48-Meu nome é...

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-Acho que talvez o nome dele devesse ser William. – Lia sugeriu.

-Não gostei. – Cláudia torceu o nariz discordando de mais um dos nomes.

-E que tal então Erick? – dessa vez foi uma sugestão minha.

-Não gostei também.

-Então você quer o que menina? – Amanda colocou as mãos na cintura aparentemente exausta de inúmeros nomes que sugerimos.

-Eu quero que você me ajudem. – Cláudia também aparentava estar sem paciência. – Daqui a pouco o bebe nasce e nada de um nome para ele.

-Você também não colabora. – Lia protestou dessa vez.

-Vou pegar suco para a gente. – Cláudia se levantou da cama fazendo um pequeno esforço para sair da mesma.

-Deixe que eu pego. – me dispus em ir até a cozinha.

-Querida eu to grávida e não morta. – protestou.

-Mas eu vou lá mesmo assim, até porque você não vai chegar primeiro que eu. – sai correndo antes que Cláudia viesse atrás de mim.

Como os pais de Cláudia não estava em casa eu tive que procurar a jarra e o pó de suco para prepara-lo o que resultou ainda mais na minha demora, mas logo eu estava no quarto servindo as meninas de um delicioso suco de maracujá.

-Estou com vontade de comer pudim. – Lia comentou.

-Nem vem que nem gravida você está. – Amanda retrucou. –Mas o pior é que eu também estou. – ela deu uma mordida leve em seu lábio em seguida dando um sorriso sapeca.

-E por que a gente não faz? – Cláudia sugeriu.

-É mais fácil sua casa pegar fogo do que sair um pudim vindo de mim. – dispensei a ideia de primeira.

-A qual é, nem temos nada para fazer mesmo. – Lia complementou a sugestão de Cláudia.

-Então vamos fazer o pudim e a Andréia fica aqui sozinha. – Amanda argumentou.

-Ah, vocês duas não irão me deixar sozinha. – calcei as minhas sandálias indo atrás das três.

Eu não fazia a mínima ideia de como iriamos fazer aquele pudim. Eu pelo menos iria ficar só observando e depois ajudaria a comer.

As três começaram a fazer o que se pedia na receita, eu apenas pegava o que estava faltando e ia ajudando arrumar a bagunça porque se eu fosse ajudar a preparar iria sair até um experimento cientifico, menos um pudim. Depois de terminado, ficamos aguardando o pudim assar.

-Falta tão pouco tempo para terminar as aulas. – Lia deu um suspiro nostálgica.

-Verdade, passou tão rápido o ano. – dessa vez o comentário foi de Cláudia.

-Me excluindo da conversa porque não pertenço a mesma série que vocês. – Amanda disse pegando uma uva e colocando na boca.

-Mas daqui a dois anos será você. – Lia cantarolou.

-Daqui a dois longos e tediosos anos. – Amanda fingiu drama. – O que vocês pretendem fazer depois que acabar a escola?

-Eu vou fazer faculdade. – Lia foi a primeira a dizer.

-Eu não vou mais. O garotão aqui não vai permitir. – Cláudia disse apontando para a barriga.

Eu não sabia se eu iria falar mesmo o que eu iria fazer depois da escola. Não sabia nem mesmo se eu estaria preparada para dizer isso a alguém.

-E você Andréia? – Amanda perguntou percebendo minha demora a responder.

-Eu vou morar com meu pai no Espirito Santo. – anunciei não querendo olhar para elas.

-O que?! – as três exclamaram parecendo espantadas.

-Só vai ser durante um ano. Nada demais. – pelo menos eu fingia.

-Um ano é muito tempo. – Amanda afirmou.

-E como a gente vai ficar? –Lia indagou.

-Vocês sabem se virar sem mim, não tem nem um ano que conheço vocês.

-Mas parece que nos conhecemos a vida toda. – Cláudia falou. – Não quero ficar longe de você.

-Nem eu, mas eu quero tentar ter meu pai de volta. – confessei. – Eu quero ter ele ao meu lado novamente.

-Mas por que ele tinha que justamente te levar? Por que ele não fica aqui?

-Porque tudo que ele tem está lá.

-E como ficamos nessa história?- Lia parecia querer chorar.

-Eu irei vir visitar vocês, não se preocupem. Irei telefonar todos os dias ou mandar mensagens, nossa amizade não precisa acabar só porque eu fui embora. – dei sugestões a elas.

-Você tem razão. – Lia concordou.

-Mas em que parte o Nicolas entra nessa história? – Amanda me perguntou.

Eu realmente não havia pensado nessa parte.

Nicolas e eu estávamos inclusive fazendo planos para depois do ensino médio e agora eu havia cancelado tudo isso para ir morar com meu pai. E onde Nicolas se encaixaria nisso? Iriamos mesmo continuar juntos? Iriamos manter um namoro a distancia ou iriamos nos distanciar de vez?

Meus pensamentos entraram em turbulência a partir que eu comecei a pensar nele. Como ficaríamos nessa história?

-Você pretende conversar com ele sobre isso? – Amanda indagou.

-Eu vou, uma hora terei que dizer. – permaneci olhando perplexa para a parede branca atrás de Amanda.

Por que eu não pensei bem antes de ter dito sim ao meu pai? Se arrependimento matasse...

[...]

O clima já não era o mesmo entre nós, estávamos assistindo a um filme aleatório e comendo pudim, mas sem nenhuma emoção. Parecia inclusive que nos quatro estávamos em um velório. Talvez um velório interno.

-Já sei que nome vou dar pro meu bebê. – Cláudia disse quebrando o clima tenso entre a gente.

-Qual? – nós três perguntamos ansiosas a espera do nome.

-O nome dele será Martins. – ela disse empolgada.

-O nome do cara do filme? – Amanda fez uma cara enojada. – Mas ele é um retardado, idiota, vacilão, imbecil por ter largado a Violet. – defendeu sua opinião.

-Por coincidência meu avô se chamava Martins. – Cláudia começou a dizer. – Eu vou por em homenagem a ele.

-Menos mal, espero que seu avô não seja um idiota. – Amanda disse revoltada. Lia deu um tapa nela.

-Respeito ao falecido. – pediu.

-É um nome lindo. – apoiei a sugestão dela. Aliás ela é a mãe e tem o direito de escolher o nome nós gostando ou não.

-Então o nome dele será Martins. – Cláudia tocou em sua barriga demonstrando afeto ao seu bebê. – Irei ligar para o David para saber se ele gostou do nome. – ela pegou seu celular toda empolgada para ligar para seu namorado.

Cláudia deixou seu celular no viva voz deixando-nos ouvir a conversa. David aceitou de boas o nome de seu filho, e ai se ele não concordasse, Cláudia colocaria mesmo assim.

Aquele momento de risadas e diversão entre a gente ficava cada vez melhor conforme nos conhecíamos. Mas pensar que esses momentos estavam com os dias contados me fazia ficar cada vez mais com o coração apertado.

Gata IndomávelOnde histórias criam vida. Descubra agora