Surpresa

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DOMINGO – DEZEMBRO 2014

Enormes telões de led, que ocupavam cerca de 10 metros do imenso estúdio da emissora, haviam sido implantados no novo cenário do Jornal Nacional, lançado no começo de dezembro de 2014, além de uma bancada em vidro transparente e acabamento minimalista. Um telão existia no lado esquerdo da bancada e nele seria possível a interação entre os jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos, com outros jornalistas de diferentes partes do país e do mundo, além de uma ampla área que permitia as duas pessoas de andarem pelo espaço, tornando essa reforma histórica, pois em nenhuma das antecessores a esta, os jornalistas do Jornal Nacional, saiam de trás da bancada e caminhavam pelo cenário.

Renata, estava em sua casa no interior do Rio de Janeiro, para aproveitar suas primeiras férias como âncora do Jornal Nacional, logo após o lançamento do novo cenário, e no decorrer desses dias, recebia mensagens de Bonner, que lhe mantinha atualizada com fotos e vídeos, de seus dias de trabalho na nova casa e desde então, longas conversas entre ambas as pessoas aconteciam, conversas essas que muitas vezes, varavam a madrugada, os deixando mais próximos.

Tentando levantar da cama para tomar seu banho, arrumar suas malas e voltar ao caos da cidade grande, Renata, se viu presa em uma imagem que havia batido com Bonner, um dia antes de sair de férias, e um sorriso imenso surgiu em seu rosto ao pensar que em algumas horas o veria novamente.

Na imagem ela segurava o próprio aparelho celular em selfie, e com um sorriso enorme, óculos de grau, paletó preto e com Bonner, colado em seu ombro com o celular em mãos, fazendo uma incrível foto da selfie, a imagem foi a primeira que fez por conta própria e a que deixava em evidência seu carinho e amor pelo jornalista, que estava ao seu lado todos ao dias e que lhe encorajou a se separar de Miguel, lhe defendendo do mesmo, quando tentou forçar uma reconciliação. Renata, ficou analisando a imagem e lembrando de quantas vezes ele a pegou de surpresa em seu camarim e com um beijo a assustava, mas não passavam disso, tornando a amizade deles além de simples olhares e apertos de mão.

A mulher se levantou, indo ao banheiro para fazer sua higiene e logo em seguida, tomaria seu café da manhã, arrumaria suas malas e voltaria. Esse era o plano organizado por ela no dia anterior, aproveitando seus últimos dias na natureza que rodeava sua enorme e elegante casa de campo no interior do Rio de Janeiro, mas para a sua surpresa, não foi o que aconteceu.

Um som veio da porta e a mulher estranhou e deduzindo ser Lanza, pegou seu celular, verificando se havia mensagens, mas nada foi encontrado.

- Quem será?

Caminhando até a porta e ao abri-la, se deparou com seu parceiro de bancada, parado em sua frente, usando uma camisa branca, calça jeans azul, óculos de sol e segurando uma belíssima cesta de capim dourado em uma mão e flores em outra.

- Sua irmã me passou o endereço e... – entregou as flores a ela -... me perdi 2 vezes, mas consegui achar – riu.

Renata, não conseguia falar nada, pois estava surpresa em vê-lo ali, além de estar muito feliz e confusa, apenas saindo de frente da porta para que o homem entrasse.

- Fiz mal em vir? – disse ele ao perceber que ela não falava nada.

- Não! – falou finalmente – É que... eu estou bem surpresa! – riu

- Comigo ou com as flores?

- Com tudo – riu e fechou a porta percebendo o homem colocar a cesta sobre a mesa – Você falou com a minha irmã? Por que não pediu para mim o endereço?

- Porque não iria existir essa surpresa! – riu e percebeu que a mulher estava com um roupão e toalha no cabelo.

- Uma baita surpresa – riu – Fique a vontade. Eu estava indo arrumar as malas.

- Eu sei, por isso que estou aqui.

- Volto amanhã. Por isso minha surpresa – riu enquanto caminhava até a cesta.

- Sua irmã me disse – caminhou até a mulher.

- Minha irmã! Como você chegou a ela? – olhou curiosa.

- Digamos que não é muito difícil de achá-la – riu – Vocês são assustadoramente parecidas. Incrível!

Renata, riu. A semelhança entre ela e sua irmã, Lanza, sempre causava espanto em que as conhecia pessoalmente, mesmo estando separadas e por muitas vezes, Lanza, foi confundida com Renata e passou por saias justas, tentando explicar que não era sua irmã, mas acabava causando uma má impressão da jornalista, muitas vezes cotada com antipática.

- Bom! O que vamos fazer? Temos 24 horas. Pois, sinceramente? Não faço ideia! – disse Renata, enquanto segurava o riso e comia um pedaço de goiabada que estava dentro da cesta.

O homem levou uma das mãos ao queixo em sinal de estar pensando em algo.

- Bom! Não temos 24 horas, e sim 48 horas! O que você acha que podemos fazer em 48 horas, neste paraíso?

- 48 horas?

- Eu posso ter avisado que você chegaria no dia seguinte... – foi se aproximando da mulher -... pois você me avisou que não estava se sentindo bem! – puxou lentamente a fita do roupão, desfazendo o nó que o prendia, soltando segundos depois – Mas se você preferir, podemos voltar amanhã! – sorriu.

A mulher apenas olhava para o homem em sua frente e mordia os próprios lábios em imaginar o que ambos poderiam fazer em 48 horas, em sua casa de campo.

- Você está usando sua influência a seu favor?

- Só estou ficando perto de alguém que me faz bem - sorriu e recebeu um sorriso de volta.

Eram Apenas Selfies IOnde histórias criam vida. Descubra agora