Momento de descontração

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O forte cheiro da cola usada por Renata e o som do secador, segurado por Bonner, transformava o pequeno espaço onde a bancada estava, em uma diversão trágica de salvar a bancada quebrada. Enquanto, a jornalista usava sua delicadeza e paciência para colar as peças e não deixar resquícios de cola, Bonner, não prestava atenção na temperatura do vento, que estava cada vez mais quente e isso não secava a cola e sim a deixava molhe. Renata, aproximou a palma de uma das mãos do vento do secado e percebeu que estava muito quente e quando olhou para Bonner, o viu concentrado no que ela estava fazendo e esquecendo de verificar o ar do aparelho.

- Bonner?

- Oi?

- O ar está queimando! - riu

O homem aproximou a palma da mão no ar e sentiu o arder em sua pele e afastou rapidamente, procurando o botão para diminuir, mas não achava nada, começando a ficar irritado, enquanto via Renata, rir em sua frente. A mulher, pegou delicadamente em sua mão e puxou o secador.

- Você cola e eu regulo a temperatura, melhor - falou Renata, enquanto entregava as peças já coladas ao homem e segurava o aparelho, retomando assim o trabalho, mas ainda rindo. Bonner, surpreendeu sua parceira ao fazer exatamente o passo que ela estava fazendo, sendo delicado e cuidadoso para que não deixasse marcas de cola.

- Parabéns, Bonner. Bom Trabalho! - falou enquanto olhava por cima do ombro do jornalista e a aproximação de ambos voltava a ser maior.

- Lhe ensinei bilhar, agora você me ensinou a ser delicado. Estamos empatados! - sorriu ao virar e encontrar os lábios de Renata, próximo aos seus.

Um som veio de trás das duas pessoas e quando olharam para ver do que se tratavam, perceberam alguns homens com matérias em mãos para concertarem a mesa, fazendo as duas pessoas começarem a rir como duas crianças. O rosto de Renata, se repousou no ombro de Bonner, e seus cabelos caíram sobre seu rosto, enquanto ria e sentia as mãos do jornalista em seu pescoço e escondendo a vermelhidão. Os jornalistas, fizeram o trabalho que uma equipe contratada pela emissora estava ali para fazer, e quando se separaram, Renata, ainda rindo disse para Bonner:

- A culpa é sua! - riu e escondeu seu rosto nas costas de Bonner.

As horas foram passando e a enorme bancada foi levada para outro espaço, e uma nova missão estava prestes a começar. O objeto era pesado para ser simplesmente carregado, fazendo uma equipe com mais de 10 pessoas levarem a mesa para uma nova sala, que ficava a 10 metros de onde estava. Renata, ficava fiscalizando e guiando os homens e verificando o concerto, quase perfeito que ela e seu parceiro fizeram.

Chegando no novo local, uma enorme lona verde já estava instalada assim como as câmeras, faltando apenas a cereja do bolo, que seria a mesa. A colocando com todo o cuidado no centro do espaço, todos os homens comemoraram a árdua tarefa e entre eles estava Bonner, de camisa social branca e transpirando bastante.

- Valeu gente! - falou o homem enquanto recebia apertos de mãos.

Renata, estava organizando as cadeiras atrás da bancada e montando os monitores, com a ajuda dos técnicos. A mulher usava uma camisa de mangas longas de cor bege, com decote em V e que marcava seu corpo, deixando em evidência seus seios volumosos e com os cabelos soltos e quase nenhuma maquiagem, sua beleza natural chamou a atenção de muitos dos homens que havia ajudado a carregar a mesa, sendo eles responsáveis por olhares nada agradáveis lançados a ela antes de saírem. A mulher se sentiu desconfortável, mas preferiu ignorar, pois havia coisas mais importantes para serem arrumadas antes do Jornal Nacional, entrar ao ar.

Bonner, se aproximou e se "jogou" em sua cadeira em visível sinal de cansaço, e olhando para Renata, que limpava as poeiras que existiam em sua própria cadeira, falou:

- Por que fazemos isso?

- Como assim? - parou o que estava fazendo e olhou para o homem.

- Por que tanto sacrifício por uma mesa? - fez uma careta.

- Uma mesa que nós trabalhamos?

Bonner, ergueu a cabeça para olhar ao teto antes de levantar-se e caminhar até uma cadeira e pegar seu paletó preto.

- Só fiz porque temos apenas essa - riu ao voltar a bancada já devidamente vestido. 

- E não estou nem a uma semana aqui, para apresentar sem bancada - riu

A porta em frente as duas pessoas foram abertas e o restante da equipe foi entrando e já se deparando com os dois jornalistas posicionados para os testes de câmera. Bonner, tentava esconder o brilho de sua pele usando pó, enquanto Renata, jogava seu cabelo para trás e com as mãos, arrumava.

- Renata? - chamou Bonner, atraindo a atenção da mulher que mexia nos cabelos parecendo incomodada com algo.

- Sim?

- Seu cabelo está ótimo - riu

- Desculpe - riu visivelmente envergonhada.

Bonner, lhe olhou e assim que parou para analisar como sua colega de bancada estava, notou rapidamente o volume que a blusa dela trazia e desviando o olhar, pegou seu celular e ativou a câmera, sendo visto por Renata, que já estava se preparando para começar os testes de câmera.

- Eu disse que lhe pediria permissão? Não disse? - fez uma cara de dúvida.

- Sim. Disse.

- Então?

- Tá, vamos!

Renata, se aproximou da bancada e encostando os braços sobre a mesa, não fez um sorriso, apenas olhou para a câmera e com os lábios entre abertos, parecia apenas bater uma foto, enquanto Bonner, encostava o cotovelo na bancada e com uma das mãos apoiava a própria cabeça e sorria e a outra, segurava o aparelho celular. O som do disparo foi ouvido e quando Bonner, abaixou o celular, olhou para sua parceira e riu ao perceber que ela estava rindo.

- Vou falar com a edição para remover esse fundo verde feio!

- Você não vai fazer isso, Bonner? - riu

- Vou sim! - riu

As horas foram passando, e as 20h da noite a jornalista, estava em seu camarim se preparando para ir ao cenário do Jornal Nacional. A mulher olhava seu próprio reflexo e terminava de fazer o delineado tão conhecido por todos os telespectadores e com uma saia abaixo dos joelhos em tom vinho, penteava seu cabelo quando percebeu a porta ser aberta e Bonner, entrar.

- Pronta?

- Já? - olhou surpresa por conta do horário

- Teremos que entrar mais cedo, pois tem jogo.

- Ah sim. Já estou indo - sorriu

O homem permaneceu parado, apenas olhando sua parceira terminando de se arrumar e antes de sair, recebeu um sorriso meigo e carinhoso da mulher, que em seguida, voltou a olhar seu reflexo no espelho e com um brilho labial nas mãos, passou em seus lábios e rapidamente olhou o reflexo de Bonner, ainda parado na porta lhe admirando fazer o que estava fazendo e nesse momento, lhe lançou um olhar provocativo.

O homem respirou fundo e entrou, fechando a porta e caminhando apressadamente em direção a ela e quando se aproximou, a puxou pelo braço e a girando para encará-lo, a beijou da forma mais intensa e impulsiva que conseguia, arrancando da mulher suspiros e uma respiração ofegante. E sem ar, ambas as pessoas se separam e Bonner, percebia que estava fazendo algo muito errado, mas não se importou, voltando a beijá-la mais uma vez e com as mãos em sua cintura, a puxou para mais perto, sentindo seu corpo próximo ao dele e ficando animado por isso.

Renata, se afastou ainda recuperando o folego.

- Precisamos ir! - olhou ainda com vontade de retomar o que estavam fazendo.

- Verdade! - falou Bonner, se afastando e arrumando suas roupas, saindo segundos depois e deixando Renata, com o corpo queimando por dentro.

Ambas as pessoas, ignoraram toda a conversa que existiu entre elas pela parte da manhã daquele mesmo dia e deixaram a mostra que uma simples aproximação ou troca de olhares, criava uma chama que os unia e o lábio de ambos, procurava um e o outro.

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