O taxista

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- Vamos ter uma festa grande? - perguntou Bonner.

- Não! Algo mais íntimo, o que acha?

- O que você preferir, meu amor - sorriu

- Eu prefiro fazer esse casamento na casa do interior, com a natureza nos abençoando, ao invés de centenas de pessoas com câmeras - riu.

- Então vamos fazer em sua casa - a abraçou

- Vamos!

Renata e Bonner, estavam sentados no sofá assistindo filme, depois que Lanza, havia ido embora e sabiam que no dia seguinte iriam voltar a bancada do Jornal Nacional, e a jornalista estava ansiosa para isso, pois não via a hora de voltar e continuar fazendo o que mais gostava de fazer, trabalhar com o que amava, o jornalismo.

Bonner, levantou-se e perguntou a ela se gostaria de pipoca, e ela disse que sim. O homem, caminhou até a cozinha e começou a preparar a guloseima para que ambos terminassem que ver o filme como dois namorados que eram.

- Vamos voltar amanhã - disse ela.

- Sim. Terei minha parceira de bancada de volta - sorriu.

- Eu estou feliz em voltar depois de tanto tempo.

- E eu de ter você novamente ao meu lado, naquela bancada - sorriu.

Um som alto de tiro veio da TV, e assustou Renata, que olhou rapidamente e viu o filme passando e começou a rir, sendo acompanhada por Bonner, que minutos depois voltou ao sofá com uma vasilha de pipoca nas mãos e assim continuaram até que o mesmo acabou e ambos ficaram bem surpresos com o final.

- Você imaginou que seria isso? - indagou Bonner.

- Eu pensei que ele ia sobreviver! Que final mais sem noção!

A tarde estava chegando e o casal estava caminhando pelas ruas do Rio de Janeiro, apreciando o pouco movimento e a não perseguição dos paparazzi a cada minutos. Renata, segurava um coco e Bonner, uma garrafinha de água. Não havia quase ninguém nas ruas e eles sentiam o silêncio e o vento da brisa da praia de Copacabana.

Algumas pessoas os reconheciam e pediam para bater algumas selfies e prontamente o casal atendia ao pedido e durante essa andança, Bonner, viu ao longe um Taxi, e no seu interior, Fernando, o taxista que o havia ajudado no dia do sequestro de Renata. Chamando a atenção de sua noiva, William, apontou para o carro parado a alguns metros à frente.

- Olha amor! - percebeu Renata, olhar.

A mulher reconheceu de longe o rosto do senhor e automaticamente sorriu e ambos começaram a caminhar até ele e assim que se aproximaram, perceberam que ele estava adormecido dentro do carro e levemente bateram no vidro para acordá-lo. O homem lentamente abriu os olhos e se deparou com os dois jornalistas parados e sorrindo do lado de fora do carro, e sorriu ao receber um Oi, de cada um, e lembrou o que havia feito para eles e se sentiu muito feliz ao ver a mulher bem.

Fernando, saiu de dentro do carro e deu a volta, se aproximando dos jornalistas e rapidamente, Bonner o abraçou, sendo seguido por Renata.

- Que maravilha ver que estão bem! - disse o taxista.

- Estamos e parte dessa alegria é por causa do senhor, que nos ajudou naquela noite tão horrível e não teve medo de fazer isso! - falou Bonner, que o olhava com admiração.

- Somos eternamente gratos ao senhor, Sr. Fernando - disse Renata.

- Não precisam ser não... - falou tímido - Só fiz o que minha consciência pediu. Eu jamais iria deixar uma pessoa tão importante quanto William Bonner, da forma que tava. Não por ele ser famoso, mas porque eu vi que ele estava desesperado.

- E é por essa razão que a partir de hoje o senhor vai fazer parte de nossa vida no dia mais especial que teremos - disse o jornalista que logo em seguida olhou para Renata, e perguntou - O que você acha?

- Eu acho uma excelente e magnifica ideia - sorriu enormemente ao saber o que o homem iria falar.

- Eu William Bonner...

- E eu Renata Vasconcellos, estamos lhe convidando para o nosso casamento. O que o senhor diz?

O taxista ficou sem palavras para responder a qualquer pergunta que o iria ser feita depois daquela. Ele sentiu seus olhos encherem de lágrimas e uma pergunta não parava de passar em sua cabeça: Por que eu? Ambas as pessoas em sua frente eram as mais conhecidas e admiradas do país, tendo um conviveu com pessoas importantes e da alta sociedade e ele tinha certeza de que os convidados seriam nesse nível e ele apenas um taxista no meio do mundo luxuoso que ambos, na mente do homem, viviam.

- Eu? - estava visivelmente surpreso.

- Queremos que seja nosso convidado, mas do que especial. Aceita, por favor - disse Renata, e depois fez uma cara de que estava implorando a ele.

- Mas eu não tenho roupas para ir nesses eventos chiques - riu o taxista.

- Não tem problema amigo. Irei lhe ajudar, assim como você me ajudou naquela noite - disse Bonner, com um sorriso.

- Diz que sim? - perguntou Renata.

- Claro! Vai ser uma honra! - era visível a alegria do homem - Meu Deus, eu vou no casamento dos apresentadores do Jornal Nacional. Ninguém vai acreditar em mim.

- Eles verão as fotos e acreditarão - disse Renata, com um sorriso do rosto.

As horas foram passando e ambos os jornalistas estavam chegando à Central de Jornalismo da Globo, e assim que abriam a porta de ferro que barrava o som que vinha dos carros e da cidade e pleno funcionamento, receberam aplausos e assobios de todos que estavam caminhando de um lado para o outro, como era comum naquele espaço.

Renata, desceu e começou a adentrar no espaço de mãos dadas com Bonner, e essa era a primeira vez, desde o começo do relacionamento de ambos, que fazia isso, e quanto mais caminhavam, mais aplausos vinham até que chegaram no meio da redação e a jornalista disse:

- Voltei, e não estou sozinha! - levou uma das mãos a barriga.

Muitos ali, não sabiam que Renata, estava gravida, e os que sabiam, não contavam aos sete ventos, com isso, essa notícia foi mais do que especial para muitos que torciam pelo casal e ficava feliz por eles estarem construindo a família mais linda que eles poderiam conhecer.

20h20 e lá estava Renata, andando de um lado para o outro como sempre fazia antes do jornal entrar ao ar. Foi até seu camarim, trocou de roupas, usando uma blusa vermelha larga e calça de alfaiataria preta, cabelos soltos e pouca maquiagem, e olhando seu próprio reflexo, se viu diferente, não conseguia ver a Renata Vasconcellos, do início de tudo e sim alguém que passou por muitas coisas e mudou, além de ter encontrado o homem de sua vida no meio de um turbilhão de emoções e fim de casamento, estava gerando uma pessoa dentro de seu ventre, e era o fruto desse amor que só crescia.

Renata, virou de lado e puxou a blusa que usava para trás, deixando transparecer uma barriga saliente e bem discreta, o que a fez sorrir e ficar admirando por mais de 2 minutos sua barriga crescendo a cada dia.

- E imaginar que você vai ficar bem maior - riu.

Chegando à bancada do Jornal Nacional, todos na equipe a viram entrar e cada um estava com um sorriso no rosto, e assim que se sentou em sua cadeira, ouviu de Bonner.

- Parceira?

- Parceiro?

Uma moça se aproximou de ambos com um celular em mãos e Renata, sabia que era a foto de Boa Noite, e confessou que estava sentindo falta dessas fotos ao lado de Bonner, e rindo, se apoiou na bancada e olhou para a câmera e ouviu o disparo do aparelho e ao olhar rapidamente, viu seu parceiro sorrindo e apontando em sua direção.

- Sejam bem-vindos de volta, pessoal! - disse a estagiária com um imenso sorriso no rosto e saindo minutos depois.

As luzes aumentaram sua potência e o som foi diminuído.

- 1, 2 e já.

A vinheta tocou e ao término, a câmera focou no rosto de Renata, que começou:

- Boa Noite! Polícias são investigados por facilitar a fuga de traficantes, após invasão do Morro da Rosinha...

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