Trinta e oito.

2K 142 0
                                    

Caminhei até o quarto do Enrico, e peguei uma roupa, e fui tomar um banho. Meu banho era rápido, já que agora eu tinha uma pessoa para cuidar. Sai do banho com meus cabelos molhados, enrolados em uma toalha. E dei de cara com Enrico me olhando.
- Sabia que eu sinto sua falta – ele admitiu. – Queria que tudo voltasse a ser como antes.
Eu sorrio, mas não digo nada.
- O que você acha? – pergunta me encarando.
Eu mordo meu lábio – Podemos conversar depois que eu me trocar.
Ele assente.
- E assim que você sair do quarto – resmungo.
Ele se vira na cama, enfiando o rosto no travesseiro. Reviro os olhos, já que não teria jeito dele sair. Troquei-me rapidinho, e me sentei na cama para a tal conversa.
Dei um tapa em sua bunda, ele me encara.
- Podemos tentar – respondo – mas como amigo.
- Amigos?
- Amigos. – ele sorri, e fica me encarando – O que foi?
- Acho que amigos não vão dar muito certo – afirma – estou com uma vontade louca de te beijar.
Fechei meus olhos, e dei um sorriso de lado.
- Então porque você não me beija? – perguntei.
Ele me encarou surpreso.
- Eu quero te beijar – ele repete me dando tempo para eu desistir.
Eu me aproximo dele, e sento em seu colo.
- E o que você esta esperando?
Eu roço nos lábios, e inicio um beijo calmo. Entrelacei meus braços em sua nuca, e a arranhei de leve, ele suspirou. Suas mãos não paravam quietas, elas estavam em todas as partes do meu corpo. O beijo foi aos poucos ficando mais intenso, suas mãos foram para a parra da minha camisa, a puxando para cima. Mas nosso plano deu errado, quando Hugo começou a chorar. Enrico com relutâncias separou nossos lábios.
- Hugo não colabora com o irmão – ele resmungou, se levantando.
- O Hugo estava certo – provoquei – Amigos não fazem coisinhas.
Ele me olhou com cara de bravo, e saiu do quarto.

Fiquei quietinha deitada na cama, e aos poucos ouvi o choro de Hugo parar. Enrico saiu com ele no colo, para lhe dar um lanche. Levantei da cama e os segui. Enrico tinha um carrinho todo especial com Hugo, ele não parecia seu irmão, e sim seu filho. E pela primeira vez, eu me imaginei como mãe. As pessoas estavam certas, ao falar que parecíamos uma família. Fechei meus olhos e imaginei isso acontecendo, tudo bem que era cedo, mas eu não me importava, eu queria ter aquela sensação, de ser mãe.
- O que você está pensando? – Enrico perguntou se sentando ao meu lado.
Eu sorri – Nada.
- Mentirosa – afirmou – Desembucha – pediu.
- Sei lá – fiquei com vergonha de falar – Em criar uma família, ter filhos.
- De repende? – me olhou – Porque eu lembro que você achava que ainda era cedo?
Eu sorri – E ainda é – afirmei – Só que agora cuidando do Hugo, eu to com vontade de ser mãe – eu o olhei – sabe ter meu filho, vê-lo crescer.
Enrico sorriu – Sabe que eu guardei o presente da Angie.
- Eu sei disso – encostei minha cabeça em seu ombro – Eu fui uma idiota.
- Você é uma idiota – ele diz sorrindo.
- Você também é – retruquei. – Mas sabe o que eu me culpo?
Ele fica em silêncio.
- Por ter sido um idiota – afirmo – Por quase perder a pessoa que eu amo – eu levanto a minha cabeça, para encara-lo – Por culpa da minha infantilidade, por culpa das minhas loucuras, por minha culpa. E olha onde eu estou agora – sorri – estou tentando ser amiga, do cara que eu amo – ele beija minha testa – para eu não perder minha posse de ser superior - dou uma pausa – mas sem querer eu admiti isso, e estou morrendo de vergonha.
Ele deu risada – Caramba, Marjorie – falou – Espera só um minutinho – pediu, e se levantou, levando Hugo.
Eu decidi parar de bancar a orgulhosa e dizer a verdade. Antes que eu o perca. E se isso acontece, eu não me perdoaria. Fiquei em silencio, enquanto minha cabeça processava tudo, o que eu tinha acabado de fazer. Enrico não volta, me deixando angustiada. Mas arrependida eu não estava nenhum pouco.
Ele apareceu na sala minutos depois, sem o Hugo.
- Cadê o Hugo? – perguntei.
- Tive que o fazer dormir – admitiu – Precisa curtir um pouco.
- Enrico – resmunguei.
- Espera – pediu – Quer dizer que a gente, voltou com a gente estava antes?
- Igual não – afirmei – mas parecido.
- Parecido? – perguntou arqueando uma sobrancelha.
- Sim – respondi – eu me comporto e você não me pede um tempo.
Ele deu risada, e se ajoelhou na minha frente.
- E por isso que eu amo você – sussurrou contra meus lábios.
- Eu também te amo.
Entrelacei meus braços em seu pescoço, o puxando para mim. Iniciamos um beijo calmo. Ele se levantou, me levanto junto com ele. E me prendeu na parede mais próxima.
- Melhor não – sussurrei quando ele tentou tirar minha camisa – Hugo vai atrapalhar.
Ele deu risada – E isso ia dar problema.

Somente sua.Onde histórias criam vida. Descubra agora