-Acho que talvez o nome dele devesse ser William. – Lia sugeriu.
-Não gostei. – Cláudia torceu o nariz discordando de mais um dos nomes.
-E que tal então Erick? – dessa vez foi uma sugestão minha.
-Não gostei também.
-Então você quer o que menina? – Amanda colocou as mãos na cintura aparentemente exausta de inúmeros nomes que sugerimos.
-Eu quero que você me ajudem. – Cláudia também aparentava estar sem paciência. – Daqui a pouco o bebe nasce e nada de um nome para ele.
-Você também não colabora. – Lia protestou dessa vez.
-Vou pegar suco para a gente. – Cláudia se levantou da cama fazendo um pequeno esforço para sair da mesma.
-Deixe que eu pego. – me dispus em ir até a cozinha.
-Querida eu to grávida e não morta. – protestou.
-Mas eu vou lá mesmo assim, até porque você não vai chegar primeiro que eu. – sai correndo antes que Cláudia viesse atrás de mim.
Como os pais de Cláudia não estava em casa eu tive que procurar a jarra e o pó de suco para prepara-lo o que resultou ainda mais na minha demora, mas logo eu estava no quarto servindo as meninas de um delicioso suco de maracujá.
-Estou com vontade de comer pudim. – Lia comentou.
-Nem vem que nem gravida você está. – Amanda retrucou. –Mas o pior é que eu também estou. – ela deu uma mordida leve em seu lábio em seguida dando um sorriso sapeca.
-E por que a gente não faz? – Cláudia sugeriu.
-É mais fácil sua casa pegar fogo do que sair um pudim vindo de mim. – dispensei a ideia de primeira.
-A qual é, nem temos nada para fazer mesmo. – Lia complementou a sugestão de Cláudia.
-Então vamos fazer o pudim e a Andréia fica aqui sozinha. – Amanda argumentou.
-Ah, vocês duas não irão me deixar sozinha. – calcei as minhas sandálias indo atrás das três.
Eu não fazia a mínima ideia de como iriamos fazer aquele pudim. Eu pelo menos iria ficar só observando e depois ajudaria a comer.
As três começaram a fazer o que se pedia na receita, eu apenas pegava o que estava faltando e ia ajudando arrumar a bagunça porque se eu fosse ajudar a preparar iria sair até um experimento cientifico, menos um pudim. Depois de terminado, ficamos aguardando o pudim assar.
-Falta tão pouco tempo para terminar as aulas. – Lia deu um suspiro nostálgica.
-Verdade, passou tão rápido o ano. – dessa vez o comentário foi de Cláudia.
-Me excluindo da conversa porque não pertenço a mesma série que vocês. – Amanda disse pegando uma uva e colocando na boca.
-Mas daqui a dois anos será você. – Lia cantarolou.
-Daqui a dois longos e tediosos anos. – Amanda fingiu drama. – O que vocês pretendem fazer depois que acabar a escola?
-Eu vou fazer faculdade. – Lia foi a primeira a dizer.
-Eu não vou mais. O garotão aqui não vai permitir. – Cláudia disse apontando para a barriga.
Eu não sabia se eu iria falar mesmo o que eu iria fazer depois da escola. Não sabia nem mesmo se eu estaria preparada para dizer isso a alguém.
-E você Andréia? – Amanda perguntou percebendo minha demora a responder.
-Eu vou morar com meu pai no Espirito Santo. – anunciei não querendo olhar para elas.
-O que?! – as três exclamaram parecendo espantadas.
-Só vai ser durante um ano. Nada demais. – pelo menos eu fingia.
-Um ano é muito tempo. – Amanda afirmou.
-E como a gente vai ficar? –Lia indagou.
-Vocês sabem se virar sem mim, não tem nem um ano que conheço vocês.
-Mas parece que nos conhecemos a vida toda. – Cláudia falou. – Não quero ficar longe de você.
-Nem eu, mas eu quero tentar ter meu pai de volta. – confessei. – Eu quero ter ele ao meu lado novamente.
-Mas por que ele tinha que justamente te levar? Por que ele não fica aqui?
-Porque tudo que ele tem está lá.
-E como ficamos nessa história?- Lia parecia querer chorar.
-Eu irei vir visitar vocês, não se preocupem. Irei telefonar todos os dias ou mandar mensagens, nossa amizade não precisa acabar só porque eu fui embora. – dei sugestões a elas.
-Você tem razão. – Lia concordou.
-Mas em que parte o Nicolas entra nessa história? – Amanda me perguntou.
Eu realmente não havia pensado nessa parte.
Nicolas e eu estávamos inclusive fazendo planos para depois do ensino médio e agora eu havia cancelado tudo isso para ir morar com meu pai. E onde Nicolas se encaixaria nisso? Iriamos mesmo continuar juntos? Iriamos manter um namoro a distancia ou iriamos nos distanciar de vez?
Meus pensamentos entraram em turbulência a partir que eu comecei a pensar nele. Como ficaríamos nessa história?
-Você pretende conversar com ele sobre isso? – Amanda indagou.
-Eu vou, uma hora terei que dizer. – permaneci olhando perplexa para a parede branca atrás de Amanda.
Por que eu não pensei bem antes de ter dito sim ao meu pai? Se arrependimento matasse...
[...]
O clima já não era o mesmo entre nós, estávamos assistindo a um filme aleatório e comendo pudim, mas sem nenhuma emoção. Parecia inclusive que nos quatro estávamos em um velório. Talvez um velório interno.
-Já sei que nome vou dar pro meu bebê. – Cláudia disse quebrando o clima tenso entre a gente.
-Qual? – nós três perguntamos ansiosas a espera do nome.
-O nome dele será Martins. – ela disse empolgada.
-O nome do cara do filme? – Amanda fez uma cara enojada. – Mas ele é um retardado, idiota, vacilão, imbecil por ter largado a Violet. – defendeu sua opinião.
-Por coincidência meu avô se chamava Martins. – Cláudia começou a dizer. – Eu vou por em homenagem a ele.
-Menos mal, espero que seu avô não seja um idiota. – Amanda disse revoltada. Lia deu um tapa nela.
-Respeito ao falecido. – pediu.
-É um nome lindo. – apoiei a sugestão dela. Aliás ela é a mãe e tem o direito de escolher o nome nós gostando ou não.
-Então o nome dele será Martins. – Cláudia tocou em sua barriga demonstrando afeto ao seu bebê. – Irei ligar para o David para saber se ele gostou do nome. – ela pegou seu celular toda empolgada para ligar para seu namorado.
Cláudia deixou seu celular no viva voz deixando-nos ouvir a conversa. David aceitou de boas o nome de seu filho, e ai se ele não concordasse, Cláudia colocaria mesmo assim.
Aquele momento de risadas e diversão entre a gente ficava cada vez melhor conforme nos conhecíamos. Mas pensar que esses momentos estavam com os dias contados me fazia ficar cada vez mais com o coração apertado.
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Gata Indomável
Teen FictionCom uma impulsividade incontrolável e o jeito irônico de ser Andréia Ferreira é uma jovem de 17 anos que não aceita levar desaforos para casa. Em mais uma de suas confusões na escola, ela acaba sendo expulsa da mesma. Mas nem por isso as confusões t...