O que você disse? || Cap 44

2.4K 145 16
                                    

Oliver Williams

4 meses depois…

— Williams — O treinador grita na minha frente. Ele tem uma expressão séria, diferente da que ele usava a minutos antes quando fazia o discurso para entrarmos no gelo.

Já sabendo do  que se trata, me aproximo dele.

— É melhor você ir bem nessa partida, Oliver, caso contrário terei de tirar você do seu posto atual. Três meses sem ganharmos um jogo, viemos de uma temporada excelente e agora só empatamos e perdendo  jogos. — ele arruma o boné que usa e bate com a mão no meu peito. — Ganhe essa partida, garoto!

Saio do vestiário e logo a onda de gritos dos torcedores me atinge. Assim que piso no gelo ouço os torcedores do Boston College comemorar minha chegada, olhos em volta a procurando, como fiz em todas as partidas desde tudo, e até hoje não a vejo.

Fecho os olhos e volto a minha concentração no gelo.
Enquanto a multidão aplaude e comemora, um peso paira sobre meus ombros. Eu não posso deixar de pensar na mulher que não está lá para testemunhar minha conquista. O vazio em meu peito é amplificado pela lembrança do momento em que a decepcionei, quando fugi dela em vez de enfrentar meus próprios medos e inseguranças.

Apesar de minha vitória no jogo, sei que não posso escapar das consequências de minhas ações. A raiva dela, justificada por minha covardia, corta mais fundo do que qualquer derrota no gelo. Eu tentei me desculpar, tentando conversar com ela, mas ela se recusou a me perdoar.

Enquanto a celebração continua ao meu redor, eu me encontro em um estado de conflito interno. Eu ganhei a partida, mas perdi algo muito mais precioso. A cicatriz de nossas palavras não ditas e decisões erradas permanece, uma lembrança constante de que, às vezes, a maior batalha não é no gelo, mas dentro de nós mesmos.

Toda essa comemoração está me deixando sem ar e sem forças, gostaria de ter ela entre meus abraços agora, gostaria de beijar seus lábios neste momento. Mas eu fui um completo babaca e estou pagando o preço disso.

A fim de fugir dos meus colegas, do meu treinador, vou em direção ao vestiário e tento ser o mais rápido possível para sair do estádio. Ando em direção ao meu carro no estacionamento e por um vislumbre vejo ela encostada no seu carro, o vento sopra seus cabelos um pouco mais curto do que meses atrás. Ela olha para os pequenos flocos de neve que caem pela cidade, manchando- a de branco.

Katherine parece perdida nos seus pensamentos e eu estou perdido nela.

Tomando coragem caminho em sua direção, consigo sentir que ela sabe que estou indo na sua direção, mesmo que antes eu tenha feito o contrário. Chegando perto dela, seu aroma adocicado invade meus sentidos deixando meu coração pesado.

Eu sinto tanta falta do seu cheiro, dos seus sorrisos… eu sinto falta dela.
E sinto raiva de mim.

— Oi — comprimento baixo, mas o suficiente para ela escutar.

Observo seu corpo enrijecer e sua garganta se movimentar.

— Oi!

É tudo que ela diz e eu não esperava mais do que isso.

Sinto uma mistura de nervosismo e um pouco de esperança. Travo uma luta comigo mesmo para encontrar as palavras certas para tentar continuar essa conversa.

Me sinto em um precipício com incerteza, culpa, medo, ansiedade me encurralando de todos os lados. Não consigo olhar para ela e não lembrar do dia que eu fugi igual a um pai despreparado enquanto ela se declarava para mim.

𝐅𝐀𝐂𝐄 𝐎𝐅𝐅Onde histórias criam vida. Descubra agora