39-Papai está de volta

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-Seu pai é tão terrível para você estar assim? – Nicolas estava aparentemente preocupado comigo.

-Não é do Heitor que eu estou falando. – contei. – O Heitor não é meu pai. – declarei.

-Como assim? – ele pareceu confuso. – Se ele não é seu pai é o que seu?

-Eu não posso contar. – me deitei em minha cama em uma posição fetal.

Nicolas veio ao meu lado me dando um abraço.

-Quando você estiver quiser contar saiba que estarei aqui. – ele me deu um beijo.

-Só me abraça. – pedi me agarrando ainda mais a Nicolas.

Eu estava com medo de descer e enfrentar meus medos, estava com medo de reviver o meu pesadelo novamente e com medo de deixar de tudo voltar a se repetir.

-Meu amor! Por favor, me conte o que está acontecendo. – Nicolas enxugou minhas lágrimas suplicando para que eu contasse.

Mas ele não poderia saber do meu passado.

Ele era horrível!

-Está tudo bem! – tentei dar um sorriso.

-Não está não, para de mentir.

-Por favor Nicolas, vai embora. – pedi.

Ele pareceu um pouco hesitante, mas se levantou.

-Se precisar da minha ajuda é só me ligar, qualquer coisa me ligue entendeu? – pediu.

-Eu ligo. – tentei secar minhas lágrimas.

Me levantei da minha cama e fui jogar uma água no rosto, mas minhas lágrimas simplesmente se misturaram a elas. Eu não conseguia evitar de chorar.

[...]

-Você já esperou por tempo demais, está na hora de ir. – Heitor disse com a voz firme para Frederico que aguardava pacientemente sentado no sofá.

-Eu vim aqui para ver ela, não irei sair daqui até ela aparecer. – resistiu.

-Já a chamamos, se ela não apareceu é porque ela não quer te ver.

-Mas eu quero ver ela.

-Melhor sair daqui antes que eu chame a polícia. – Heitor apontou para a porta enfurecido. –Ou eu mesmo te tiro daqui a força.

-Pai! – chamei a Heitor que rapidamente me olhou. – Deixa eu falar com ele. – pedi terminando de descer as escadas.

-Estarei esperando na cozinha. – ele me deu um abraço saindo do cômodo.

E deixando apenas o monstro e eu.

Frederico se levantou do sofá me olhando de cima a baixo parecendo não acreditar no que estava vendo.

-Como você mudou...

-O que está fazendo aqui? – perguntei seria, querendo cortar qualquer tipo de cerimonia.

-Senti sua falta! – ele deu um sorriso.

-Pena que não posso dizer o mesmo. – respondi amargamente.

Ele riu.

-O temperamento é igualzinho com o da sua avó, mas a aparência é totalmente da mãe.

-Agradeço a Deus todos os dias por não me parecer com você.

Mais um sorriso dele eu poderia o matar.

-Como você tem coragem de voltar aqui depois de tudo que fez? – indaguei tentando não derramar minhas lágrimas.

Gata IndomávelOnde histórias criam vida. Descubra agora