Terça-feira
Yorkville, Toronto
05:00 AMAcabamos chamando a ambulância para o Henri, que estava perdendo sangue demais. Os bombeiros obviamente perguntaram o que a gente estava fazendo na escola a madrugada inteira, e só falamos que tínhamos coisas pra fazer por causa do baile de primavera e perdemos a noção da hora, quando o assassino apareceu de repente. Pelo menos uma parte a gente disse a verdade.
Quando amanheceu, todos fomos para a casa e ainda levei esporro da minha mãe que estava na cozinha me esperando (a polícia havia alertado as mães de todos). A minha sorte é que ela não me dá mais castigo, só conversamos e ficou tudo bem.
Decidimos todos faltar na terça, primeiro que ninguém tinha estruturas para ir virados, e segundo que tínhamos coisas para resolver naquele dia. Como por exemplo a foto que o Jae tirou, e vê se dá para levar para a polícia.
Nós nos encontramos às uma da tarde, na mesma praça que nos encontramos a primeira vez e desde que isso tudo começou. E sim, o Henri foi mesmo com um curativo no braço, mesmo todo mundo insistindo para ele ficar em repouso porque os pontos podem abrir com qualquer movimento tosco que ele fizesse, e todo mundo sabe que o Henri não sabe ficar quieto.
—Eu já falei, está tudo bem. Foi só uma facada— Ele fala quando percebe que todo mundo olha pra ele.
—Ata, que bom amigo, só uma facada humilde— Melissa ironiza e ele ri, só ele mesmo.
—Estamos falando sério Henrique, você pode soltar esses pontos se alguma coisa acontecer— Falo séria e ele encolhe os ombros.
—Ah qual é, não quero perder a investigação, estamos tão perto. Essa não é a primeira merda que acontece comigo, eu tô legal— Ele começa a choramingar alto e Jae revira os olhos.
—Tá bom tanto faz, mas para com essa palhaçada— Ele pega a câmera que estava na mochila —Eu tenho péssimas notícias.
—Ah, que ótimo! Vai me dizer que a câmera não capturou a imagem?— Adrien coloca a mão no rosto resmungando.
—Não, ela capturou. Mas não como eu gostaria— Ele mostra a foto para a gente e realmente, é como se não tivéssemos nada.
A foto está embaçada, e não dá para ver o rosto do Riven de jeito nenhum, nem mesmo o cabelo característico ruivo. Como temos provas de que é o Riven? Simples, só temos o bastão e não quer dizer absolutamente nada. E o caso foi para trás novamente.
—Cara… isso não prova nada— Henri diz estreitando os olhos para poder enxergar a foto.
—Exatamente, por isso a má notícia. Foi na hora do desespero, não consegui colocar o foco na câmera e saiu assim.
—Bom, eu pelo menos tenho o casaco dele, já não é uma outra prova?— Elizabeth dá de ombros.
—Difícil, a polícia vai dizer que ele pode ter pegado do Riven, mesmo tendo três coisas que apontam a ele.— Melissa coloca as mãos no queixo apoiando a cabeça nelas.
—Esse lugar é uma merda, sai do Brasil para ficar nesse lixo?
—Por isso eu vou embora desse lugar assim que acabar o ano. Cansei daqui— Adrien diz revirando os olhos.
—Elizabeth seu pai é policial né?— Pergunto e ela confirma com a cabeça —Se a gente levasse o caso para outro estado, eles se solidarizam de vir aqui pegar o nosso caso?
—Não sei bem, mas eu posso tentar falar com ele, talvez ajude.
—Beleza… Temos que ter outra estratégia para pegar o Riven, de novo, e sem escapatória.— Falo olhando para todos.
—Por que a gente não coloca o cordão no achados e perdidos? E quando pegarem, a gente vê no registro quem foi— Melissa diz e eu assinto com a cabeça.
—É uma boa estratégia, e tomar cuidado para não pegar outra líder de torcida.
—Não se preocupem, a morte da Candice não fez nem uma semana ainda, e com a gente na cola dele não vai rolar dele se concentrar só em matar— Melissa diz.
—Eu tenho uma ideia, mas talvez não dê certo— Adrien diz pensativo.
—Qualquer ideia é válida Adrien— Jae diz.
—E se não for só um? Poderíamos armar uma armadilha falsa para o Riven, e enquanto ele fica preso em uma, vamos ver se um segundo suspeito aparece.
—É uma ideia boa, mas que armadilha?— Henri pergunta e todo mundo fica em silêncio.
—Vamos ter que usar uma líder de torcida.— Melissa diz de repente e todos olham para ela —Eu sei que é óbvio, mas se ele está atrás de uma líder de torcida, ele não vai recusar em ir atrás dela.
—Então… A gente deixa uma líder de torcida em um lugar específico, e em outro lugar a gente fica escondido, vamos ver se duas pessoas chegam ao mesmo tempo e no mesmo horário.— Adrien termina o raciocínio de Melissa.
—Mas como vamos convencer uma líder de torcida a ir para a rua tarde da noite?— Jae pergunta.
—Marco encontro com ela, digo que quero dizer algo sobre os ensaios ou sei lá o que— Melissa diz dando de ombros —E teremos algo a mais para provar que é realmente o Riven, se ele aceitar se encontrar com ela, ele virá sem as vestes de assassino.
—É perfeito. Então faremos essas três coisas. Contatar o pai da Elizabeth, colocar o cordão no achados e perdidos e armar armadilha para o Riven. E eu vejo se penso em algo para pegarmos sem escapatória dessa vez— Digo e todos concordam com a cabeça.
Decidimos que vamos colocar essas coisas todas em prática amanhã, sinceramente não sei porque estamos insistindo nesse caso ainda, mas sinto que estamos perto, muito perto.
O resto do dia eu fiquei com a minha mãe tagarelando sem parar sobre o trabalho dela e coisas que ela comprou, e eu escutava com atenção mas ao mesmo tempo pensando em algo para pegar o Riven sem que ele esperasse.
O baile de primavera já é sábado, ou vai ser nesse momento ou não vai ser nunca mais.
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Until The Next Death [CONCLUÍDO]
Mystery / Thriller[CONTÉM GATILHOS +16] "Quem morreu? quem é o próximo? vai ter próximo? vai ter alguém que realmente não irá morrer?" Apenas seis estudante comum terminando o ensino médio, quando uma série de assassinatos de garotas loiras e principalmente líderes...