Vinte.

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Enrico.
- Filho – minha mãe me chama.
Eu resmungo.
- Vamos moçinho – ela bate na minha bunda – você tem aula.
- Mãe – resmungo.
- Acorda ou vou de bater de novo – ela ameaça.
Bufo angustiado, e me levanto da cama.
- Tá parecendo a Marjorie – ela resmunga, e depois cobre a boca. – Anda logo.
Dou risada. Coloco uma roupa e vou para o banheiro. E desço para tomar meu café.
- Angie – ela sorri – quem fez o café? – pergunto baixo.
Ela dá risada – A mamãe – fala sorrindo – Por isso indico as coisas industrializadas.
E sorrio, e desisto de tomar café. – To indo.
Entro em meu carro e passo na casa do Gabriel, buzino. Ele sai acompanhado com Antonella.
- Bom dia – ela fala.
Eu aceno – Quer um carona? – pergunto.
- Não, obrigado.
- Certeza? – eu a encaro.
Ela se rende – Eu vou – afirma. Ela entra no carro.
- Me empresta seu celular – ela pede para Gabriel.
Ele a olha – Por quê? – Gabriel pergunta.
- Marjorie, ela não atende – ela resmunga – e eu estou preocupada.
Ele tira seu celular e entrega para ela. Gabriel fica serio.
- Tudo bem? – pergunto.
- Tá sim – ele responde – e com você?
- To legal – respondo – Só estou morto.
Deixo Antonella, preocupada na porta da faculdade. E eu Gabriel seguimos para a nossa. Assim que entramos vejo Victor.
- E aí – fala – Vi sua namoradinha – ele provoca.
Fecho minhas mãos – Aonde? – pergunto entre os dentes.
Ele sorri – Em um estúdio de tatuagem.
O que diacho ela estava fazendo em um estúdio de tatuagem?
- Ótimo fofoqueiro – ele fala – Agora sai – ele pede.
Ele sai da nossa frente.
- Ele tem sorte – resmungo.
- Ela ta mais perto do que você imagina – Gabriel afirma.
Eu o encaro – O que você disse?
- Não se faça de surdo – pede.
Eu suspiro, e um alívio me atinge.
- Tem que tomar café – aviso.

Paramos na cantina da faculdade e fizemos o pedido. Assim que acabamos fomos para a aula. Se sentarmos perto do pessoal de sempre, e ficamos conversando até o professor entrar na sala. 

Meu celular começa a vibrar, o pego no bolso. Minha mãe. Será que aconteceu alguma coisa? Toca de novo e eu saio da sala.

- Oi mãe – falo. – Aconteceu alguma coisa? – pergunto preocupado.
- Preciso que você venha aqui no prédio de jornalismo – ela pede – rápido.
- Mãe – ela suspira – O que aconteceu?
- Só vem – pede. – De carro.
Eu bufo.
- É para hoje, Enrico – ela resmunga.
Ela desliga.
Eu entro na sala, e junto meu material.
- O que aconteceu? – Gabriel pergunta.
Eu o olho – Não sei – respondo – minha mãe esta preocupada e pediu que eu fosse vê-la.
Eu assente.
Vou até meu carro e me dirijo até o outro prédio, que não fica tão longe. Entro no prédio.
- Oi – falo. – Onde fica a sala de jornalismo.
Ela me explica o caminho, mas quem disse que eu vou sozinho. Logo minha mãe aparece com uma cara preocupada.
- O que aconteceu? – pergunto.
- Preciso que leve Mar na casa dela – ela pede.
Eu não ouvi o que eu ouvi – Quem?
- Marjorie – ela responde – E antes que pergunte é a sua Marjorie – ela revira os olhos.
- O que aconteceu com ela? – pergunto de novo.
- Ela está doente – explica – e os pais não estão em casa e eu pensei.
Entro na sala, e vejo a minha Marjorie dormindo no braço de Antonella.
Ajoelho em sua frente – Vamos, Mar – ela resmunga. – Vem – estendo minha mão para ela. Ela olha, mas não faz nada. – Vem vou te levar para casa.
Ela choraminga. Pego ela pela cintura, e ela se apoia totalmente em meu corpo.
- Me liga – Antonella pede.
Caminho com ela em passos lentos até meu carro, a colo dentro e depois a colo o cinto. E entro no carro, ela dorme.

Antonella parece adivinhar meus pensamentos, me manda uma mensagem de qual é a casa dela.
- Onde estão as chaves? – pergunto.
Ela aponta para a bolsa. Pego sua bolsa e fuço até achar a chave, que abri o portão. Ajudo-a descer do carro. E entro com ela em sua casa. Levo-a para o quarto que eu julguei ser o seu.
Antonella me manda umas mensagens do que fazer com ela. Vou à cozinha e procuro onde esta a caixinha de remédios. Volto para o quarto. Sento-me na cama, e a colo em meu colo, ela se aconchega.
- Toma – a entrego o remédio, ela toma. – Você tá muito quente.
Pensa!Pensa e pensa. O que a minha mãe faria comigo se eu estivesse com febre. Banho!
Eu a pego no colo e a colo sentada no vaso sanitário. Ligo o chuveiro em uma água morna. Tiro sua roupa deixando a apenas de calcinha e sutiã, tiro minha camisa. E a coloco em baixo d'água. Ela choraminga.
- Calma – peço – Já vai passar – passo a mão em seu cabelo.
- Porque eu to tomando banho de roupa? – ela pergunta.
- Porque você está doente – respondo – E você não está de roupa – afirmo.
- Tire – ela pede.
Eu fecho meus olhos.
- Tire – ela repete, resmungando.
- Mas... – ela interrompe.
- Você vai ter que me trocar – ela afirma – E eu não vou ficar com isso molhado.
Ela faz uma cara de brava, que não dá certo. E eu a obedeço, tiro o resto das suas roupas. Ela se agarra a mim. Eu volto a fazer carinho em seus cabelos, ela parece que dorme sossegada, enquanto a água cai nela. Pego uma toalha e a enrolo nela. E saio com ela do banheiro. Procuro alguma roupa para ele, e assim que eu acho. Eu a entrego, ela se veste. Ela está com a aparência melhor do que antes. Fico a observando. Ela enrola a toalha no cabelo, e deita em seu travesseiro, e logo adormece.
Fico observando a dormir, e ligo para Antonella e aviso que ela esta melhor. Fiquei muito, mais muito preocupado mesmo. Colo a mão em sua testa, e vejo que a febre esta voltando. Droga!
- Agora vamos para um hospital – resmungo, enquanto coloco minha camisa de novo.
Eu a pego, e ela fica em pé – Quero a minha mãe – ela resmunga.
- Ela já vem – minto. – Agora vem – eu a olho – confia em mim? – pergunto.
Ela dá um sorriso de lado – Confio – fala baixinho.
Vamos para um hospital e logo ela é atendida. Fazem exames nela, e depois dão o medicamento. E ela dorme igual a uma pedra. E eu fico ao seu lado a todo minuto. O médico diz que é apenas uma infecção e que se ela tomasse os antibióticos certinhos, ela estaria melhor. E que nos liberou.
Eu queria encontrar ela a qualquer custo, e olha como eu a encontro, no mento em que ela mais precisa de ajuda.

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