Primeiras horas

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- 20 minutos e entraremos no ar!

Uma voz rouca e masculina, avisava as duas pessoas sentadas de trás da bancada do Jornal Nacional, que o mesmo estava prestes a começar. Renata, ainda tentando se encaixar em sua nova casa, tentava de todas as formas manter a calma e não deixar o nervosismo tomá-la, mas a sessão de testes, feitas ao lado de William Bonner, um homem que a inspirou a continuar o amor pelo jornalismo, lhe deixava mais preocupada se realmente estava preparada para assumir aquele cargo.

Bonner, ainda sentado em sua cadeira, agia com tranquilidade, como se fosse algo comum, enquanto Renata, estava tensa e não parava de mexer nos cabelos, os jogando de um lado para o outro como em um tique nervoso, e incrivelmente ele se mantinha intacto, mesmo com tantas alterações. William, apenas observava a tensão no corpo e rosto de sua nova colega de bancada e acabou soltando um sorriso involuntário, sendo notado por ela, que sentiu suas bochechas ficarem quentes  sinal de que elas estavam coradas ao simples contato visual com Bonner.

- Renata, não é a primeira vez que senta nessa bancada. Por que está tão tensa? - sorriu, tentando distrair um pouco a mulher ao seu lado.

- Não sei. Acredito que uma vez ou outra, tudo bem. Mas ficarei aqui todos os dias e esse espaço é... - olhou ao redor - ... o sonho de qualquer jornalista! E estou ao lado de um dos melhores jornalistas desse país. Então... eu estou nervosa! - sorriu com uma expressão de tensão.

- Pense que... esse jornalista é apenas alguém que está muito, mais muito feliz em ter alguém tão competente como você ao meu lado neste jornal! Vamos nos dar bem juntos. Confia!

Bonner levantou e carinhosamente sorriu para Renata, antes de sair do cenário do JN e sumir pelos corredores que davam acesso aos camarins da emissora. A mulher permaneceu por alguns segundos, mas ao olhar para um relógio que havia em sua frente, percebeu que seu tempo estava acabando e precisava estar no camarim para se preparar.

Levantou, e caminhando até seu camarim, percebeu olhares de admiração direcionados a ela e muitos de atração, pois ela era uma mulher bonita e atraente.

Antes de se formar em jornalismo, Renata Vasconcellos, foi modelo de duas importantes marcas de roupas, além de desfilar e fazer participações em duas novelas exibidas na emissora Globo. Seus traços fortes e atrativos, eram capazes de seduzir todos os gêneros com apenas um olhar e sorriso, e ela estava percebendo isso no momento em que adentrava no corredor.

Ao abrir a porta, Renata, se deparou com uma moça em posse de pincéis e sombras.

- Olá!

- Olá! - se aproximou e sentou na cadeira e ficou ali até que a moça finalizasse seu trabalho.

- Você é muito bonita! - disse a mulher,  enquanto passava sombra nos olhos de Renata.

- Obrigada! - falou tímida

- Está nervosa para seu primeiro dia?

- Sim! Muito! - sorriu

- Sério?

- É uma responsabilidade muito grande e por mais que eu tenha feito outras coisas, como o Bom Dia Brasil, é diferente quando se trata de um jornal que muitos assistem, um jornal que é exibido em horário nobre.

- E ao lado de Bonner?

- E ao lado de Bonner!

A moça havia terminado as sombras e seu próximo passo eram os delineados, marca registrada da jornalista, pois realçava a beleza de seus olhos e eram clássicos. Logo em seguida, Renata se levantou para que a responsável pelas roupas verificasse o que estava errado no vestuário que a mulher estava usando.

Um som veio da porta, mas Renata estava tão concentrada em seus pensamentos da bancada, que nem percebeu Bonner se aproximando com um aparelho celular em uma das mãos e apontando para a jornalista.

- Oi?

Renata, foi tirada de seus pensamentos com a voz grave e doce do Jornalista, e ao olhar para o lado, viu Bonner, com o celular em mãos e apontando em sua direção e imediatamente o ouviu falar:

- Sorria.

A mulher olhou de canto de olho e com as duas mãos em direção ao peito, ouviu o som do disparo do aparelho e o sorriso de Bonner, ao perceber que a foto tirada estava de seu agrado.

- Ficou linda! Muito linda! - sorriu e recebeu um sorriso tímido de Renata.

O homem saiu, mais antes de fechar completamente a porta, viu a jornalista sentada em frente ao espelho e com a cabeleireira mexendo em seus cabelos, e no fundo, não pôde negar que achava Renata uma mulher muito atraente, mas sabia também, que a mesma era casada assim como ele. Fechando a porta, voltou suas atenções ao aparelho e entre uma foto ou outra, ele sempre voltava ao registro feito de Renata.

Dentro do camarim, a jornalista ainda tentava entender o que havia acontecido.

- O que foi isso? - riu enquanto perguntava.

- Se acostume! - falou a cabeleireira - Bonner, sempre faz isso!

- Meu Deus, sério? - parou de rir ao ouvir que seu novo parceiro de bancada era o oposto dela em relação a Redes Sociais.

Renata, era uma pessoa que não falava de sua vida pessoal em redes sociais ou fora delas, ela era uma mulher muito reservada e tudo que postava em sua conta no instagram, conta essa que foi criada por que os fãs querem estar próximas a ela de alguma forma, eram imagens aleatórias de flores ou peças de arte, poucos registros eram dela própria ou de seus filhos ou marido. Então, saber que, a partir daquele momento, sua exposição seria maior, lhe trouxe uma certa apreensão.

- Ele gosta de fotografar e registrar tudo. - falava enquanto usava o secador de cabelo no cabelo de Renata - E outra... ele ama bater selfie!

- Meu Deus!

Eram Apenas Selfies IOnde histórias criam vida. Descubra agora