Patinação|| Cap 35

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Meu celular não para de vibrar, e estou no meio da aula.

Preciso fingir que não é meu aparelho, para evitar que meu professor comece seu discurso de compromisso com a faculdade de medicina e de como a falta de atenção na aula pode acarretar uma morte de um paciente. Não discordo, mesmo assim é irritante passar trinta minutos ouvindo esporro de um professor.

Fora que a faculdade tem regulamentos claros sobre o uso do aparelho em sala de aula, mesmo que a maioria dos alunos descumpre essas regras.
Também esquecem que muitos médicos depois que se formam praticam a medicina pelo dinheiro e prestígio.

Podendo me complicar, retiro o meu celular da mochila de forma mais escondida possível e coloco sob a mesa, de forma que eu possa prestar atenção na tela sem precisar fingir muito.

São mensagens de Oliver, eu poderia ignorar ele, mas uma mensagem me faz elevar as sobrancelhas.

Oliver: Quer sair comigo hoje depois das suas aulas?
Oliver: É sério, você vai gostar.

Eu: Oliver, eu estou em aula, meu amor. Não poderia me ligar daqui a alguns minutos?

Oliver: Pode responder minha pergunta por favor?

Eu: Não sei se estou no clima para sair hoje.
Eu: Não quer deixar para amanhã?

Oliver: Oportunidade única, linda.
Oliver: Vai aceitar?

Respiro fundo e dou uma olhadinha ao meu redor.

Eu: Tá bom. Agora vou precisar assistir à minha aula.
Eu: Beijos.

Antes que eu guarde meu celular novamente, vejo mais uma mensagem dele.

Oliver: Que horas você vai sair?

Eu: Não sei, Oliver. Quando eu sair eu te aviso.
Eu: Vai treinar seus passes para o próximo jogo, menino e me deixa estudar!

Oliver: Calma!
Oliver: Antes que você desligue o celular, me diga o quanto você calça?

Eu: Qual o motivo para você querer saber quanto eu calço?

Oliver: Fala logo, KitKat.

Eu: 38.

Oliver: Pé de lancha.
Oliver: Linda da cabeça à canela. Os pés são meio estranhos.

Abafo um riso.

Eu: Vá se fuder, Williams.
Eu: Idiota

Oliver: Te vejo mais tarde, linda.

Eu: Tchau

O resto do dia foi resumido em aulas, café, sono, se repetindo como um ciclo, e quando finalmente a última aula acaba agradeço a Deus. Corro até a cafeteira da faculdade para comprar um café e respirar o ar fresco.

Como já esperava, Oliver se encontra me esperando no estacionamento do campus, por sorte não vim de carro. Acordei com preguiça de dirigir, então peguei um Uber até minha faculdade hoje pela manhã.

Ando a passos preguiçosos, minha mochila pesa nas minhas costas, causando um terrível desconforto. Porém, essa dor desaparece quando vejo um sorriso caloroso sendo destinado a mim por Oliver, e também pelo que está pendurado em uma das suas mãos.

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