| Capítulo Dez |

146 20 3
                                    

Nacional City, 06 de Fevereiro de 2016

O primeiro som que ouvira no dia foi o de sua campainha tocando sem parar, e nem ao menos precisou de sua super audição para se sentir incomodada com o barulho estridente.

Se levantou sem muita vontade, indo até a cozinha e usou a visão de raio-x para ver quem estava em sua porta. Rolou os olhos ao ver Mon-El parado ali, ele tinha flores em uma das mãos e na outra, um pacote de sua padaria favorita. Danvers nem precisava de super poderes para saber o que havia ali dentro.

O ignorou totalmente, depois da cena nada agradável da noite anterior, Kara se trancou no quarto e lá permaneceu até o dia clarear.

Bebeu apenas um pouco de suco, era como se sua campainha não estivesse tocando de maneira insistente. Até que ele cansou de tocar e pôs-se a bater na porta.

— Kara, eu sei que você está aí! Abre a porta, eu te trouxe aqueles donuts que você adora! – Tentou.

Sabia! – Pensou ela.

Mas se ele pensava mesmo que poderia subornar a loira com comida, ele estava muito enganado.

Voltou ao quarto e tomou um banho rápido, ainda tinha que pensar em como se desculpar com Lena pelo fiasco da noite passada. Se sentia culpada porque sabia que Luthor não tinha o costume de se relacionar com pessoas desconhecidas, e mesmo assim, Kara insistiu para que fosse, prometendo que seria divertido.

Sentia que havia falhado com ela, dado à Lena mais um motivo para se afastar do resto do mundo e se isolar novamente. Não, isso não poderia acontecer de jeito nenhum!

Se vestiu com uma calça jeans, uma blusa azul e um blazer por cima apenas para compor o figurino. Foi até a porta, olhando através da madeira e respirou aliviada ao ver que ele já não estava mais lá.

O dia de passou com uma rapidez fora do comum, e em um piscar de olhos, o expediente já havia terminado. Kara tremeu um pouco, não dava mais para fugir.

Ainda não sabia o que diria, mas precisava ir até lá, mesmo que fosse apenas para saber como ela estava.

Adentrou a L-Corp a passos cautelosos, deu um sorriso nervoso a secretária de Lena, que nem ao menos a anunciou e permitiu sua entrada.

Deu duas batidas na porta antes de entrar. Prendeu a respiração, erguendo o olhar para encontrá-la e sua garganta secou. Lena estava extremamente linda!

Usava um vestido vermelho, os cabelos soltos jogados apenas para um dos lados e nos lábios apenas um gloss, substituindo sua marca registrada: o batom vermelho.

Se antes já não sabia o que dizer, agora Kara já nem sabia como respirar.

Seus olhares se cruzaram e Danvers sentiu como se a bolha em que estivesse acabasse de ter sido furada. Ela estava diferente...

— Oi! – Cumprimentou cautelosa, se aproximando poucos passos. – Vim saber como está.

— Com bastante trabalho, tirando isso, está tudo perfeitamente bem.

Ela sabia que não estava tudo bem, sua voz já não tinha o mesmo tom animado de sempre quando se encontravam, seus olhos não tinham o brilho intenso que Kara notara desde que se viram pela primeira vez. Não tem nada bem!

— Lena... – Suspirou, decidida a não mais pisar em ovos. – Olha, eu sinto muito mesmo por ontem. Eu não sei o que deu nele...

— Você não precisa se explicar, Kara.

— Mas eu quero! Eu confesso que ensaiei essa conversa na minha cabeça centenas de vezes durante o dia inteiro, mas nada do que eu pensava em dizer parecia o certo, então eu vou sim explicar para que você entenda o que aconteceu.

Lena suspirou, sabia bem o que havia acontecido, ela não era bem-vinda e isso já não lhe surpreendia como antes, já estava mais que acostumada com aquele tipo de reação das pessoas.

— Tudo bem... – Deixou os contratos que assinava de lado e se levantou, conduzindo a loira até o sofá. – Bebida?

— Não, obrigada. – Estava nervosa, não queria que a reação imatura de Mon-El afastasse as duas, não quando Kara descobriu o quanto gosta de passar um tempo com ela.

Observou-a se servir com uma dose de whisky, com uma graciosidade incomum a um ser humano normal. Ela parecia um ser de outro planeta, e Kara tinha total direito de pensar assim, já que ela mesma viera de outro planeta.

Todos os seus movimentos eram graciosos, até mesmo a forma que andava até o sofá com o copo entre as mãos era fascinante para Kara.

Luthor se sentou ao seu lado, lhe dando total atenção e antes de dizer qualquer coisa, tomou um longo gole do whisky, suspirando cansada.

— Vá em frente, sou toda ouvidos.

Danvers se sentiu mais nervosa do que estivera o dia todo, e se mesmo com a conversa, as coisas ficassem estranhas entre elas? E se Lena não quisesse mais vê-la?

— Mon-El e eu éramos namorados... – Iniciou um pouco incerta.

— Eram?

— Sim, eu achava que tinha encontrado o amor da minha vida, ele era a parte mais feliz do meu dia. – Sorriu melancólica ao se lembrar de como tudo era antes de ele decidir a abandonar. – Mas a mãe dele, que todos achavam estar morta, reapareceu e decidiu levá-lo embora com ela.

— Quantos anos ele tem? Doze? Essa mulher não pode simplesmente obrigar o filho a deixar tudo para trás. – A filha de Alura sorriu, afinal, Lena tinha os mesmos pensamentos que ela teve na semana do ocorrido.

— Eu tentei dizer isso a ele, tentei de tudo para fazê-lo ficar, mas não adiantou. Ele foi embora...

— Oh, Kara... Eu sinto muito. – A expressão de pesar era evidente e Danvers se sentiu um pouco melhor em dividir aquilo com a amiga.

— A despedida foi a parte mais difícil, foi triste e eu sentia o meu coração se quebrar em milhões de pedaços enquanto o assistia ir embora... – Respirou fundo, não iria chorar por ele, de novo não!

— Mas então, o que aconteceu?

— Ele voltou de repente, agindo como se nada tivesse acontecido. Achava que nosso relacionamento estaria esperando por ele, mas a verdade é que...

— Não estava. Você já estava conformada de que não o veria de novo, por isso, para você o namoro tinha acabado.

— Exatamente! Mas parece que ele não pensa tão claramente quando nós. Eu estava o evitando o dia inteiro, eu juro que nem mesmo o convidei para a noite de jogos, mas ele só... Apareceu!

— Tudo bem, agora tudo faz sentido. – Riu, virando o restante do whisky e deixou o copo de lado, passando a ponta da língua entre os lábios.

Foi um ato inocente e quase imperceptível, mas Kara estranhamente sentiu seu corpo esquentar com uma coisa tão simples assim.

— Eu deveria ter mandado ele embora, era pra ter sido ele e não você.

— Queria mesmo que eu tivesse ficado lá, mesmo com uma chance enorme de gerar uma briga ainda maior com seu namorado? Ou ex namorado... Eu ainda não compreendi essa parte. – Riu.

— Eu queria, mais do que tudo, que você ficasse.

STAY | Supercorp/KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora