Incômodo

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Renata, ainda estava parada em frente ao homem e tentando não acreditar que estava diante do homem que foi capaz de a fazer fugir de casa aos 18 anos, para lhe encontrar no estádio da PUC do Rio de Janeiro.

- Antônio! – observou incrédula o quanto o homem estava diferente.

Antônio Santiago, foi o primeiro namoro de Renata, na faculdade, namoro esse que durou por quase 3 anos e terminou, porque o rapaz na época com 20 anos, havia ido morar nos Estados Unidos com seus pais, os obrigando a se separar.

Renata, na época, sofreu a falta do homem e falou para si própria que jamais encontraria outro homem como ele, pois ele a tratava como Bonner, a trata.

- Você está linda, Renata! Parece que o tempo não passou para você.

- E você está bem diferente – sorriu – Parece outra pessoa.

- A academia tinha que servir para alguma coisa – riu, deixando amostra as covinhas na bochecha que tanto ela amava quando era jovem.

- Claro – riu, voltando a olhar para Fernanda, tentando desviar o olhar do homem – Você leva pra mim na bancada?

- Claro que sim – sorriu a moça.

- Obrigada – sussurrou Renata, e quando virou, se deparou novamente com o Antônio – Foi um prazer revê-lo, Antônio, e sinta-se em casa, pois somos como uma família – sorriu e logo em seguida saiu, enquanto observava Bonner, sair de dentro da sala com o humor bem diferente do que havia entrado, sinal de que estava resolvido.

Ambas as pessoas caminharam em direção a bancada do Jornal Nacional, e sentando-se cada uma em suas respectivas cadeiras, Renata perguntou:

- Está tudo bem agora? – olhou para Bonner, que girou para encará-la com um sorriso.

- Sim. Não vou ficar, não acho justo.

- Foi o que eu imaginei – sorriu.

- Gente, 3 segundos! – gritou um dos técnicos de som.

Os testes começaram e ambos fizeram perfeitamente cada ação retribuída a eles, finalizando com êxito o teste do dia, agora, Renata, ficaria de plantão, caso algo acontecesse.

Prestes a sair da bancada e deixar Renata, Bonner, viu ao longe um homem que não havia visto antes, se aproximar da bancada e entregar alguns papeis a sua parceira de bancada, e percebeu que ele estava com um imenso sorriso no rosto ao estar fazendo isso. Sentindo um certo incômodo ao ver a cena, Bonner, não saiu de sua cadeira até que o desconhecido fosse embora.

- Cadê a Fernanda?

- Ela precisou sair e eu pedir para entregar, mas já estou indo embora – falou sorrindo e se despediu.

Renata, não havia percebido a reação de seu parceiro e namorado, focando suas atenções em folhear as folhar em sua frente, enquanto Bonner, franzia a testa ao perceber que o homem em questão, parou alguns segundos na porta e ficou apenas observando a mulher antes de finalmente sair, o deixando visivelmente incomodado.

A jornalista, parou de analisar os papeis e quando olhou para o lado, viu Bonner, parado e olhando para a porta e estranhou ele ainda estar ali.

- Pensei que já havia ido – sorriu.

Bonner, voltou suas atenções a ela e sem demonstrar que estava da forma que estava, sorriu e disse

- Eu já estou indo. Bom trabalho, meu amor – sussurrou.

- Obrigada – sussurrou e o viu sair.

As horas foram passando e Renata, havia entrado apenas uma vez ao vivo, mas foi para anunciar o jornal, voltando a fazer suas outras tarefas como de costume e entre suas idas e vindas, se deparava com Antônio, e apenas sorria para ele e continuava seu caminho. E entre suas várias andanças pelos estúdios e corredores da emissora, terminou sua última visita na sala de Bonner, e assim que entrou, caminhou até um sofá que havia rente a parede e se sentou, sendo apenas analisada por ele, que sorria.

- Tem mais alguma coisa? – perguntou enquanto esticava as duas pernas em visível sinal de cansaço.

- Não que eu me lembre – falou o homem que terminou de assinar uma documentação e em seguida, se levantou, indo até a mulher e se ajoelhando em sua frente, tirando seus saltos e começando a fazer massagens em cada um dos pés.

- Obrigada – fechou os olhos em sinal de alívio.

Um som veio da porta e ao olhar, Bonner, viu Fernanda, e ela estava com alguns papéis em mãos.

- Oi, Fê – disse Bonner, com um sorriso.

- Oi, Bonner. Não quero atrapalhar.

- Não atrapalha nada, Fernanda – disse Renata, também com um sorriso.

- Vim lhe entregar os últimos papéis que faltavam – entrou na sala e caminhando até as duas pessoas, entregou os papéis a sua chefe.

- Obrigada, só faltavam esses e fim – ergueu as mãos em sinal de vitória.

- Sim. E estão ai. Com licença, gente – se despediu, tentando sair o mais rápido possível para dar privacidade as duas pessoas.

- Tchau, Fê.

A mulher saiu, e assim que fechou a porta, Bonner, apertou com um pouco de força uma parte do pé de Renata, ao perceber que havia uma tensão maior, o que causou um pouco de dor na jornalista que fez uma careta.

- Desculpe.

- Tá tudo bem – sorriu.

As horas foram passando e estava próximo o momento de apresentar o Jornal Nacional.

Se arrumando em seu camarim, Renata, estava em frente ao mesmo espelho usando um paletó preto, calça de alfaiataria preta, cabelos escovados, delineador nos olhos e um batom rosa claro e quase imperceptível nos lábios, e olhando para o relógio, percebeu que estava na hora de ir.

A mulher, abriu a porta e começou a trilhar seu caminho até a bancada e quando estava se aproximando, viu Antônio, caminhando em sua direção com alguns papéis.

- Não me diz que é pra mim?

- Não – riu o homem e não pôde deixar de perceber que a mulher em sua frente, estava alguns centímetros maior que ele, devido ao salto e isso o fez analisa-la dos pés a cabeça sem que a mesma percebesse.

- Que bom – riu para ele – Até, Antônio.

- Bom jornal, Renata.

- Obrigada.

A mulher começou a caminhar na direção contrária a que o homem iria, não sendo possível ela ver que ele havia ficado parado ali, até vê-la desaparecer.

Entrando no cenário, Renata, cumprimento a todos e viu Bonner, de pé atrás da bancada colocando a gravata, e foi até ele.

Sentando-se em sua cadeira, ela viu uma estagiária se aproximar com um celular em mãos e já começando a se acostumar com as fotos que ambos batiam antes do Jornal começar, Renata, chamou Bonner.

- Momento da foto.

O homem, que segurava a caixinha do microfone na mãos, olhou para a moça e sorriu, mas no mesmo instante, escutou o som da porta abrir e Antônio, entrar, se posicionando em um canto da sala, apenas observando Renata, com um olhar apaixonado, fazendo o sorriso de Bonner, se esvair rapidamente.

A foto foi batida e ela demonstrava perfeitamente o incômodo que a presença de Antônio, causava em Bonner, mesmo sem saber que ele já havia sido namorado de Renata, e a simples forma que ele olhava para ela, já era suficiente para mudar o humor de William Bonner.

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