| Capítulo Vinte e Um |

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Nacional City, 29 de Fevereiro de 2016

Lena estava se sentindo perdida, após o inesperado beijo com Kara, sua mente estava cheia de conflitos e confusões. A amizade que construíram ao longo do pouco tempo que se conheciam já havia se tornado uma das coisas mais preciosas em sua vida, e tinha medo de estragá-la.

Desde aquela noite, Lena havia evitado encontrar Kara a qualquer custo. Suas desculpas eram variadas e muitas vezes esfarrapadas, mas Kara parecia entender, mesmo que suas mensagens expressassem tristeza e confusão.

Luthor se encontrava em sua sala na L-Corp, encarando uma foto que a repórter e ela haviam tirado na noite das garotas, elas tinham um sorriso genuíno enfeitando seus rostos. Era um lembrete constante da amizade que tinham e da conexão que compartilhavam. Mas agora, Lena sentia que essa conexão estava em perigo.

Ela sabia que não podia continuar evitando Kara indefinidamente, a distância que estava colocando entre elas estava machucando as duas, e a morena não podia suportar isso por muito mais tempo.

Decidiu tomar uma decisão. Pegou o celular e enviou uma mensagem para Kara, pedindo para se encontrarem em um lugar que era especial para ambas: a lanchonete Noonan's, que era a favorita das duas. Danvers respondeu imediatamente, concordando com o encontro.

Naquela tarde, Lena foi até a lanchonete, o vento frio balançava seus cabelos com força. Kara estava lá, esperando, com um olhar misto de apreensão e alívio quando Luthor apareceu.

Elas se sentaram uma em frente à outra, o silêncio pairando no ar. Finalmente, Lena tomou coragem e quebrou o silêncio.

— Kara, eu sinto muito por ter sumido por tanto tempo, o trabalho exigiu bastante de mim nos últimos dias.

Danvers notou que ela não falava a verdade, ou pelo menos, não dizia parte dela, desde que haviam se conhecido, Lena sempre conversou a olhando nos olhos, e agora, ela não conseguia manter um contato visual por mais de cinco segundos.

— Você não precisa me explicar nada, Lena. Só é muito bom ver que você está bem e que está de volta. – Como queria segurar em sua mão sobre a mesa, sentir que ela estava de volta em todos os sentidos, mas a kriptoniana sabia que não era verdade, apesar de estar bem diante dela, nunca se sentira tão distante de Luthor. – Por que está me evitando?

— O que? – Sorriu. Ela estava nervosa, a alien podia ouvir seu coração bater mais rápido. – Eu não estou evitando você, só estava com muito trabalho. – Tentou não apenas convencer a loira, mas a si mesma também.

— Você nem olha nos meus olhos, Lena! – E então ela o fez, a olhou nos olhos. – O que está acontecendo?

— Tem razão... – Admitiu, engolindo em seco. – Me desculpe por estar evitando você, mas eu não consigo parar de pensar no que aconteceu na minha casa naquela noite... Eu não quero que a nossa amizade seja afetada, mas ao mesmo tempo, eu não sei como lidar com o que aconteceu entre nós.

— Por que não conversou comigo? Me afastar não era a resposta certa, isso sim afetou a nossa amizade...

— Eu sei! – A interrompeu. – Eu sei disso, eu achei que estava fazendo o certo ao tentar preservar a relação amigável que nós temos, mas escolhi o jeito errado de fazer isso e eu peço desculpas. – A olhou, seus olhos estavam marejados, mas permaneceu firme para dizer a Kara o que precisava. – Não é muito comum que eu tenha pessoas do meu lado, seja no sentido amoroso, ou apenas no círculo de amizade... As coisas geralmente acabam muito mal para mim, e você é tão importante na minha vida, Kara... Eu só não quero que as coisas fiquem estranhas entre nós.

— Eu também não quero, é por isso que temos que conversar sempre que alguma coisa ameaçar a nossa amizade. Lena, você é minha melhor amiga, o que aconteceu não foi o fim do mundo e nós podemos resolver tudo se não escondermos nada uma da outra.

— Naquela noite eu não sei o que deu em mim, agi por impulso e não pensei nas consequências. Mas enquanto estávamos ali, eu percebi que quero muito mais do que ser sua melhor amiga.

As mãos da repórter suaram, seu coração acelerou e a garganta secou. Teve que beber um gole da água que pediu enquanto esperava pela chegada da morena. Ela não esperava por isso, nem mesmo sabia reagir de tão nervosa.

— O q-quê?!

— Eu percebi que gosto de você, tipo, gosto mesmo de você. Pode parecer precipitado, ou uma loucura sem tamanho, até porque a gente se conhece há pouco tempo, mas é isso.

E tomando uma coragem que não saberia explicar de onde veio, a kriptoniana respondeu:

— Eu também gosto de você, Lena... Eu me encantei no momento em que te vi pela primeira vez. – Lena sorriu e Kara sentiu o coração errar as batidas, como sentiu falta daquele sorriso! – Eu sei que isso é um típico clichê de filme de romance, mas é verdade, você me ganhou com esse seu jeitinho fofo e gentil.

Ergueu a mão sobre a mesa, recebendo a dela imediatamente e notou que ela também suava. Ela também estava nervosa com tudo aquilo.

— Acho que entendemos aquela conexão instantânea do jeito errado, mas mesmo assim, no fim de tudo, está começando a dar certo.

Seus corações batiam em perfeita sintonia, o sorriso não saía dos lábios da repórter e a empresária não estava muito diferente naquele momento.

— Temos todo o tempo do mundo para começarmos a entender o jeito certo. – Suspirou aliviada, não aguentaria ficar mais tempo longe dela, e agora as coisas mudariam, mas para melhor. – Hoje é a noite do taco na minha casa, seria ótimo se você fosse.

— Está me convidando, ou sugerindo que eu vá? – Riu.

— Estou exigindo a sua presença lá, fiquei muito tempo sem te ver, agora vai ter que me aturar e muito até que eu mate minha saudade.

— Eu vou adorar, Kara.

Danvers pagou pela água, nem mesmo pediram nada para comer, estavam felizes demais, animadas demais, excitadas demais para sequer pensarem naquilo.

— O que acontece agora? Digo, o que acontece com nós duas?

— Vamos só deixar rolar e ver o que acontece, tudo bem?

— Por mim está ótimo!

Saíram lado a lado da lanchonete, caminha do pela rua e Kara a acompanhou até seu prédio, mesmo Lena dizendo que não precisava.

— Obrigada por me acompanhar e por entender o que aconteceu.

— Só promete que quando precisar de tempo e espaço, vai conversar comigo sobre isso antes, ok?

— Eu prometo. – Estendeu o mindinho e Kara prontamente entendeu do que se tratava. Sorriu, entrelaçando seu dedo ao dela. – Prometo de dedinho. – Sorriu.

Elas se abraçaram, a repórter finalmente pôde acalmar seu coração agitado do calor dos braços dela, sentindo o cheiro de seu perfume.

Se afastaram após alguns minutos e seus olhares se encontraram. Havia um brilho intenso nos olhos das duas, e Kara resistiu a vontade de beijá-la ali mesmo.

— Lena... Não foge de mim outra vez, por favor...

— Eu não vou a lugar algum, Kara!

STAY | Supercorp/KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora