O convite

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Poucas pessoas estavam presentes nos estúdios da Globo, naquela noite de Terça-Feira, devido ao horário, mas Bonner e Renata estavam sentados de trás da bancada, mesmo depois do término no programa. Renata estava sentada e olhando nos olhos de Bonner, em espera de sua resposta, enquanto via o homem lhe olhando e sorrindo.

- Este é seu segundo dia ainda. Então não tenho fotos o suficiente - riu

Renata, achou a resposta desrespeitosa e diferente do que ele esperava, ela não achou graça do que ele havia falado, e sem expressar nenhuma reação, a mulher levantou-se e sacudindo a cabeça em negação, estava prestes a sair, quando sentiu Bonner, a segurar pelo braço com cuidado para não a machucar. Ao virar, a mulher olhou para um homem diferente, ele estava constrangido e arrependido do que havia falado.

- Desculpe. Sempre fui brincalhão com as pessoas aqui. Mas você chegou ontem, então, ainda não está acostumada - sorriu enquanto largava o braço de Renata - Não tenho muitas fotos suas e me perdoe, por ter. Mas gosto de fotografar e sempre digo que se não fosse Jornalista, gostaria de trabalhar com fotografia - riu, conseguindo arrancar o primeiro sorriso da mulher.

- Confesso que eu não esperava por isso. Pois, nunca tive tanta atenção voltadas para mim e ter você, William Bonner, me fotografando é algo um pouco intimidador.

Bonner se aproximou e segurando as duas mãos da mulher em sua frente, fez uma promessa que ela jamais esqueceria, pois era tão incomum que não parecia séria.

- Prometo que a partir de hoje, baterei apenas fotos com você sabendo! - falou sério.

Por alguns segundos, a mulher o olhou espantada, mas logo em seguida, começou a rir, fazendo com que Bonner, risse junto a ela e por alguns minutos, ambos permaneceram ali achando a conversa tida a mais estranha de suas vidas. Os minutos foram passando e a interação entre ambos ficava cada vez maior, e entre assuntos aleatórios, sempre voltavam ao mesmo tema, fotos. Renata, olhava para Bonner e sorria, ao perceber o quando ele amava as informações que uma simples fotografia trazia e seu sentimento.

- Algumas fotos contam histórias e outras não passam de fotos - falou enquanto olhava para uma foto de Renata, tirada no dia anterior - A sua, conta que estava triste nesse dia e não bêbada - levantou a cabeça e olhou para a mulher em sua frente, e percebeu o mesmo olhar da fotografia.

Renata, se manteve em silencio por alguns segundos, e olhando para Bonner, o percebeu analisando profundamente seu olhar em busca do que a poderia estar fazendo ficar triste, mesmo estando na melhor fase de sua vida, e ele não sabia que, por mais que estivesse realizando um sonho, estar na bancada do Jornal Nacional ao seu lado, a mulher estava vendo seu casamento que tanto priorizou, ir por água abaixo com o passar dos dias e que não existia mais um casal morando junto, e sim, um homem e uma mulher, que eram desconhecidos um para o outro, onde apenas a produção dela em uma mulher fatal, fazia com que algo acontece entre eles.

- É meu segundo dia e você já percebeu tudo isso?

- Sim! - olhou sério, mas acabou por ter sua atenção levada ao celular que tocou sobre a bancada, desligando minutos depois e voltando suas atenções a jornalista em sua frente - Você é uma excelente profissional, uma pessoa incrivelmente carinhosa, possui uma beleza interna que faz sua beleza externa ser exaltada... - sorriu -... Não deixe isso que você tem de maravilhoso, que é a sua alegria, sumir pelo que não vale a pena!

Renata, absorvia cada palavra que saia dos lábios de Bonner, como um aprendizado de alguém que já viveu muitas coisas na vida, mesmo que a diferença de idade de ambos fosse pouca, o homem em sua frente, sabia o que estava falando e tinha uma certeza, a mulher não poderia deixar de ser quem sempre foi, para manter algo que não existia mais.

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