Acredita em mim agora? || Cap 32

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Enrugo o nariz ao despertar com vários "lambeijos". Abro o olho devagar e vejo Beethoven em cima de mim. Seu rostinho é iluminado pelo sol que invade as janelas do quarto de Oliver.

Seguro o filhote nas mãos e beijo seu rostinho. Ele desce da cama e corre para fora do quarto, só então me dou conta que:
1° eu estou no quarto de Oliver;
2°Oliver não se encontra em lugar nenhum do cômodo.

Passo minhas mãos pelo cabelo e o prendo em um coque frouxo. As roupas que uso ainda são as mesmas que Williams me emprestou. Elas ficaram praticamente triplo do meu tamanho, mas nem por isso irei devolver.

Levanto da cama e ando a passos preguiçosos até o banheiro do quarto. Quando entro, logo vejo uma escova de dente nova e um bilhete dizendo que eu posso usá-la. Respirando fundo, tomo coragem para enfrentar meu reflexo.

Por um milagre, eu acordei apresentável.

Faço minha higiene bucal e desmancho o coque que havia feito. As ondas que ontem estavam soltas, hoje estão cheias de frizz e boa parte delas sem definição. Por esse motivo renovo o penteado que fiz ao acordar.

Tomo um susto ao olhar a porta do banheiro. Encontro Beethoven com meio palmo de língua para fora da boca e os pequenos olhinhos brilhando. Perto dele há uma bolinha, ele alterna o olhar entre mim e essa bola.

— Não está cedo pro senhor querer brincar? — me aproximo dele e pego a bolinha e jogo para fora do banheiro.

O filhote corre até ela e a pega. Ele estava prestes a me entregar o brinquedo, quando ouvimos algo barulhento vindo de fora do quarto.

— Será que seu pai está bem, meu príncipe? — carrego o cachorro no colo e ando para fora do quarto.

Chegando na cozinha, não consigo conter a atitude da minha testa que se enruga. Oliver está de costas para mim sem camisa, apenas usando uma calça de moletom. Ele é ágil em fazer algo no fogão. Mas não percebe quando a cafeteira começa a vazar.

É então aí que eu entro. Desliguei a máquina e me encostei na bancada da sua cozinha.

— Bom dia — minha voz sai rouca. É impossível não pensar em minhas unhas nos braços estruturados de Oliver. Também sou incapaz de conter o calor que cresce dentro de mim, e é emanado para cada parte do meu corpo. Inclusive o meio das minhas pernas. As costas de Oliver se flexionam ao virar o rosto para mim. — O que você está fazendo?

Ele sorri, um dos seus sorrisos que são capazes de te deixar exposta, sem nem mesmo estar despida. Ergo as sobrancelhas.

— Estou tentando fazer o café da manhã.

Abro um sorriso largo ao escutar a palavra que Oliver acabou de reproduzir. Não sei de onde ele tirou a ideia de fazer café da manhã, mas isso é absurdamente fofo.

— Você está fazendo café da manhã? Você? — me aproximo dele e olho de relance para o fogão. Nele há uma panela com algumas batatas doces cozinhando e uma frigideira com ovos e bacon frito. — Uau. Masterchef está perdendo você.

Oliver passa a língua por entre seus lábios e sorri. Filho da puta.

Um tremendo filho da puta!

Como que com apenas um gesto, Oliver conseguiu me tirar do eixo? Filho da puta.

— O que posso fazer, sou um bom cozinheiro.

Ouço sua voz, mas acho que meus sentidos estão concentrados nele.
Seus ombros largos, braços esculpidos que flexionam ao segurar dois pratos; seus olhos castanhos, que te levam ao paraíso só por encarar… Oliver inteiramente consegue te levar ao paraíso.

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