meu cabelo de lado fazendo uma trança lateral.

-O que fizeram com a Andréia? - Cláudia perguntou fingindo estar impressionada.

-Eu sei, estou ridícula! - abri os braços me vendo parecer uma criança de cinco anos de idade.

-Você está engraçada. - até meu irmão que tem cinco anos de idade está zuando da minha cara.

-Ela está fofa para falar a verdade.

-Vão ver se eu estou na esquina. - peguei a almofada da minha cama e atirei em cada um deles. Bruno se divertiu com a breve brincadeira.

-O que pretende fazer nesse jantar? - Cláudia perguntou pensando que eu iria aprontar dessa vez.

-Nada, por que eu faria algo? - cruzei os braços.

-Por que você sempre se mete em encrenca e se não tiver encrenca Andréia não passou por lá. - afirmou Lia.

-Vocês falam de mim como se eu fosse um marginal.

-E não é? - Bruno mal sabia o significado das palavras, mas não perdia uma para tirar com a minha cara.

-Cai fora daqui pirralho. - segurei ele pelo braço o colocando para fora do meu quarto. - Isso é uma reunião só para meninas. - ele me mostrou a língua antes de descer correndo atrás da mamãe.

-Eu não vou fazer nada, só quero me livrar disso. - me encostei na porta.

-E depois vai exigir o que dele? - Cláudia sempre parecia querer saber de tudo enquanto Lia sempre ficava na dela.

-Ainda não pensei nisso. - mordi a ponta da minha unha lascando o esmalte recém-pintado. - Vou indo, quanto mais cedo esse jantar começar mais rápido vai terminar. - era isso que eu pensava.

Desci as escadas acompanhada de Lia e Cláudia que se despediram de mim assim que o carro de Eduardo parou em frente a minha casa.

Adentrei o carro respirando fundo.

Essa seria uma noite muito, muito longa.

Gata IndomávelOnde histórias criam vida. Descubra agora